
Os maiores bancos do país fecharam um acordo que
possibilitará a expansão da rede compartilhada de terminais de autoatendimento
da rede Banco24Horas. A expectativa é que em um prazo de quatro anos parte dos
caixas eletrônicos das instituições financeiras seja substituída por terminais
que podem ser acessados por clientes de diferentes bancos.
“Isso vai garantir um aumento de eficiência e maior
capilaridade. O cliente bancário será o principal beneficiado com esse acordo”,
afirmou Jaques Rosenzvaig, diretor-geral da TecBan, companhia que administra a
rede Banco24Horas.
Segundo dados da companhia, a rede de caixas eletrônicos de
autoatendimento é de cerca de 200 mil terminais, sendo que 27 mil estão fora de
agências bancárias ou locais com acesso restrito. Desses 27 mil, quase 16 mil
já são são da rede Banco24Horas e os demais com a marca de cada banco.
Portanto, o potencial para troca é de 11 mil terminais.
“Vamos crescer onde há atratividade. Não significa que vamos
ficar em todos esses pontos. Em um ou outro local a instituição financeira pode
querer preservar o seu caixa eletrônico próprio”, explicou o executivo.
Os principais bancos do país são acionistas da TecBan
(Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Santander, Citibank, Caixa e HSBC), o que justifica
a expansão da rede compartilhada, que já ocorre em outros países. Para as
instituições financeiras, uma das vantagens desse processo, além da economia, é
deixar de se preocupar com a segurança dos caixas eletrônicos fora das
agências. Nos últimos anos, tem crescido o número de assaltos a esses
terminais.
“Essa passará a ser uma preocupação só da TecBan”, afirmou
uma pessoa próxima aos bancos que preferiu não se identificar.
Rosenzvaig disse que a questão de segurança não chega a
atrapalhar os planos de expansão. A TecBan espera atingir até 2020 o número de
34 mil terminais de autoatendimento, ou seja, o dobro do atual.
Para o cliente bancário, não deve haver mudanças em termos
de custo para o acesso a esses caixas eletrônicos. Isso porque uma resolução do
Banco Central, segundo Rosenzvaig, determina que o uso dos terminais de
autoatendimento deve ter o mesmo custo, independentemente da rede (própria ou
compartilhada).
Nesse caso, o cliente deve consultar com o seu banco o
limite de transações que pode fazer sem pagar tarifas adicionais. Além dos
acionistas, bancos associados à rede Banco24Horas (em geral bancos de menor
porte), se beneficiarão do aumento da rede de caixas compartilhados. As
instituições financeiras ressaltaram que a entrada em vigor do novo acordo está
sujeita a algumas condições suspensivas, incluindo a aprovação por autoridades
regulatórias.
Investimentos
As empresas não revelaram os investimentos previstos na
substituição dos terminais ou ganhos de eficiência estimados com as trocas. Já
o executivo da TecBan afirmou que abrir o capital da empresa, com uma oferta
inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), não está nos planos da empresa.
Além dos ganhos de eficiência, o acordo também é benéfico para os bancos que
possuem baixo número de caixas eletrônicos externos às áreas das agências.
Na avaliação do vice-presidente executivo do Santander
Brasil, José Paiva, o acordo é uma demonstração do amadurecimento do setor
financeiro brasileiro. “A escolha da rede Banco24Horas para a expansão do
autoatendimento fora das agências trará ganhos de eficiência para o todo o
sistema e, principalmente, benefícios para os clientes do Santander, que
passarão a contar com um número maior de pontos de autoatendimento”, afirmou,
em nota, o executivo.
Elevar o uso dos terminar compartilhados é uma forma dos
bancos reduzirem custos e ganharem eficiência. Ao dividir o mesmo terminal, as
instituições financeiras diminuirão gastos com transporte de valores,
segurança, equipamentos e manutenção. Para o cliente, a vantagem será a
multiplicação de postos de autoatendimento, já que ele poderá usar a rede de
todos os bancos. O correntista não precisará pagar qualquer taxa extra pela
unificação desses serviços.
No entanto, o acordo anunciado ontem só foi possível após um
novo arranjo societário entre os maiores acionistas da TecBan. Segndo
informações de uma fonte do setor, antes do acordo o Itaú tinha uma
participação de 25,94%, o Santander de 20,82%, o Bradesco 16,31% e o Banco do
Brasil 13,53%. Participações, mas ainda significativas tinham o HSBC (9,02%), a
Caixapar (braço de investimentos da Caixa Econômica Federal, com 5,95%) e o
Citibank (5,64%).
No entanto, por questões de governança a Caixa precisaria
ter ao menos 10%. Os sócios com maior participação (Itaú, Santander, Bradesco e
BB) decidiram então vender 1,01% de suas fatias, ficando a Caixapar com 10% da
empresa que controla o Banco24Horas. Esse acerto se arrastou por vários meses,
até ser definido nessa semana.
Por: O Liberal