terça-feira, 1 de maio de 2012

Médicos da Sesma ameaçam paralisar atividades

Médicos vinculados à Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) podem paralisar o trabalho. A decisão será tomada em assembleia marcada para a próxima quinta-feira, no Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa). Se optarem pela greve, os profissionais suspenderão todos os atendimentos ambulatoriais nas unidades de saúde e de Estratégia de Saúde da Família em Belém. Apenas os serviços de urgência e emergência serão mantidos, com efetivo de 30% dos especialistas, como prevê a lei.
A ameaça de greve considera reivindicações como a criação de um plano de carreira, cargos e vencimentos; a correção de perdas salariais, segundo o sindicato, acumuladas ao longo de oito anos; melhoria nas condições de trabalho; além do pagamento de plantões extras atrasados desde o final do ano passado.
“A Sesma garantiu que pagaria aos médicos plantões diferenciados para o natal, ano novo e carnaval. Já vamos começar o mês de maio e ainda há colegas que não receberam o pagamento. Isso nos força a uma medida mais enérgica”, disse João Gouveia, diretor administrativo do Sindmepa.
De acordo com o sindicato, hoje cerca de 800 médicos, entre concursados e temporários, prestam serviço à Sesma, recebendo um salário líquido na faixa de R$ 2.500, quase quatro vezes menos que o piso estipulado pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam). “A maior parte da remuneração paga são gratificações e abonos que não são incorporados [à aposentadoria]. Por isso é importante discutir um plano de cargos e carreiras. Muitos médicos hoje estão em condições de se aposentar, mas não podem. Precisamos negociar. Como está, não dá pra continuar”, diz Gouveia
Gouveia denuncia ainda uma situação preocupante. Segundo ele, os médicos do município estariam convivendo com problemas estruturais que comprometem a qualidade do serviço prestado à comunidade. De irregularidades nas instalações a falta de equipamentos, tudo faria parte da rotina dos profissionais de saúde nas unidades da Prefeitura. “Faltam equipamentos e medicações básicas. Não tem foco cirúrgico, esparadrapo. Não estou falando de nada excepcional, são materiais básicos que nos fazem falta. É essa situação caótica que está nos levando a uma possibilidade enorme e concreta de paralisação”, desabafou o diretor.
Em março, uma reunião entre representantes da categoria e membros da Sesma aconteceu na sede do sindicato. Na ocasião, afirma João Gouveia, a secretária municipal de Saúde, Sylvia Santos, foi informada sobre a iminência de uma paralisação, mas ainda assim não houve avanços nas negociações. “Temos uma nova reunião marcada com a secretária para quarta-feira [amanhã], mas sendo muito franco não vejo perspectiva de negociação.”
Procurada pelo DIÁRIO, a Sesma, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que a reunião citada por Gouveia foi remarcada para a manhã de quinta-feira, em virtude da visita do secretário geral do Ministério da Saúde, que chega a Belém amanhã, para tratar do programa SOS Emergência. A assessoria garantiu que reuniões regulares vêm ocorrendo entre o Sindmepa e a Sesma e que várias reivindicações já teriam sido atendidas. A assessoria não soube detalhar quais pedidos seriam esses. (Diário do Pará)