sábado, 27 de fevereiro de 2010

Pantera à deriva na Copa do Brasil

STJD anula vitória do São Raimundo no torneio, mas situação sobre a validade do jogo de volta fica indefinida
Site ESPN.com.br

Dos males a que esteve sujeito, o São Raimundo pode comemorar ter sentido o menor. Ontem, na sessão de julgamento do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), os auditores do órgão decidiram, por maioria de votos, punir o Pantera com a perda de três pontos na Copa do Brasil, e, por unanimidade, multar o clube em R$ 1 mil, tudo pela escalação irregular de Beto, João Pedro e Hallace. No entendimento do tribunal, as duas equipes farão agora a última partida, no Rio de Janeiro, em desigualdade: o São Raimundo chega com -3 pontos, enquanto o Botafogo está zerado na disputa.
Apesar da resolução, fica a dúvida sobre como ficarão os critérios de desempate. Ontem, em uma entrevista ao programa 'Bate-Bola - 2ª edição', da ESPN Brasil, o procurador do STJD, Paulo Schmidt, se mostrou confuso ao explicar o caso, alegando que apenas uma goleada pode dar a classificação ao São Raimundo.
'Todos os critérios de desempate que poderiam beneficiar o infrator também são desconsiderados. Então essa segunda partida é meio inócua, a não ser que aconteça uma vitória de goleada do São Raimundo. No caso de empate, o Botafogo estaria classificado, pois o São Raimundo vai para a partida com menos três pontos', afirmou Paulo Schmidt.
Por outro lado, Sandicley Monte, diretor de futebol do São Raimundo, acredita que uma simples vitória no Rio de Janeiro basta para classificar a equipe. 'Não vejo pelo lado de goleada. Eu vejo pelo lado de uma vitória simples para a vaga ser do São Raimundo, pois nós ficamos com menos três pontos e o Botafogo com zero. Uma vitória empataria em 0 a 0 (em pontos) e levaria para o saldo de gols. Independente se for um gol ou dez gols, vai valer a vantagem do mesmo jeito', disse.
A CBF só deve se pronunciar sobre o caso São Raimundo na semana que vem.

Clube poderia ter sido excluído do certame
O São Raimundo lamenta o fato de ter perdido a vantagem do empate, mas confia, mesmo com o depoimento desfavorável do procurador Paulo Schmitt, em uma disputa igual na próxima fase da Copa do Brasil. 'Quando a CBF for notificada pelo STJD, então o departamento técnico se manifestará sobre o critério de desempate', explicou por telefone André Cavalcante, advogado do Pantera.
O São Raimundo pulou uma 'fogueira', porque, se dependesse do auditor-relator Washington Rodrigues de Oliveira, o clube seria excluído da Copa e também multado em R$ 1 mil. Ele também sugeriu que o clube movesse ação indenizatória por perdas e danos contra a Federação Paraense de Futebol (FPF) como principal responsável pelo acontecimento.
O presidente da FPF, Antônio Carlos Nunes de Lima, presente no julgamento, reconheceu a falha da federação, considerando lamentável a situação em que ficou o São Raimundo diante da opinião pública. No entanto, o representante do Pantera em Belém, Sandicley Monte, rechaçou a hipótese de retaliação à FPF, e elogiou o depoimento de Nunes.
O depoimento do advogado santareno André Cavalcante foi incisivo para que os auditores declarassem 'mea culpa' do clube, pois, como parte integrante da competição, deveria fiscalizar ou mesmo a confirmação a pontualidade dos nomes dos jogadores no BID. O Botafogo-RJ, mesmo com total interesse no processo, não acompanhou o julgamento, mas acatou a decisão tomada.
O São Raimundo enfrenta amanhã o Paysandu, na expectativa de casa cheia no Colosso, pois o temor de ser eliminado da Copa do Brasil no 'tapetão' passou. 'Graças a Deus, o pesadelo acabou', disse Sandicley Monte, que só lamentou o fato de o São Raimundo perder a vantagem do empate no jogo de volta.

Representante do pantera teve 'excesso de confiança' na FPF
Segundo Sandicley Monte, representante do Pantera em Belém, todo o problema aconteceu por 'excesso de confiança' em relação à FPF. 'Eu mesmo entrego, geralmente, a documentação para registro de atletas na FPF. Na correria para liberar o Flamel, isso passou batido. Eu já havia checado a situação do Max Jari. A documentação dele demorou 30 dias para ser regularizada. Como a dos outros atletas havia sido feita antes, achei óbvio que eles estariam regularizados', justifica, afirmando que o procedimento pode ser feito também por qualquer membro do corpo de funcionários do clube.
Sandicley afirma também que, uma vez que a absolvição seria impossível, o clube trabalhou em cima da hipótese de erro no sistema para abrandar a pena e evitar a exclusão da competição. Um dos procedimentos foi contratar, para fazer a defesa do clube, além do advogado André Cavalcante, Pedro Diniz, advogado carioca, com bom trâmite na casa, e que já havia feito a defesa do Miguel Couto (clube do interior do Rio de Janeiro), em uma situação semelhante.
'Chegamos a temer pelo pior quando o relator, primeiro auditor a votar, votou pela exclusão do São Raimundo, mas deu tudo certo.'