O jogo começou pegando fogo. Primeiro, Labilá deu um tapinha na bola cheio de plasticidade em uma pancada de fora da área de Bruno Luís. Logo na sequência, Déo Curuçá tocou para Rafael Oliveira empurrar para o fundo do gol, mas o árbitro marcou posição irregular do atacante da Pantera. Taticamente bem organizado, o Macaé optava em jogar pelos flancos.
Wanderson cruzou pela esquerda aos 17 minutos e Preto Barcarena cabeceou para fora, quase marcando um gol contra. Acuado, o São Raimundo só não levou o primeiro gol quando Bruno Luís invadiu a área e soltou uma bomba porque Labilá fechou o ângulo.
Depois de um final de primeiro tempo morno, com as duas equipes errando muitos passes, o melhor do jogo parecia ter ficado reservado para o final. Com pouco mais de um minuto do segundo tempo, Michel disparou um chute muito forte da entrada da pequena área e Lugão fez linda defesa.
Quando o São Raimundo dominava a partida, aos 15 minutos, Léo Santos aproveitou o bate-rebate na área para chutar sem chance de defesa para Labilá: 1 a 0 Macaé. O São Raimundo não se deu por vencido e aos 28 minutos, depois de um cruzamento pela esquerda desviado por Rafael Oliveira, Michel tocou para o fundo do gol: 1 a 1.
Os donos da casa ainda precisavam provar que eram merecedores do título. Isso aconteceu quando Michel encontrou Rafael Oliveira livre na área aos 31 minutos. O camisa nove tocou para o fundo do gol, mesmo pressionado pelos zagueiros adversários. A partir daí, a Pantera dominou o jogo e correu para erguer uma inédita volta olímpica.
Guerreiros exaltam a conquista
De tão simples, tão popular, o futebol surpreende, prega peças. A magia do esporte, talvez, esteja exatamente nesta mística, digamos. De um mero coadjuvante no cenário local, o São Raimundo se tornou o orgulho maior do Estado, tornou-se o campeão Brasileiro, com méritos.
Título, entretanto, precedido de um planejamento que resistiu às turbulências – como, por exemplo, a constante troca de treinadores. Quem definiu com categoria a situação foi o meio-campo Ciro, um dos atletas do elenco campeão com passagens pelos clubes da capital. “Fizemos papel de clube grande. Todo mundo tem que bater palma pra essa camisa”.
“A torcida está de parabéns. Todo mundo teve uma parcelinha de colaboração”, completou o lateral-esquerdo João Pedro, emocionado. O título sacramenta a ascensão do futebol santareno. Um gigante adormecido acordou. Sem exceção, os jogadores agradeceram o apoio da torcida. “Esse título vai ficar marcado no coração de todo mundo”, disse o zagueiro Preto Marabá.
E impressionou até quem é carioca “É muito orgulho. Encontramos muita dificuldade e tudo isso vai ficar marcado pra mim, na minha carreira”, enfatizou o meio-campo Beto.
Festa, agradecimentos e planos
Emocionado, o presidente Rosinaldo do Vale deu entrevistas e agradeceu. “Vamos festejar, é um fato inédito, histórico, eu quero agradecer a todos que nos ajudaram”, comentou mais de uma vez.
Passada um pouco a euforia, o mandatário do primeiro campeão da Série D do Brasileirão já expôs o projeto para 2010. “Já temos contato com empresário pra definir novas contratações. Em dezembro, já vamos começar. É nosso pensamento é fortalecer ainda mais porque todos vão querer tirar uma casquinha do São Raimundo”, continuou.
Lúcio Santarém, o quarto treinador da saga, fez questão de lembrar os trabalhos de seus antecessores. Desde Valter Lima, passando por Artur Oliveira e Carpegiane Sarmento. E por fim, elegeu o seu homenageado “Conseguimos a classificação e, agora, o título. Foi de fundamental importância. É uma alegria muito grande dividir com a torcida, que sempre nos apoiou. Dedico ao meu pai, que hoje (ontem), completa com dez anos de falecido. E também dedico à minha família, a todos de uma maneira geral”. (Diário do Pará)
