sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Nomes de ruas imortalizam personagens da história de Santarém

Ruas têm nomes de pessoas reconhecidas pelo trabalho na região.

Professores, advogados, religiosos e políticos são alguns dos homenageados.


Avenida Mendonça Furtado, Santarém (Foto: Luana Leão/G1)A Avenida Mendonça Furtado recebe o nome do governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Ele elevou a aldeia do Tapajós à condição de vila, dando-lhe o nome de Santarém (Foto: Luana Leão/G1)
Em vários bairros de Santarém, no oeste do Pará, é possível perceber um pouco da história do município de Santarém.  Muitas ruas tem nomes de personagens importantes para a cidade, mas muitas pessoas da geração atual não sabem o que a personalidade homenageada representa. Ao contrário do que muitos pensam, a maioria não marcou presença em carreira política, receberam a homenagem pelo seu talento e trabalho desenvolvido na região.
O livro “Santarém: Momentos Históricos”, do historiador Wilde Dias da Fonseca (1919-2010), cita como exemplo o religioso que emprestou o nome à Travessa Padre João, no centro da cidade. O autor relata que o Padre João Antônio Fernandes auxiliava seu irmão, Padre Raimundo Antônio Fernandes, no comando da paróquia de Nossa Senhora da Conceição. No período da cabanagem, o sacerdote prestava assistência aos feridos na revolução. Mais tarde, durante uma epidemia de cólera no município, recolhia os mortos em sua carroça para dar-lhes um sepultamento digno.
Ainda na área religiosa, o historiador destaca a Avenida Dom Frederico Costa, que homenageia o primeiro bispo da prelazia de Santarém, criada em 1903, mas que apenas no ano seguinte teve um prelado. O religioso da Ordem dos Frades Menores era filho da terra, nascido na vila de Boim, mas ficou no comando local da igreja católica por pouco tempo e, em 1907, foi transferido para a diocese de Manaus (AM). Seu nome identifica uma das mais importantes avenidas de integração dos bairros da grande área da Prainha.
Outro franciscano de destaque que originou nome de rua em Santarém foi o norte-americano frei Ambrósio Phillipsenburg, que atuou em Santarém entre 1917 e 1936. Ele marcou presença no município através da dedicação aos jovens, sendo chamado de “Apóstolo da Juventude”.  Além de movimentos religiosos juvenis, fundou a escola São Francisco e os times de futebol “Santa Cruz” e “União Sportiva da Congregação Mariana”, que originaram o atual São Francisco Futebol Clube.
Já a Travessa Morais Sarmento (não Moraes, como costumeiramente vemos grafado) homenageia o advogado Joaquim de Morais Sarmento, que se dispunha a defender - e quase sempre absolvia - réus que não tinham condições de pagar. Na área jurídica, Wilde Fonseca também cita Silvério Sirotheau Corrêa, que além de advogado – o primeiro com formação universitária a atuar em Santarém – foi pioneiro no Ministério Público Estadual na comarca local, e ainda professor de literatura e história da civilização, chegando a ser deputado estadual. A história da cidade também destaca Turiano Lins Meira de Vasconcelos, juiz de Direito da comarca no final do século XIX, que chegou a ser prefeito do município, entre 1904 e 1911.
Moraes Sarmento, Santarém (Foto: Luana Leão/G1)A Travessa Moraes Sarmento homenageia um advogado que se dispunha a defender réus que não tinham condições financeiras de pagar pelo seu serviço  (Foto: Luana Leão/G1)
Prefeitos
Entre os ex-prefeitos de Santarém, o historiador Wilde Fonseca cita Borges Leal, que administrou o município por pouco tempo (1936 -1938), mas deixou seu nome na história do município também como advogado e a eloquência na oratória, lotando  as salas de júri quando atuava e participando dos grandes momentos da cidade.
Outros nomes que governaram Santarém e hoje identificam ruas da cidade são: Silvino Pinto Guimarães (1897-1904), Galdino Veloso (1912-1913) e coronel Joaquim Braga (1924-1930).
Mas dentro da área política, a personalidade mais importante para Santarém homenageada está o governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1700 — 1769), que, enquanto administrador da província do Grão Pará, elevou a aldeia do Tapajós à condição de vila, dando-lhe o nome de Santarém.
Educação
Algumas personalidades homenageadas com nomes de rua em Santarém não precisaram exercer altos cargos públicos na cidade para fazer a sua parte na história do município. Antônio Batista Belo de Carvalho (1878-1938), por exemplo, é apontado no livro “Santarém: Logradouros Públicos” como competente professor, mas também musicista, diretor de teatro, marceneiro e pirotécnico.
A travessa Professor Luiz Barbosa refere-se ao músico santareno Luiz Bonifácio da Silva Barbosa (1873-1952), que fez carreira em Manaus e Belém antes de retornar à cidade natal, convidado por frei Ambrósio, para organizar a banda infanto-juvenil “Sinfonia Franciscana”.
Outro educador, também ligado à música, foi o professor José Agostinho (1886-1945). Maestro e compositor amazonense, que optou viver em Santarém quando ainda estava com 20 anos. Na cidade formou uma família ligada à cultura local, como os filhos Wilson Dias da Fonseca (1912-2002), o maestro Isoca, e Wilde Dias da Fonseca (1919-2010), responsáveis por grandes composições ligadas à beleza santarena.
Também podem ser destacadas na educação as professoras Rosa Passos e Agripina de Matos.
Outras personalidades
Adriano Pimentel - Adriano Xavier de Oliveira Pimentel era engenheiro militar e serviu ao exército brasileiro na Guerra das Rosas, na Revolução Castilista (RS) e na Guerra do Paraguai. Também foi jornalista e foi deputado federal pelo Estado do Amazonas.  Faleceu em Santarém em 18 de julho de 1907.
Barjona de Miranda – Hildebrando Barjona de Miranda (não Barjonas, ressalta Wilde Fonseca) foi um mineralogista nascido em Santarém que teve destaque nacional em sua área.
Benedito Magalhães – Foi vereador em mais de uma legislatura, morando sempre no bairro da Aldeia, onde é homenageado.
Clementino de Assis – Sargento do exército que serviu ao “Tiro de Guerra 190”, em Santarém.
Felisbelo Sussuarana (1891-1942) – Intelectual santareno que se destacou como poeta, prosador, jornalista, teatrólogo e filólogo.
Fernando Guilhon – O engenheiro Fernando José de Leão Guilhon governou o Pará (1971-1975), nomeado durante a ditadura militar, mas ainda é lembrado como exemplos de dignidade no exercício de um cargo publico, inclusive sem pompas e gastos do dinheiro público nas inaugurações.
Major João Otaviano de Matos - patriarca de família tradicional, foi vereador de Santarém por várias legislaturas.
Magalhães Barata - Joaquim Cardoso de Magalhães Barata foi o governante do Pará (1930-1935) mais popular, com muitos simpatizantes em Santarém. Além de ter uma importante avenida, uma rua paralela referre-se ao dia de seu aniversário: a Travessa 2 de Junho, aberta por um “baratista”. Segundo o historiador padre Sidney Canto, houve um tempo em que este dia era feriado em muitas cidades do Pará, inclusive em Santarém.