
O prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, em
entrevista exclusiva à nossa reportagem, falou sobre um assunto que vem
chamando a atenção da opinião pública em nosso Município, que é o
serviço prestado pelo setor de nefrologia do Hospital Municipal de
Santarém, pacientes que fazem Tratamento Fora do Domicílio e outros
assuntos. Veja a entrevista na íntegra:
Jornal O Impacto: Sabemos que o
setor de nefrologia do Hospital Municipal recebe pacientes não só de
Santarém, mas, também, pacientes dos municípios vizinhos, e como sempre
está de portas abertas, a demanda é muito grande. Depois dessa reunião
que teve grande importância, como ficará a situação desse setor?
Nélio Aguiar: Com
relação ao serviço de hemodiálise em Santarém, hoje o Município está
fazendo um co-financiamento com o Governo do Estado, e nós já tomamos
uma decisão. Juntamente com o Secretário Municipal de Saúde, Dr. Edson
Filho, encaminhamos um ofício ao Governo do Estado e vamos estar
presentes na reunião com o Ministério Público e com o Secretário
Estadual de Saúde, Dr. Vitor Mateus, para fazer a entrega da gestão de
serviços de hemodiálise para o Estado, porque esse serviço é de alta
complexidade e a responsabilidade é do Governo do Estado. Inclusive no
Plano Estadual de Nefrologia está previsto que será construído em
Santarém um Centro Regional de Nefrologia, ou seja, de hemodiálise, pois
o Governo do Estado tem o dever de construir esse centro. Ele já tem o
serviço próprio no Hospital Regional, inclusive eles podem ampliar esse
serviço no Hospital Regional, ou podem continuar utilizando as
instalações do Hospital Municipal, não há problema nenhum e não vai
haver nenhum prejuízo para o paciente renal crônico, pelo contrário, a
previsão é que haja melhoria no serviço de hemodiálise em Santarém, até
porque o Estado já trabalha com um modelo de gestão que é muito mais
rápido e eficiente, por uma OS (Organização Social), que a Pró-Saúde é
quem faz essa gestão, e a que pode absorver esse serviço. Tudo vai ficar
a critério do Secretário Estadual de Saúde. O que não dá para a gente, é
ficar assumindo essa responsabilidade, no momento em que temos de nos
preocupar com a atenção básica, com a média complexidade, com urgência e
emergência que nós temos dificuldade em dar conta. Então, não dá para
nós assumirmos uma nova responsabilidade, se não estamos conseguindo nem
dar conta daquela que realmente deveria ser assumida e executada por
nós.
Jornal O Impacto: Existem muitos pacientes, que fazem esse tratamento, morando dentro do Hospital Municipal de Santarém?
Nélio Aguiar: Hoje nós
temos aproximadamente 26 pacientes morando dentro do Hospital Municipal,
aguardando na fila para ter acesso ao seu tratamento numa máquina de
hemodiálise. Então, esses problemas acabam ficando para nós, ou seja,
pacientes ocupando leitos, superlotando o hospital, fazendo com que não
conseguimos ter rotatividade, aumentando o custo e o tempo de internação
que temos com esses pacientes. Com certeza, através desse diálogo que
nós estamos tendo, o Secretário Estadual de Saúde vai compreender esse
dilema para assumir essa responsabilidade, para que não seja do Hospital
Municipal.
Jornal O Impacto: Então, todos os pacientes podem ficar tranquilos, que o serviço não vai paralisar?
Nélio Aguiar: Todos
podem ficar tranquilos, não haverá interrupção do tratamento, nenhum
paciente será transferido para Belém, pois o Estado vai assumir o
serviço. Pode ser no mesmo local ou ele pode também ampliar o serviço já
existente no Hospital Regional.
Jornal O Impacto: Quais as decisões que foram tomadas com relação às pessoas do Tratamento Fora do Domicílio (TFD)?
