Empresa se alojou em uma área do Juá
“A gente era tachado de invasor, mas
éramos simplesmente ocupantes da área”, assim justifica o líder
comunitário Marilson Lima. Ele explica o que aconteceu: “Em setembro de
2011, quase duas mil e quinhentas famílias estavam ocupando a área, foi
quando houve uma determinação da justiça e foram retiradas”, Marilson
Lima lembra que a determinação da justiça que retirou as famílias do
local, registrava a área do igarapé do Juá como sendo de preservação
ambiental, o que motivou a retirada dos ocupantes.
Mas a lei parece não ter o mesmo efeito
para todos; enquanto os ocupantes são retirados da área, com a denúncia
de que praticavam crime ambiental, para surpresa de todos, a Construtora
Buriti ocupa o local, antes considerado de preservação, para desmatar e
anunciar construção de casas populares. “Eles devem ter negociado a
área com a família Corrêa”, diz Marilson.
Segundo a moradora da área, Margarete
Ferreira, a Construtora Buriti anuncia que vai fazer loteamento da área.
Dos 25 mil lotes que vai fazer, 30% serão doados à prefeitura de
Santarém. Os ocupantes dizem que vão continuar na área; caso a justiça
decida pela desocupação do local, eles querem que também a Construtora
sai da área de preservação, no Juá.
Sem documentos:
Moradores que foram retirados do local por três vezes e retornaram,
apesar da pressão policial e da justiça, garantem que os donos da
construtora Buriti não possuem documentos: “Alguém deve ter esquentado
documentos, com ajuda de gente grande e conseguiram vender a área para a
empresa, que vai lotear e vender para a população santarena, com
certeza a preços bem altos”, afirmou Marilson. “Se houvesse uma
fiscalização mais séria em Santarém, muitos graúdos estariam atrás das
grades”, desabafou o líder comunitário.
Revolta: O fato dos
ocupantes serem obrigados a deixar a área, pois seria de preservação, em
poucos meses a mesma área ser loteada para construção de casas
populares, é um caso que revolta os ex-ocupantes da área: “Nós vamos
convocar todos os companheiros para retornar a área, onde com certeza
pode acontecer no local o mesmo que ocorreu em Eldorado de Carajás”,
avisou Marilson, referindo-se à grande tragédia que aconteceu no Sul do
Pará.
Comunidade do Jatobá pede socorro:
Os moradores da comunidade Jatobá, localizada na rodovia Fernando
Guilhon, em Santarém, fizeram apelo às autoridades competentes, no
sentido de pelo menos melhorar o acesso à comunidade. Duzentos metros de
acesso à comunidade deveriam ser obstruídos, do contrário, os moradores
podem ficar impedidos de deixar suas casas. Quando chove, as pessoas
são obrigadas a tirar a roupa no meio do caminho para poder seguir
viagem e vestir quando chegam ao destinatário, exemplo do colono Augusto
Franco, que tem que ficar de cuecas para poder atravessar o ramal e
vestir a roupa, todas às vezes que precisar se dirigir á Santarém. Um
caso muito sério.
Por: "Carlos Cruz"