A principal dúvida do Brasil em tempos de Lava Jato é: com foro ou com
Moro? Ao condenar o ex-todo-poderoso da Câmara Eduardo Cunha a 15 anos e
4 meses de cadeia, Sergio Moro expôs involuntariamente o teatro em que
se converteu o debate no Congresso sobre o fim do foro por prerrogativa
de função, que assegura a congressistas e ministros o privilégio de
serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal. No momento, o chamado foro
privilegiado soa como sinônimo de impunidade. E sentenças como a que
foi imposta a Cunha realçam a ineficiência que faz do topo do sistema
judiciário uma espécie de paraíso para os salafrários da política.
Sua condenação torna o acompanhamento do debate travado no Congresso
muito divertido. Deputados e senadores discutem os malefícios do foro
privilegiado como se brincassem de roleta-russa protegidos pela certeza
de que manipulam uma sinceridade completamente descarregada.