O acordo de cessar-fogo assinado em Sharm el-Sheik, com mediação dos Estados Unidos, Catar e Egito, acende uma frágil chama de esperança no Oriente Médio. O plano, aprovado pelo governo israelense, prevê o fim do conflito na Faixa de Gaza e a libertação recíproca de reféns e detidos palestinos — um passo que o mundo observa com apreensão e desejo profundo de paz.
O presidente dos EUA, Donald Trump, celebrou o feito com entusiasmo, vendo nele a possibilidade de virar uma das páginas mais sangrentas da história recente: 735 dias de guerra e mais de 67 mil mortos, segundo dados do Hamas.
As armas, ao menos por ora, calar-se-ão em Gaza. Durante a noite, o governo israelense ratificou o acordo alcançado no Egito, mas relatos de novos ataques aéreos em Khan Younis nas horas seguintes à aprovação reacenderam a incerteza. Pouco depois, o exército israelense confirmou a morte de um soldado reservista em um ataque de franco-atirador do Hamas, na Cidade de Gaza — lembrando que a paz, naquele solo exausto, ainda é uma promessa em disputa.
Etapas para implementar o acordo
O cessar-fogo será supervisionado por uma força multinacional com 200 soldados dos Estados Unidos, Egito, Catar, Turquia e possivelmente dos Emirados Árabes Unidos. O Hamas comprometeu-se a libertar todos os 20 reféns vivos em até 72 horas, entre segunda e terça-feira, em troca da libertação de 1.950 prisioneiros palestinos.
Contudo, Marwan Barghouti, um dos líderes históricos do movimento, preso desde 2002, não está incluído na lista. A facção palestina pediu ainda dez dias para a devolução dos corpos dos reféns mortos. Enquanto isso, a Defesa Civil de Gaza orientou a população a evitar as áreas fronteiriças até que a retirada das forças israelenses seja oficialmente confirmada.
Trump anunciou que viajará a Israel e depois ao Egito para a assinatura solene do acordo, que já recebeu apoio internacional unânime. Organizações humanitárias, porém, mantêm o otimismo cauteloso. O grupo Emergency alerta que 90% das moradias foram destruídas, os serviços de saúde colapsaram e há escassez de alimentos e água potável. A guerra pode ter parado — mas a miséria, o medo e o ódio continuam respirando.
Paz: uma esperança ou uma miragem?
O planeta, exausto de sangue e intolerância, anseia por paz. Mas por quanto tempo ela resistirá? Enquanto grupos radicais seguirem promovendo uma doutrinação de extermínio e negação do Estado de Israel, a trégua continuará vulnerável, como uma chama que o vento ameaça apagar. O povo palestino, por sua vez, tem direito incontestável a um Estado livre e soberano — mas também está cansado de ser refém de minorias fanáticas, que usam a fé e a política para perpetuar a guerra e o sofrimento.
O mundo observa, esperançoso, o cessar-fogo em Gaza. Mas o verdadeiro cessar-fogo — aquele que deve acontecer dentro do coração humano, nas ideias e nas crenças — ainda está longe de ser alcançado. Até que as armas se calem definitivamente, e não apenas entre dois combates, a paz continuará sendo um sonho que sangra no deserto.
CNN/NOTICIA/MUNDO
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