Por: José Wilson Malheiros / jwmalheiros@hotmail.com
Já se tornou lugar comum afirmarmos que hoje em dia os bandidos estão soltos nas ruas e nós, cidadãos que procuramos viver decentemente, estamos em casa, trancafiados em grades, cadeados, alarmes eletrônicos etc.
Não podemos mais deixar nossos carros na rua que logo vem a chantagem dos flanelinhas, que não tomam conta de nada, mas, no mínimo riscam nossos carros se não cedermos à chantagem para pagar o pedágio exigido por eles.
Bons tempos aqueles, na década de 1960, quando eu trabalhei no Banco do Brasil, em Santarém.
Era a época das famosas e disputadas "viagens de numerário". Quando estava "sobrando" dinheiro nos cofres do Banco, era obrigatório levarmos o excedente para Belém.
Viajávamos para passar geralmente dois dias, carregando o dinheiro e carregados de pedidos de compras na capital.
O numerário era acondicionado em grandes sacos de lona e vinha no bagageiro do avião da linha (VASP, VARIG, PTA).
Quando chegávamos no aeroporto de Belém pegávamos um prosaico taxi (!!!). Geralmente o tamanho das sacas não cabia no bagageiro e a metade vinha de fora, mesmo, desfilando pelas ruas, na maior sem cerimônia.
Nós nos sentíamos seguros. Levávamos apenas um revólver 32, que era guardado nas malas, descarregado.
Imaginem o percurso do Aeroporto até o Banco do Brasil da Presidente Vargas, na capital paraense.
Pois é, vínhamos tranquilos, conversando com o taxista e ninguém nos molestava.
Imaginem, agora, se fizermos a mesma coisa neste ano de 2009.
Não conseguiríamos nem sair do avião, na pista de pouso. Certamente seríamos assassinados e os facínoras teriam sumido com o dinheiro.
Lembro-me, agora, de citar citar a obra do escritor francês Albert Camus, intitulada "A Peste". Vemos ali a descrição de um vilarejo, que é assolado por uma epidemia de determinada doença incurável para a época. Descreve em pormenores o pânico causado pelas mortes ocorridas, desde crianças até os mais velhos daquela localidade. Porém, aos poucos os moradores foram tornando-se imunes ao pânico, isto é, não mais se impressionavam com a quantidade enorme de óbitos.
A desgraça, a violência tornaram-se rotina, e hora em dia, no mundo todo, viraram sobremesa, que sorvemos com a televisão ligada depois do almoço para assistir o circo de horrores. Tornou-se "normal"... ninguém mais parece se importar. Não nos comovemos mais.
Não dá para deixar um policial na porta de cada casa. A polícia, por mais que se esforce, parece estar enxugando gelo. Quanto mais trabalha, mais aumenta a marginalidade.
No fundo, sabemos que a violência, não é somente caso de polícia. É um caso crônico de falta de investimentos convenientes no social, no educacional, no esclarecimento sobre o perigo das drogas, entre outros fatores.
Em grande parte a violência que assola nossas cidades não é apenas filha da miséria, já que, no caso dos entorpecentes, grã-finos endinheirados e apodrecidos pelo vício são uma das grandes colunas que sustentam esse caldeirão fervente que se espalha pela nação.
Já se tornou lugar comum afirmarmos que hoje em dia os bandidos estão soltos nas ruas e nós, cidadãos que procuramos viver decentemente, estamos em casa, trancafiados em grades, cadeados, alarmes eletrônicos etc.
Não podemos mais deixar nossos carros na rua que logo vem a chantagem dos flanelinhas, que não tomam conta de nada, mas, no mínimo riscam nossos carros se não cedermos à chantagem para pagar o pedágio exigido por eles.
Bons tempos aqueles, na década de 1960, quando eu trabalhei no Banco do Brasil, em Santarém.
Era a época das famosas e disputadas "viagens de numerário". Quando estava "sobrando" dinheiro nos cofres do Banco, era obrigatório levarmos o excedente para Belém.
Viajávamos para passar geralmente dois dias, carregando o dinheiro e carregados de pedidos de compras na capital.
O numerário era acondicionado em grandes sacos de lona e vinha no bagageiro do avião da linha (VASP, VARIG, PTA).
Quando chegávamos no aeroporto de Belém pegávamos um prosaico taxi (!!!). Geralmente o tamanho das sacas não cabia no bagageiro e a metade vinha de fora, mesmo, desfilando pelas ruas, na maior sem cerimônia.
Nós nos sentíamos seguros. Levávamos apenas um revólver 32, que era guardado nas malas, descarregado.
Imaginem o percurso do Aeroporto até o Banco do Brasil da Presidente Vargas, na capital paraense.
Pois é, vínhamos tranquilos, conversando com o taxista e ninguém nos molestava.
Imaginem, agora, se fizermos a mesma coisa neste ano de 2009.
Não conseguiríamos nem sair do avião, na pista de pouso. Certamente seríamos assassinados e os facínoras teriam sumido com o dinheiro.
Lembro-me, agora, de citar citar a obra do escritor francês Albert Camus, intitulada "A Peste". Vemos ali a descrição de um vilarejo, que é assolado por uma epidemia de determinada doença incurável para a época. Descreve em pormenores o pânico causado pelas mortes ocorridas, desde crianças até os mais velhos daquela localidade. Porém, aos poucos os moradores foram tornando-se imunes ao pânico, isto é, não mais se impressionavam com a quantidade enorme de óbitos.
A desgraça, a violência tornaram-se rotina, e hora em dia, no mundo todo, viraram sobremesa, que sorvemos com a televisão ligada depois do almoço para assistir o circo de horrores. Tornou-se "normal"... ninguém mais parece se importar. Não nos comovemos mais.
Não dá para deixar um policial na porta de cada casa. A polícia, por mais que se esforce, parece estar enxugando gelo. Quanto mais trabalha, mais aumenta a marginalidade.
No fundo, sabemos que a violência, não é somente caso de polícia. É um caso crônico de falta de investimentos convenientes no social, no educacional, no esclarecimento sobre o perigo das drogas, entre outros fatores.
Em grande parte a violência que assola nossas cidades não é apenas filha da miséria, já que, no caso dos entorpecentes, grã-finos endinheirados e apodrecidos pelo vício são uma das grandes colunas que sustentam esse caldeirão fervente que se espalha pela nação.