quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Carta de Jatene

Este post ficou, como podem perceber, longo demais. Não há fotos para ilustrá-lo. Não é fácil de ler. Mas, ao final, vocês verão que existe esperança. Peço que leiam até o fim. Afinal, a esperança precisa vencer o medo, não é?

Estou sendo cobrado sobre a tal "carta" de Jatene a respeito da criação dos Estados do Carajás e Tapajós. Perguntam-me o porque do silêncio.
Pergunto a vocês, em retorsão, onde está o inusitado, o surpreendente neste "posicionamento"?
Tucunarés e gurijubas que nadam nos rios de cá e de lá já sabiam há tempos que JATENE NÃO PRETENDIA PASSAR PARA A HISTÓRIA COMO O GOVERNADOR QUE "PERDEU" UM ESTADO.
Além do mais, quem tira NOTA 4 em uma pesquisa de opinião pública pode trazer mais danos que benefícios à "causa" que apoia, pois não?
Considerem o fato de que, ao assumir em janeiro deste ano, Jatene era apoiado por 78% do eleitorado do Pará e, hoje, apenas 35% aprovam seu governo. O que isso lhes diz?
Como sempre soube (leiam o que eu escrevi!) qual a posição de Jatene sobre o assunto, não dei maior importância, mas a tal carta está sendo usada como material de propaganda pela "turma que faz beicinho, bate pezinho e diz não e não", exatamente como, aparentemente, queria seu autor.
Quem acompanha o blog, nestes três meses e pouco, sabe que sempre afirmei isso. Fui um dos primeiros a demonstrar que a presença de Orly Bezerra, marqueteiro "oficial" de Jatene, e de Zenaldo Coutinho, "menino de ouro" e super secretário de Jatene, à frente da Campanha do "Não", eram fatos cuidadosamente pensados para garantir que fossemos esmagados e que Zenaldo recebesse como "prêmio" a Prefeitura de Belém, velho sonho dos tucanos que Belém sempre lhes negou. A verdade é que, com honrosas exceções, o PSDB fechou questão contra Carajás e Tapajós! Nisto juntaram-se os tucanos e os insignificantes partidos sem votos da extrema esquerda (trata-se de combinação explosiva: os sem-projetos juntam aos sem-votos! É festa em casa de Noca!).
Pois muito bem. Jatene foi guardado como arma de "destruição em massa" da Frente do Não.
No domingo, Jatene fez publicar no Diário do Pará e n'O Liberal a tal "carta" (pergunto-me até quando vai durar este idílio entre os tucanos e os clãs Barbalho e Maiorana...). Adianto uma conclusão: tem cartas que não merecem ser lidas; outras são tão ruins que não deveriam ter sido escritas!
Destaco alguns trechos e comento no velho estilo vermelho&preto.
Jatene - Entretanto, não se pode negar que, até o ano passado, esse assunto (a divisão do Pará), em maior ou menor intensidade, se constituía discurso de alguns políticos nas suas campanhas eleitorais e se esgotava no pós-eleição; portanto, com consequências bem diferentes do que pode ocorrer agora, quando ameaça virar elemento de conflito entre irmãos.
Eu - Bom, como se diz a um governador que ele está errado? Precisa dizer "data venia"? Ou "lamento, mas V.Excelência está laborando em erro"? Não! A gente diz assim: Jatene, TU ESTÁS ERRADO! E MUITO DESINFORMADO! A discussão sobre o a criação dos Estados de Carajás e Tapajós, na pior das hipóteses tem mais de 30 anos (Tapajós almeja ser estado há mais de 150 anos!). Jatene, por ser raposa velha, não tem o direito de posar de ingênuo. Ele sabe muito bem que a demora na aprovação da autorização para a realização do plebiscito deveu-se à correlação de forças dentro do Congresso Nacional. Jatene tenta aqui tornar "ilegítima" a reivindicação de Carajás e Tapajós. Ora, Giovanni Queiroz, João Salame, Parsifal Pontes e tantos outros defenderam por várias eleições a criação dos dois estados. Que erro há nisso? É um argumento político tão bom quanto quer um outro. Percebam que para Jatene, enquanto era só "discurso" tudo estava bem. Para ele, os representantes eleitos por Carajás e Tapajós não poderiam passar do discurso à prática. Jatene defende querendo ou não, por vias transversas, o "estelionato eleitoral". Logo ele, o homem do "dito e feito"! Mas, não deixa de ter sua graça um político que, para espanto geral, tenta desqualificar a política! 
Jatene - Paraenses, ainda que eu deseje o contrário, tudo leva a crer que, seja qual for o resultado do plebiscito, o dia seguinte será marcado por mágoas, ressentimentos e desconfianças que podem se tornar duradouras, considerando que, diferentemente das eleições regulares que se renovam a cada quatro anos, o plebiscito terá caráter muito mais efetivo e permanente.
E aí cabe perguntar: quem vai cuidar das feridas? E dos ressentimentos? Como evitar que eles se enraízem nos corações e mentes da nossa gente?
Eu - Com que informações está trabalhando Jatene? Mágoas, ressentimentos, desconfianças, feridas? Olhem, esse texto poderia ser escrito por um marido que, tendo perdido a amada para outro, deita falação sobre o futuro dos "bruguelos"! Neste debate, nós que defendemos Carajás e Tapajós, estamos falando de política e economia. Mágoas e ressentimentos, sendo sentimentos menores, ainda são toleráveis nos relacionamentos interpessoais, nunca nas questões de estado! Duvido que o Grupo Yamada, um gigante do varejo, por "mágoa e ressentimento", deixe de vir instalar-se aqui em Carajás ou que o Grupo Revemar deixe de investir em Belém pelos mesmos motivos! Jatene deveria mandar seu marqueteiro de estimação apresentar argumentos que tivessem pelo menos a profundidade de uma cuia, isso sim! Quem está levando esta campanha para o rumo de um RExPA, eivada de paixões e melodrama são os próceres do "Não"! Quem pretende "fechar as fronteiras do Pará" para brasileiros de outros estados são os líderes da "Turma do Contra"! Se feridas existem elas estão sendo causadas pelos tutelados de Jatene que insistem em nos chamar de "forasteiros e foragidos"!