Estou sendo cobrado sobre a tal "carta" de Jatene a respeito da criação dos Estados do Carajás e Tapajós. Perguntam-me o porque do silêncio.
Pergunto a vocês, em retorsão, onde está o inusitado, o surpreendente neste "posicionamento"?
Tucunarés e gurijubas que nadam nos rios de cá e de lá já sabiam há tempos que JATENE NÃO PRETENDIA PASSAR PARA A HISTÓRIA COMO O GOVERNADOR QUE "PERDEU" UM ESTADO.
Além do mais, quem tira NOTA 4 em uma pesquisa de opinião pública pode trazer mais danos que benefícios à "causa" que apoia, pois não?
Considerem o fato de que, ao assumir em janeiro deste ano, Jatene era apoiado por 78% do eleitorado do Pará e, hoje, apenas 35% aprovam seu governo. O que isso lhes diz?
Como sempre soube (leiam o que eu escrevi!) qual a posição de Jatene sobre o assunto, não dei maior importância, mas a tal carta está sendo usada como material de propaganda pela "turma que faz beicinho, bate pezinho e diz não e não", exatamente como, aparentemente, queria seu autor.
Quem acompanha o blog, nestes três meses e pouco, sabe que sempre afirmei isso. Fui um dos primeiros a demonstrar que a presença de Orly Bezerra, marqueteiro "oficial" de Jatene, e de Zenaldo Coutinho, "menino de ouro" e super secretário de Jatene, à frente da Campanha do "Não", eram fatos cuidadosamente pensados para garantir que fossemos esmagados e que Zenaldo recebesse como "prêmio" a Prefeitura de Belém, velho sonho dos tucanos que Belém sempre lhes negou. A verdade é que, com honrosas exceções, o PSDB fechou questão contra Carajás e Tapajós! Nisto juntaram-se os tucanos e os insignificantes partidos sem votos da extrema esquerda (trata-se de combinação explosiva: os sem-projetos juntam aos sem-votos! É festa em casa de Noca!).
Pois muito bem. Jatene foi guardado como arma de "destruição em massa" da Frente do Não.
No domingo, Jatene fez publicar no Diário do Pará e n'O Liberal a tal "carta" (pergunto-me até quando vai durar este idílio entre os tucanos e os clãs Barbalho e Maiorana...). Adianto uma conclusão: tem cartas que não merecem ser lidas; outras são tão ruins que não deveriam ter sido escritas!
Destaco alguns trechos e comento no velho estilo vermelho&preto.
Jatene - Entretanto, não se pode negar que, até o ano passado, esse assunto (a divisão do Pará), em maior ou menor intensidade, se constituía discurso de alguns políticos nas suas campanhas eleitorais e se esgotava no pós-eleição; portanto, com consequências bem diferentes do que pode ocorrer agora, quando ameaça virar elemento de conflito entre irmãos.
Eu - Bom, como se diz a um governador que ele está errado? Precisa dizer
"data venia"? Ou "lamento, mas V.Excelência está laborando em erro"?
Não! A gente diz assim: Jatene, TU ESTÁS ERRADO! E MUITO DESINFORMADO! A
discussão sobre o a criação dos Estados de Carajás e Tapajós, na pior
das hipóteses tem mais de 30 anos (Tapajós almeja ser estado há mais de
150 anos!). Jatene, por ser raposa velha, não tem o direito de posar de
ingênuo. Ele sabe muito bem que a demora na aprovação da autorização
para a realização do plebiscito deveu-se à correlação de forças dentro
do Congresso Nacional. Jatene tenta aqui tornar "ilegítima" a
reivindicação de Carajás e Tapajós. Ora, Giovanni Queiroz, João Salame,
Parsifal Pontes e tantos outros defenderam por várias eleições a criação
dos dois estados. Que erro há nisso? É um argumento político tão bom
quanto quer um outro. Percebam que para Jatene, enquanto era só
"discurso" tudo estava bem. Para ele, os representantes eleitos por
Carajás e Tapajós não poderiam passar do discurso à prática. Jatene
defende querendo ou não, por vias transversas, o "estelionato
eleitoral". Logo ele, o homem do "dito e feito"! Mas, não deixa de ter
sua graça um político que, para espanto geral, tenta desqualificar a
política!
Jatene - Paraenses, ainda que eu deseje o contrário, tudo leva a
crer que, seja qual for o resultado do plebiscito, o dia seguinte será marcado
por mágoas, ressentimentos e desconfianças que podem se tornar duradouras,
considerando que, diferentemente das eleições regulares que se renovam a cada
quatro anos, o plebiscito terá caráter muito mais efetivo e permanente.
E aí cabe perguntar: quem vai cuidar das feridas? E dos
ressentimentos? Como evitar que eles se enraízem nos corações e mentes da nossa
gente?
Eu - Com que informações está trabalhando Jatene? Mágoas,
ressentimentos, desconfianças, feridas? Olhem, esse texto poderia ser
escrito por um marido que, tendo perdido a amada para outro, deita
falação sobre o futuro dos "bruguelos"! Neste debate, nós que defendemos
Carajás e Tapajós, estamos falando de política e economia. Mágoas e
ressentimentos, sendo sentimentos menores, ainda são toleráveis nos
relacionamentos interpessoais, nunca nas questões de estado! Duvido que o
Grupo Yamada, um gigante do varejo, por "mágoa e ressentimento", deixe
de vir instalar-se aqui em Carajás ou que o Grupo Revemar deixe de
investir em Belém pelos mesmos motivos! Jatene deveria mandar seu
marqueteiro de estimação apresentar argumentos que tivessem pelo menos a
profundidade de uma cuia, isso sim! Quem está levando esta campanha
para o rumo de um RExPA, eivada de paixões e melodrama são os próceres
do "Não"! Quem pretende "fechar as fronteiras do Pará" para brasileiros
de outros estados são os líderes da "Turma do Contra"! Se feridas
existem elas estão sendo causadas pelos tutelados de Jatene que insistem
em nos chamar de "forasteiros e foragidos"!