RELATO DE ORLANDO PEREIRA
SOBRE A MILITÂNCIA DO ESTADO DO TAPAJÓS
Iniciei a minha luta pelo
Estado do Tapajós em 1989, ainda no Comitê Pro- criação do Estado do Tapajós de
forma bastante modesta. Esta luta foi intensificada após a criação da Frente Popular
pelo Estado do Tapajós (1993) com a proposta da emenda popular número
12.777/93, ideia esta que o COMITÊ havia rejeitado com medo de não conseguir o
número mínimo (15.000) de assinaturas e ainda ser tripudiado pelos adversários
da emancipação do Novo Estado. Conseguimos 23 mil assinaturas em pouco mais de
15 dias úteis.
Nós popularizamos o
movimento, pois os membros da nova entidade de luta, da FRENTE POPULAR eram
representantes de sindicatos e associações comunitárias e de bairros, ou seja,
pessoas sem recursos financeiros, mas com muita força de luta. Ou seja,
perdemos recursos financeiros, mas ganhamos corpo na luta.
Sentimos as dificuldades da
falta do dinheiro ao viajarmos, principalmente para Brasília, onde as despesas
eram muitas e altas. Para superar as dificuldades ficávamos em pensões a preços
populares e a maioria das vezes jantávamos pastel com caldo de cana. Algumas
vezes trabalhei como garçom para poder manter a militância.
Em março de 1.999, o Sem.
Mozarildo Cavalcanti-PTB-RR, entrou com o projeto de Consulta Plebiscitária
sobre a criação do Estado do Tapajós sob o número PL 19/99, que foi aprovado na
gestão da FRENTE POPULAR, em agosto de 2.000 na Comissão de Redação
Constituição e Justiça- CCJ (13 a 1) e em dezembro do mesmo ano no plenário do
Senado por 75x0. Uma votação expressiva e bastante convincente. Chegou à Câmara
Federal ainda em dezembro e recebeu o número PDC 731/2.000.
O plebiscito foi realizado
em 2.011. Foi o terceiro realizado em toda história do Brasil. Fomos traído pelo
Supremo Tribunal Federal que considerou que ... “a população diretamente
interessada”... (texto da CF art. 18 & 3º) fosse a de todo o Pará.
Cometemos outro grande erro ao sairmos juntos com o Carajás. No entanto, na
nossa região obtivemos 96% de aprovação, ou seja, o povo da nossa região quer o
Estado do Tapajós.
Durante muitos anos fizemos
uma militância paupérrima muito próxima da mendicância. Foi quando obtivemos o
apoio da Câmara Municipal, através do vereador Emir Aguiar, depois Beth Lima e
José Maria Tapajós. Mas, a grande revelação foi a adesão do vereador Reginaldo
Campos que conseguiu o apoio da Prefeitura, vestiu a camisa e arregaçou as mangas,
ou seja, foi para o campo de batalha, procurou aprender acompanhando os
militantes mais experientes nas palestras e em viagens, principalmente à
Brasília.Passamos a ter mais apoio logístico, propiciando uma melhor
militância, melhores acomodações, refeições, etc., etc..Portanto não é exagero
afirmar que a militância do Tapajós se divide em dois tempos:
- Antes e depois do
REGINALDO.
Orlando Pereira, militante histórico pela criação do Estado do Tapajós
Cláudia Furukawa
Assessora Parlamentar