Não
se passa um dia sem que a imprensa não registre a verborragia de Donald
Trump contra a Coreia do Norte e de Kim Jong-un contra os EUA.
Enquanto
fica na retórica, ou nos duvidosos arrotos nucleares do líder
norte-coreano, que mais parece o patético Dr. Evil daquela trilogia
estadunidense Austin Powers, o bate-boca se atura.
O
problema é se os lados excederem a dose de álcool, pois embora eu ainda
duvide de uma capacidade nuclear factual da Coreia do Norte, está claro
que a proximidade de Seul, Tóquio e mesmo Guam, do lançador de
Pyongyang, pode desencadear uma reação de Washington muito além da
proporcionalidade devida, desestabilizando perigosamente uma região
geopoliticamente bem mais grave do que o Médio Oriente.
A
obtusidade de Trump não compreende que a retórica adotada reforça o
antiamericanismo na Coreia do Norte e turbina a liderança divina da
dinastia Kim, que maneja o país com mãos de ferro desde 1948 e que
acabou sendo consolidada pelos EUA e pela então União Soviética, quando
foi assinado, em 27 de julho de 1953, o Armistício de Panmunjon, que
suspendeu a Guerra da Coreia, uma das mais sangrentas da história
contemporânea.