FAÇA A SUA DOAÇÃO

A sua contribuição pode fazer a diferença! COMO AJUDAR a fortalece nosso trabalho, COLABORE COM O BLOG DO COLARES - pix (93) 99141-2701.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

PÉTALAS DE SAUDADE

BRIGA DE GALO

Por:José Wilson Malheiros da Fonseca
(jwmalheiros@hotmail.com)
Hoje em dia temos uma lei considerando crime as brigas de galo. Em Santarém existia uma rinha ali na Galdino Veloso. Eu gostava de criar galos de briga. No quintal de casa mandei fazer gaiolas para as galinhas chocarem os pintinhos e outras para separar os brigões. Cheguei a ter uns dez galos. Quem não era escolhido para a rinha ou a reprodução ia direto para a panela.
Era um tal de colocar data nos ovos, não deixar chocar em tempo de trovão, visitar todo dia o choco, ajudar a romper a casca dos ovos para facilitar a saída dos pintainhos... Uma loucura.
Ficava horas e horas com o meu primo Miguel Augusto, contemplando as maravilhas dos nossos guerreiros da raça “moura”. Eram galos taquirís, caboclos e tantos outros, de acordo com a cor das penas.
E o treinamento? Era parecido com os dos lutadores de boxe.
Um animal só podia ir para a rinha bem treinado. Pelava-se o peito, as cochas, molhava e deixava pegando sol para ficar bem vermelho e engrossar a pele. Depois fazia a preparação física. Massagens, simulações de briga, fazendo o galo saltar para frente, jogando o animal para cima para bater asas, enfim, só se largava o pobre galináceo quando ele, literalmente, abria o bico.
Depois, dava-se ração e se confinava em uma das gaiolas, à espera da luta.
Hoje considero essa atividade não como diversão, mas como perversidade ou neurose, juro!
As atividades galísticas são verdadeira mania.
Ainda me lembro do Leonel Neves, Ludovico Almeida, Arlindo do Correio, Clodoveu Andrade, tio Miguel Campos e tantos outros “galistas”.
Meu inesquecível amigo Luis Otávio Campos, que não era muito chegado a brigas de galo, me contou que nas noites sem lua sempre dava um jeito de pularem a cerca para arranjar algumas galinhas de raça cevadas no quintal do tio Miguel (proprietário do imbatível Coringa) para mandar assar. Ele entretinha o valente guardião Veludo com carícias e pedaços de comida, enquanto um parceiro fazia o trabalho.
Cruzavam-se galos e galinhas de proprietários distintos para evitar a consaguinidade e assim melhorar o plantel etc. Ah! Tempos bons... Tempos de inocência. Mal sabíamos nós, molecotes, que, em verdade, éramos bárbaros, malvados e todos os adjetivos da espécie.
Ora, um lutador de boxe, por exemplo, tem a liberdade, possui o livre arbítrio de praticar ou não a atividade. E um pobre galo? É instinto puro. Não tem escolha.
Graças a Deus que hoje existe essa lei punindo com severidade quem se dedica a essas atividades sádicas.
E ainda tem mais. Nós os garotos criávamos os animais e os “marmanjos” apostavam alto nos gladiadores de bico e penas, que usavam “batoqueiras” para treinar e até mesmo lâminas no esporão para matar o adversário.
Além da carnificina, o jogo corria solto. Pode?
Se a metempsicose fosse verdade, acho que o Criador ia me fazer reencarnar como um galo de briga, para resgatar todos os pecados contra nossos amigos de crista.
( Exclusivo para o Blog)