PROFESSOR EDUARDO FONSECA ( Advogado e escritor)
Para começar este texto, relembro os versos da famosa
marchinha:
“Este ano o carnaval não vai ser igual aquele que passou”…
”porque este ano está combinado/nós vamos brincar separados”.
SIM! É o que vai acontecer quando mais uma vez a sociedade paga, pela
fraqueza do governo em se curvar diante da bandidagem. Membros do
governo municipal disseram que não pode haver as antigas “batalhas de
confetes” por falta se segurança. A Polícia não pode garantir a
segurança dos brincantes. Essa foi a justificativa de membros da
Secretaria de Cultura de Santarém. Membros, diga-se de passagem, não
ligados, nem chegados à carnaval, e o pior, nem chegados à cultura
santarena, já que são todos de foram e, pasmem! Ouvi alguns membros
dali, contratando lancha, para passar o carnaval na vizinha cidade de
Óbidos. Vejam só!?
Membros da administração da Secretaria de Cultura de Santarém vão
passar a “quadra momesca” em Óbidos. Então, tem que dificultar a
realização do nosso animado carnaval de outrora, por essa desculpa ,
“furreca” para enganar alguns brincantes, mas a segurança é garantida
para os dias de brincadeiras de “Alter do Chão” e as brincadeiras
realizadas no Parque e na Orla, antes do dito desfile oficial.
Alegaram que até o dinheiro que iriam gastar nas batalhas de confetes
seriam doados para os blocos, além da ajuda financeira prometida pela
Prefeitura. Eu entendo isso, de outra forma, “compraram alguns blocos”,
pois a LIBES (LIGA INDEPENDENDENTE DE BLOCOS DE EMPOLGAÇÃO DE SANTARÉM)
está realizando umas duas batalhas com outro nome, como tudo nos tempos
atuais, mudam os nomes das coisas que já existiam. Mas mesmo assim, vale
a permanência, para esse segmento da nossa Cultura, e olhem que tem
muita gente que acha que carnaval não é cultura, até mesmo membros da
Secretaria de Cultura. E acham, também, que não movimenta o nosso
comércio ou emprega muita gente. Veja só alguns que trabalham e ganham
dinheiro no carnaval: o comércio da lantejoula, purpurina ao compensado,
parafuso e vergalhão. Os pintores, costureiras, artesãos, braçais,
cozinheiras, taxista, vendedor de churrasquinho de gato, de cerveja,
tacacazeira, e o governo gasta milhões de reais em camisinhas e
movimenta hotéis e os motéis. Mas os que não gostam do carnaval só
lembram da bandidagem.
A própria Prefeitura Municipal de Santarém, em anos atrás, com a sua
Secretaria de Cultura, acabou com os grandes bailes carnavalescos que se
realizavam em Santarém. Na segunda-feira de carnaval, principalmente,
era o do Iate Clube, o “Baile da Jangada” no Atlético Cearense, no São
Raimundo Esporte Clube, no Signus Clube, no Veterano e o “Baile e dos
Quadrados” no Fluminense. Porque massificou a população com uma grande
mídia, levando-os para o carnaval na vila de Alter do Chão.
E hoje, é o que a turma mais nova acha que o carnaval de Santarém
sempre foi isso que está aí. Como tudo na vida, bom para uns e ruim para
outros.
Este ano, o tradicional “Baile dos Quadrados” do Fluminense vai ser
realizado. Com convites para os frequentadores, diretores, ex-atletas e
atletas do Fluminense, como fora outrora, por duas razões.
Uma para evitar a entrada de pessoas que querem bagunçar, e diminuir o
número de seguranças. Dois, fazer um verdadeiro carnaval da saudade,
com muitas marchinhas, como: “
Varre, varre, vassourinha”, “
Máscara
negra,” e a marchinha criada pelo saudoso ‘MIMI PAIXÃO’: “
Lá Vai a
Pomba/LÁ VAI A Pomba/mulher bonita de mim não zomba/ e assim”, sem
homofobia, “
Chegou Juvenal na passarela, ninguém sabe se ele/ninguém
sabe se ela”,
“Olha a cabeleira do Zezé/será que ele é, será que ele
é”, sem discriminação, “
Dona Eva era branca, como foi que nasceu Pelé”,
entre outros sucessos do carnaval de salão do passado. Terceiro, só não
vamos garantir a ida do bloco até a Praia, em frente à Cidade
(hoje-orla, trevo da calcinha), como nos anos anteriores, porque o rio
Tapajós, atualmente, recebe mais de sessenta saídas de esgotos, do
Mapiri até a Vila Arigó, jorrando detritos, clorofórmio fecais para lá
(comprovado por pesquisas de alunos da UFOPA), e aí estaríamos
comprometendo a saúde dos brincantes. Então, depois deste baile que foi
iniciado em 1970, quando não havia esses entraves que se tem hoje para
fazer um baile carnavalesco, será realizado depois de anos paralisado.
Então, quem perder, e não puder dançar no Clube ou na rua, até
teça-feira, só lhe resta ir para o “fuleragem” do músico, “Marreta”, na
quarta-feira de cinzas. A partir das doze horas. E aí, mesmo sendo de
dia, todos os gatos são pardos.