segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A pedagogia da intolerância

Um tema muito caro hoje aos estudiosos e pesquisadores da área de Linguística é o chamado preconceito linguístico. Tanto quanto outras formas de preconceito, ele humilha, maltrata, apequena, é obstáculo à construção da cidadania. Pode haver algo mais constrangedor do que você ser censurado, em geral impiedosamente, por “falar errado” sua falando errado ouvindoprópria língua materna?
A base dessa intolerância está na falsa crença, já enraizada no imaginário da população e, o que é mais preocupante, da maioria dos professores da área, de que há uma extraordinária homogeneidade no uso da Língua Portuguesa, o que não é verdade. A própria convivência social do dia a dia está a demonstrar que diferentes grupos fazem uso do mesmo código linguístico guiados por diversas particularidades. Essa dimensão agiganta-se quando se consideram as variedades lingüísticas dos falantes dos diversos bairros da cidade, dos municípios, mesmo dos mais próximos, de outros estados, de outras regiões, enfim, não dá para arrolar toda a riqueza de falares que coabitam sob o manto do português falado no Brasil. Nesse heterogêneo universo, a vertente culta da língua, por tradição e razões políticas, é apenas uma variedade a mais, ainda que socialmente prestigiada.