"Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil"
SOBRE O TEMA...
O
fenômeno não é de hoje. Já na Antiguidade, os primeiros cristãos foram
duramente perseguidos por judeus e pagãos. Os judeus sofreram o massacre
mais cruel durante o século XX, imposto pelos nazistas. No Brasil, seja
de forma explícita ou velada, ocorrem os mais variados tipos de
desrespeito à liberdade de expressão religiosa. Os principais ataques
envolvem os neopentecostais e avançam sobretudo contra religiões de
matriz africana. As atitudes fundamentalistas impactam outras áreas,
como a dos direitos sexuais, acabando por intensificar a violência e, em
muitos casos, chegando à barbárie.
Para mudar essa realidade
no contexto brasileiro, há que entender as suas origens. A intolerância
religiosa nunca é um fato isolado e deve ser interpretada a partir dos
contextos geopolíticos. Em geral, está circunscrita em conflitos
econômicos, sociais e políticos, e se liga com a relação de poder e
dominação dirigida às minorias.
O passo mais imediato para
superar esse desafio é a informação. Já nas escolas as crianças devem
ter acesso a um ensino, mais do que confessional, inter-religioso,
marcado pelo respeito, sem interferências ideológicas. Além disso, há
que exigir o cumprimento das leis que protegem as vítimas de
intolerância e objetivam garantir a igualdade de direitos de todos os
cidadãos, membros de um Estado laico. Essas ações podem ser
fortalecidas, ainda, com políticas públicas e real comprometimento do
Estado para aplicá-las – por exemplo, fortalecendo os movimentos sociais
de combate à intolerância e incentivando a participação da sociedade
civil. Um exemplo é o Conselho de Diversidade Religiosa, implementado
com bastante sucesso no Rio Grande do Sul.
Por fim, haverá que
ir até os pontos mais críticos do problema, que estão nas raízes de
preconceito e dominação que marcam a nossa história. Superar essa
idiossincrasia irá requerer uma mudança de atitude e de mentalidade dos
indivíduos e da sociedade. Como disse Mahatma Gandhi, “o amor é a força
mais sutil do mundo”. É esse amor, que está na base de todas as
religiões e que deveríamos ter mais presente em nossas relações, que
pode levar à convivência entre os diferentes e à disposição de dialogar e
aprender uns com os outros."