Nélio Aguiar: Essa é
uma outra pauta da nossa entrevista. Justamente é uma das causas da
superlotação do Hospital Municipal. Nós temos 127 pacientes acima da
nossa capacidade de lotação no Hospital Municipal, ou seja, temos uma
superlotação. Praticamente nós temos um “Hospital Regional” dentro do
Hospital Municipal, fica inviável, não tem como oferecer um tratamento
digno para a população, não tem como organizar melhor esse serviço, não
tem como ter a qualidade em nosso serviço devido a superlotação e uma
das principais causas, são pacientes que precisam de tratamento no
Regional, e o próprio Regional não abre vaga para eles. Em vez dos
pacientes ficarem nos seu municípios aguardando abrir vaga, eles são
mandados para Santarém, passam 30, 40 e 60 dias, hibernando no Hospital
Municipal, esperando vagas. Então, temos de acabar com essa ideia de
achar que todo paciente para ir para o Hospital Regional, tem
obrigatoriamente que passar pelo Municipal. Isso não é verdade, isso é
contra as normas do SUS. Quando eu mando um paciente para Belém, para
fazer tratamento pelo TFD, eu não mando para o Pronto Socorro Municipal
de Belém. Se um paciente é cirurgia cardíaca eu mando para o hospital de
referência e enquanto eu espero Belém liberar a vaga, eu cuido dele
aqui no meu município. É assim que tem de ser também em relação ao
Hospital Regional, o paciente lá em Itaituba que pedir a vaga pro
Regional tem que aguardar no Hospital Municipal de Itaituba, até abrir
essa vaga. Não faz diferença alguma o paciente aguardar no Hospital de
Itaituba ou de Santarém, o fato de estar no HMS não garante a vaga dele
mais rápido, pois a regulação tem uma sequência, então, é preciso
organizar isso. Já existe a compreensão por parte do Ministério Público
que concorda com nossa maneira de pensar e existe, também, a
concordância por parte da SESPA, que possui o mesmo entendimento.
Portanto, iremos fazer esse trabalho em conjunto, vamos convencer os
prefeitos dos outros municípios vizinhos, os secretários de saúde, para
que a gente possa trabalhar dentro dessa regulação, que é prevista na
lei do SUS. Com isso, iremos desafogar o Hospital Municipal. Quando falo
nesse modelo de regulação, é somente para urgência e emergência, para
casos eletivos. A referência em emergência para região, somos nós,
então, o paciente com fratura exposta em Alenquer, quem irá atendê-lo
será o Hospital Municipal. Mas os pacientes com fraturas fechadas de
Alenquer, quem irá atendê-los é o Hospital Regional. Para ele ir para o
Hospital Regional não precisa se internar no Hospital Municipal, ele
fica no Hospital Municipal de Alenquer, ou dependendo das condições
clínicas do paciente, ele fica em sua própria residência, aguardando o
Hospital Regional abrir vaga. É melhor para o sistema e para gestão da
saúde em Santarém e também é melhor para o doente, porque esse tempo de
espera em que ele fica de 20 a 30 dias esperando o Regional chamar, ao
invés de ficar fora de sua cidade, longe da família, gerando despesa,
gastando dinheiro, ele vai ficar com mais conforto e comodidade no seu
próprio Município de origem, com todo o apoio da família e com um custo
bem menor. Então, é algo melhor para todos. Nós vamos trabalhar essa
idéia e acreditamos que teremos um bom resultado.
Jornal O Impacto: A Prefeitura tem algum projeto relacionado à saúde, para encaminhar à Câmara Municipal de Santarém?
Nélio Aguiar: Nós
tomamos uma decisão importante e encaminhamos para Câmara de Vereadores
um Projeto de Lei com a proposta de Lei Municipal, que cria a
Organização de Saúde e o modelo de gestão “OS”. O governo tomou a
decisão de mudar a gestão do Hospital Municipal e da UPA, para o mesmo
modelo que é aplicado no Hospital Regional, que se trata de um modelo
mais rápido e eficiente. Com nosso modelo atual, temos muitos problemas,
nós atrasamos nas licitações, os fornecedores atrasam na entrega, se
queima equipamentos, temos muita dificuldade de comprar outro novo. Na
saúde as respostas são muito mais rápidas, principalmente em um hospital
superlotado e complexo como o nosso, onde nós fazemos neurocirurgia,
cirurgias ortopédicas, temos UTI, reanimação, ou seja, existem várias
situações complexas no hospital que necessitam de rapidez. Essa é a
nossa intenção, e pedimos apoio da Câmara Municipal de Santarém, o apoio
do Conselho Municipal de Saúde e principalmente o apoio da sociedade
santarena, para inovarmos com audácia e coragem de mudar, de implantar
um novo sistema de gestão para termos um melhor resultado, com um melhor
atendimento e humanização aos pacientes.
