ONDA DE MUDANÇAS SE REFLETE EM PESQUISAS PELO PAÍS - No Pará, pesquisa aponta empate técnico
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Depois que 79% do eleitorado 
expressaram desejo de mudança em pesquisa Datafolha divulgada na última 
sexta-feira, e após as manifestações que tomaram as ruas em junho do ano
 passado, os chefes dos governos estaduais em 16 das 27 unidades da 
Federação estão em situação difícil nas eleições deste ano. A crise 
afeta tanto os que disputam a reeleição quanto os que tentam emplacar o 
sucessor. Dos 17 que buscam um segundo mandato, apenas cinco lideram as 
pesquisas de intenção de voto. Três estão empatados, e sete, em 
desvantagem, de acordo com pesquisas Ibope e Datafolha. Não há 
levantamentos desses institutos na Paraíba e em Tocantins, onde os 
governadores disputam a reeleição. Em 2010, dos 18 que tentaram a 
reeleição, 13 foram bem-sucedidos, ou 72%.
Para o cientista político Claudio 
Couto, da Fundação Getulio Vargas (FGV), esse cenário é reflexo, 
sobretudo, das manifestações de junho:
— As manifestações já refletiam 
alterações na avaliação das condições gerais do país. Em março do ano 
passado, as pesquisas já mostravam que a opinião sobre a inflação 
começava a piorar, e essa é a política pública que mais afeta o humor da
 população. Esse mau humor dispersa em outras instâncias de governo 
(além da federal).
A análise do cenário eleitoral feita
 pelo cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília 
(UnB), foi na mesma linha, destacando que há um desejo de mudança tanto 
no plano estadual quanto no federal, expresso no percentual de intenções
 de voto na candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva. 
Na pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira, ela está empatada
 com a presidente Dilma Rousseff, com 34%:
— Muita gente que ia votar em branco
 ou nulo escolheu Marina para protestar. De uma hora para outra, ela se 
tornou competitiva. Há uma identificação forte de Marina com mudança, 
sem fazer juízo de valor — afirmou Caldas.
Ele ressalta, no entanto, que, nas eleições, a mudança não é necessariamente para melhor:
— As pessoas estão um pouco 
cansadas, há um pessimismo generalizado. As pessoas querem mudança, 
mesmo que não seja espetacular. E mudança pode ser para melhor ou para 
pior. No Distrito Federal, por exemplo, o candidato de oposição, (José 
Roberto) Arruda, lidera. Ele já foi situação e é ficha-suja — disse ele.
Pesquisa Ibope divulgada na última 
terça-feira mostra o ex-governador José Roberto Arruda (PR) com 37% das 
intenções de voto para o governo do Distrito Federal, e o atual 
governador, Agnelo Queiroz (PT), com 16%, empatado com Rodrigo 
Rollemberg (PSB).
A candidatura de Arruda, porém, está
 sub judice. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu que o
 Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determine o cancelamento imediato da 
candidatura de Arruda ao governo do Distrito Federal. O TSE confirmou a 
impugnação da candidatura do ex-governador na última terça-feira, com 
base na Lei da Ficha Limpa, mas ainda cabe recurso. Arruda foi condenado
 em segunda instância pelo Tribunal de Justiça a partir de um dos 
processos do mensalão do DEM.
Um dos exemplos do aparente desejo 
de mudança é o Rio Grande do Sul. Lá, a senadora Ana Amélia (PP) está em
 primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, com 39%. O governador
 Tarso Genro (PT), que disputa a reeleição, está em segundo lugar, com 
30%.
Aliado de Tarso, o senador Paulo 
Paim (PT-RS) minimizou o quadro, afirmando que o horário eleitoral 
gratuito no rádio e na TV começou agora, no dia 19 de agosto, assim como
 os debates na televisão. Para o petista, Tarso ainda terá a 
oportunidade de mostrar o que fez em sua gestão:
— Há no ar, claramente, uma onda de 
mudança. Quem conseguir se consolidar e mostrar o que fez será reeleito.
 A população não está mais preocupada com o discurso ideológico, quer 
ver o que você fez.
Em outra frente, os governadores que
 tentam eleger seu sucessores enfrentam ainda maior dificuldade. Nos 
oito estados onde há pesquisa, os projetos de continuidade passam 
aperto. Apesar de estarem em desvantagem neste momento, em dois estados 
os candidatos apoiados pelos governadores estão em trajetória 
ascendente. Em Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) cresceu 18 pontos 
percentuais em um mês, após a morte do candidato do PSB à Presidência da
 República e ex-governador do estado, Eduardo Campos, que era seu 
padrinho político. Na liderança está o candidato do PTB, Armando 
Monteiro, com 38%. Câmara tem 29%.
Já na Bahia, Rui Costa (PT), que tem
 o apoio do governador Jaques Wagner (PT), cresceu de 9% para 15% entre 
junho e agosto, conquistando o segundo lugar, mas ainda bem atrás do 
ex-governador Paulo Souto (DEM), que já comandou o estado por duas vezes
 e está com 44%.
