SESPA não fornece remédios para doentes do CAPS
Nicolau do Povo denuncia descaso do Estado com saúde
Vereador Nicolau do Povo diz que Simão Jatene trata Santarém como se fosse lama
Uma grave denúncia de descaso com a
saúde pública foi feita pelo vereador Nicolau do Povo (PP), no início
desta semana, em Santarém, Oeste do Pará. Em entrevista à nossa
reportagem, Nicolau do Povo conta que na tarde de sexta-feira, 08,
recebeu em seu gabinete na Câmara de Vereadores, algumas pessoas e
lideranças comunitárias que denunciaram o abandono do Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS), em Santarém, por parte da Secretaria de Estado de
Saúde Pública (Sespa).
Nicolau confirmou que foi procurado por
familiares de pessoas que possuem problemas psicossociais e, que
denunciaram que o CAPS de Santarém está com mais de 120 dias sem
medicamentos para os pacientes. Para ele, isso é preocupante e deve ser
resolvido de imediato por parte do governador do Pará, Simão Jatene
(PSDB), através da Sespa.
“Houve parentes de pessoas com problemas
psicológicos que disseram: Vereador nós não estamos precisando aqui nem
de açúcar, nem de leite e nem de café, porque nós mesmos com os
funcionários fazemos coleta e compramos esses mantimentos. O que
precisamos é de medicamento, porque os pacientes estão aterrorizados por
causa dessa questão. Os familiares não têm condições de comprar esses
remédios e o CAPS de Santarém, que é comandado pelo Estado, está há mais
de 120 dias sem medicamento”, ressaltou o vereador Nicolau.
Segundo ele, um dos principais
medicamentos está faltando no CAPS, o Haldol (medicamento indicado para o
alívio de transtornos do pensamento, de afeto e do comportamento como:
acreditar em idéias que não correspondem à realidade, delírios;
desconfiança não usual; ouvir ou ver ou sentir coisa que não está
presente, alucinações provocadas por uso de drogas).
Nicolau afirma que uma caixa desse
medicamento com oito pílulas custa nas farmácias de Santarém cerca de R$
90,00. Ele explica que o paciente tem necessidade de tomar esse remédio
três vezes ao dia para ter continuidade em sua vida de forma normal.
“As famílias não têm condições de comprar o remédio e a situação no
município de Santarém é grave. O CAPS de Santarém também atende
pacientes das cidades de Alenquer, Óbidos, Monte Alegre, Oriximiná,
Prainha, Juruti, Rurópolis, entre outras”, declarou Nicolau do Povo.
Para ele, a preocupação maior é
relacionada aos pacientes que têm problemas psicossociais. “A Sespa era
pra fornecer esse tipo de medicamento, mas não está cumprindo o seu
dever. Os próprios funcionários estão temerosos com essa situação. A
população não agüenta mais esse problema do Governador ter abandonado
nossa cidade. Simão Jatene trata nossa cidade como se fosse uma lama.
Ele (Jatene) deve tomar vergonha na cara e resolver esse problema o mais
rápido possível”, desabafou Nicolau do Povo.
O parlamentar destaca que o CAPS de
Santarém atende dezenas de pacientes com transtornos mentais todos os
dias. “No local, alguns familiares vão em busca de medicamentos e, como
não tem, eles acabam colocando culpa nos funcionários. Com isso, alguns
funcionários estão decidindo abandonar o trabalho. Isso poderá causar
uma demissão em massa deles. O problema está tão grave que já houve
pacientes que fugiram para as ruas, porque os familiares não conseguiram
segurá-los em casa. Alguns foram colocados dentro de jaulas, porque não
têm condições de conviver com as outras pessoas pela falta do
medicamento”, denuncia Nicolau do Povo.
O CAPS está localizado na Trv. Dom
Amando, entre as avenidas Borges Leal e Marechal Rondon, entrou em
funcionamento no dia 25 de Junho de 2010. A equipe do CAPS é formada por
psicóloga, enfermeira, clínico geral, psiquiatra, assistente social,
terapeuta ocupacional e técnicos de enfermagem. Na instituição, o
paciente é acolhido e após o cadastro, é atendido de acordo com a
necessidade.
De acordo com dados do CAPS, das pessoas
que estão sendo atendidas atualmente na unidade 41% são usuárias de
pasta de cocaína ou crack, 37% utilizam álcool, 12% são usuárias de
cigarro, 8% usam maconha e 2% usam pó de cocaína ou cola.
Por: Manoel Cardoso