FAÇA A SUA DOAÇÃO

A sua contribuição pode fazer a diferença! COMO AJUDAR a fortalece nosso trabalho, COLABORE COM O BLOG DO COLARES - pix (93) 99141-2701.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

5ª edição da Feira do Pirarucu de Manejo disponibilizará 1,5 tonelada no sábado, 9, em Santarém

 Feira do Pirarucu de Manejo disponibilizará 1,5 tonelada no sábado, 9, em Santarém

Por g1 Santarém e Região — PA

 — Foto: Sapopema / Divulgação

A 5ª edição da Feira do Pirarucu de Manejo contará com 1,5 tonelada da espécie para venda aos consumidores santarenos. O evento será realizado no próximo sábado (9) na Praça Barão de Santarém (São Sebastião), em Santarém, oeste do Pará, a partir das 07h, com a participação de quatro comunidades manejadoras do pirarucu do PAE Tapará: Costa do Tapará, Santa Maria, Igarapé da Praia e Tapará Miri.

    O evento que já se tornou estratégico para valorização das comunidades que cuidam da espécie na região é uma promoção do Conselho Regional Tapará, Sapopema, Colônia de Pescadores Z-20, Mopebam, Sedap, Semap, Sebrae com apoio da TNC.

Durante a feira, os consumidores terão a chance de dialogar diretamente com os manejadores e entender os procedimentos do manejo do pirarucu. A participação ativa das comunidades é um dos pilares da feira, colocando os pescadores locais como protagonistas desse processo.

"Eventos como este são fundamentais para mostrar ao mundo a importância do manejo sustentável e o papel crucial das comunidades locais na proteção dos nossos recursos naturais", destacou Antônio José, da coordenação da Sapopema.

Cerca de 1,5 tonelada deve ser disponibilizada para venda durante a feira — Foto: Sapopema / Divulgação

Cerca de 1,5 tonelada deve ser disponibilizada para venda durante a feira — Foto: Sapopema / Divulgação

Seca de 2024 e os impactos para a conservação

A feira não só promove a conservação da biodiversidade, mas também reforça a importância do manejo comunitário, valorizando o conhecimento e o esforço dos pescadores que se dedicam à proteção do pirarucu. É uma celebração da sustentabilidade e da capacidade das comunidades de se organizarem em prol de um futuro mais equilibrado e consciente.

A seca de 2024 tem trazido desafios significativos para a conservação ambiental, especialmente no manejo do pirarucu. Em 8 de outubro, os manejadores da comunidade Santa Maria do Tapará, juntamente com a Sapopema, realizaram a contagem anual de pirarucus. Este processo é essencial para estimar a cota anual de captura, mas a severa estiagem deste ano tem dificultado consideravelmente essa tarefa.

Considerada uma das secas mais graves dos últimos anos, a falta de chuva tem afetado a vida das comunidades ribeirinhas e impactado diretamente a fauna aquática. Durante a contagem, os manejadores enfrentaram grandes dificuldades para chegar ao lago, que se encontra mais distante devido à seca.

Seca severa muda paisagens de comunidades ribeirinhas de Santarém-PA — Foto: Sapopema / Divulgação

Seca severa muda paisagens de comunidades ribeirinhas de Santarém-PA — Foto: Sapopema / Divulgação

"Este ano, a situação da seca se agravou muito. A contagem, que é um procedimento importante do manejo, demandou muito esforço dos pescadores por conta da seca", relatou o técnico da Sapopema, Luan Robson.

A contagem de pirarucus é uma ferramenta fundamental para avaliar as condições ambientais e adaptar as estratégias de manejo. Todos os anos, durante o período de águas baixas, os pescadores realizam essa contagem para avaliar os estoques pesqueiros. Com base nos resultados, calcula-se a cota de captura de 30% dos pirarucus adultos, preservando os 70% restantes para assegurar a reprodução e a manutenção sustentável do estoque.

Os dados coletados servem não apenas para a conservação das espécies, mas também para indicar avanços na preservação e para desenvolver estratégias que promovam a renda dos pescadores. Essa prática reforça a importância do manejo comunitário e o papel das comunidades na proteção dos recursos naturais.

A seca severa é também um alerta da necessidade de práticas de conservação ainda mais robustas e da importância da adaptação das estratégias de manejo para enfrentar os desafios climáticos.

O que é o manejo comunitário

O manejo comunitário do pirarucu é uma prática sustentável que envolve a comunidade na conservação e gestão dos recursos pesqueiros. Utilizando o método de Castello (2004), os pescadores demonstram sua habilidade ao contar os pirarucus durante sua respiração aérea, quando os peixes vêm à superfície da água.

Segundo a bióloga da Sapopema, Poliane Batista, cada pescador observa e conta os pirarucus em uma área específica durante um intervalo de 20 minutos. Somente os pirarucus com mais de 1 metro são contabilizados, sendo classificados em duas categorias: juvenis (bodecos) (1-1,5 m) e adultos (>1,5 m). Para garantir a precisão das contagens e não alterar o comportamento dos peixes, os pescadores trabalham em silêncio.

Pescador fazendo o processo de contagem do pirarucu manejado em comunidades de Santarém — Foto: Sapopema/Divulgação

Pescador fazendo o processo de contagem do pirarucu manejado em comunidades de Santarém — Foto: Sapopema/Divulgação

Além de seguir as regras de tamanho mínimo de captura (1,5 m) e período de defeso (IN 34/2004) estabelecidas pelo Ibama, as comunidades que desenvolvem o manejo criam seus próprios acordos de pesca. Esses acordos estabelecem normas que restringem ainda mais o uso dos recursos pesqueiros e incluem a vigilância constante dos ambientes aquáticos para proteger contra a ação de invasores.

O manejo sustentável nas comunidades envolve várias etapas: organização comunitária, respeito à legislação, estabelecimento de acordos de pesca, vigilância dos lagos, contagem dos pirarucus, pesca sustentável e comercialização da produção. Esse esforço contínuo exige uma dedicação enorme dos pescadores, que muitas vezes não recebem o reconhecimento devido pelo seu trabalho essencial na preservação dos recursos naturais.

Este modelo de manejo comunitário não apenas protege a biodiversidade, mas também assegura a subsistência das comunidades ribeirinhas, promovendo um ciclo sustentável e benéfico para todos.