Jornal O Impacto: Mudando de
assunto, nós temos outra dúvida, que acreditamos que também é a da
população, que se trata do Projeto Minha Casa Minha Vida, do bairro do
Aeroporto Velho. O presidente da Associação de Moradores do Aeroporto
Velho, o popularmente “Chiquinho”, diz que tem no seu sistema o cadastro
de várias pessoas do bairro, destinadas a esse projeto, nossa dúvida é
se este cadastro está valendo, ou será feito um outro sistema de
inscrição?
Nélio Aguiar: O que nós
recebemos é que existe o projeto Minha Casa Minha Vida, que o terreno
veio para o Município, e que as regras de ocupação são determinadas pelo
Ministério das Cidades e pelo Conselho Municipal e que a Caixa
Econômica supervisiona e fiscaliza essa questão. Então, dentro dessas
regras, não afirmam que já existem apartamentos, casas já deliberadas
para A, B ou C. Eu entendo que por essas metas que já foram traçadas,
todos terão de participar da seleção, se inscrever, pois trata-se de uma
inscrição aberta, de forma transparente, para que possa através da
Caixa, que é quem seleciona e verifica quem está dentro do padrão dos
critérios sociais. Nós já estivemos no SPU e na Caixa, e não conseguimos
identificar o que vem sendo defendido pela liderança do bairro do
Aeroporto Velho, pelo “Chiquinho”. Não conseguimos identificar de forma
documental, que garanta o que ele vem colocando, pode até ser que tenha
existido isso no passado, mas no momento, o que existe para nós é que a
área veio para o município de Santarém e o projeto foi aprovado no
Ministério das Cidades, sendo que ficará pronto no final de outubro, e a
relação está entre Prefeitura, Caixa e Ministério das Cidades.
NOVO MODELO DE GESTÃO PARA O HOSPITAL MUNICIPAL:
Durante entrevista coletiva à imprensa na segunda-feira (12), que
contou com a presença do prefeito Nélio Aguiar, vice José Maria Tapajós,
secretário de saúde Edson Filho, secretário Erasmo Maia; presidente da
Câmara Municipal, vereador Antônio Rocha; vereadores Henderson Pinto,
Alaércio Droga Mil, Tadeu Cunha, Dayan Serique e outros membros ligados à
saúde, o tema debatido foi a demora no atendimento, superlotação, falta
de medicamentos e de equipamentos no Hospital Municipal de Santarém.
Com o objetivo de suprimir esses problemas, o prefeito Nélio Aguiar
encaminhou à Câmara de Vereadores, na segunda-feira (12), um projeto de
lei que propõe um novo modelo de gestão por Organização Social (OS) dos
serviços de saúde no Município.
“Todos esses problemas que enfrentamos
hoje são de gestão própria. O exemplo de gestão por OS que temos é o
Hospital Regional do Baixo Amazonas. A gente vê na prática que funciona.
Tem melhor atendimento, não falta equipamento, o atendimento é
humanizado, melhora capacitação, melhora tudo”, ressaltou o Prefeito.
O HMS possui atualmente 314 leitos
cadastrados. Somente na segunda-feira (12), foram atendidos 127
pacientes a mais do que a capacidade suporta. “Nossa intenção é acabar
com a superlotação. Queremos que funcione com a quantidade de leitos que
existe. Não podemos ter uma média de 300 leitos e 400 pacientes
internados. Queremos oferecer um atendimento de melhor qualidade para
quem está internado. Se a gente continuar a fazer o que sempre foi
feito, vamos entregar a gestão como sempre entregaram”, reforçou o
Secretário Municipal de Saúde, Edson Filho.
O Prefeito aposta no novo modelo, e
afirma que o apoio da Câmara de Vereadores, Conselho Municipal de Saúde e
população é fundamental. “Precisamos enfrentar esse problema porque
todos nós queremos melhorar o atendimento no Hospital Municipal. Ninguém
aqui concorda com o atendimento que é dado ao nosso paciente hoje. Para
fazer mudança, temos de tomar decisões corajosas. Queremos uma fórmula
diferente”, disse Nélio.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto