Assisti com bastante atenção e
surpresa à entrevista do senhor secretário municipal de cultura, quando
tratou do carnaval santareno de 2014. Confesso que me surpreendi com a
extinção das Batalhas de confetes. Esta a primeira polêmica, aliás,
comum a todos os anos, é o primeiro grito de carnaval.
O senhor secretário disse que não
haveria as batalhas de confetes aos domingos, por falta de segurança e
de que a Polícia Militar não garantiria o policiamento suficiente para
os dias, só para o desfile oficial. Lembrei-me que sob este argumento
tem acabado, não só em Santarém, mas é uma realidade nacional. A
justificação da fraqueza do Estado, diante do que vem tomando conta do
País, a violência.
No nosso estado do Pará, os bandidos
“mandões” só faltam assaltar o governador Simão Jatene, pois, o delegado
geral do Estado já foi assaltado e baleado. Um Juiz Federal que
caminhava na aristocrática Praça Batista Campos, em Belém, foi
sequestrado. Um Juiz Estadual que trabalhou muitos anos em Santarém
sofreu sequestro relâmpago, ficando na mala do seu próprio carro
abandonado. Uma Promotora de Justiça que também já trabalhou aqui na
Pérola do Tapajós, foi sequestrada e assaltada, sem contar os demais
populares e outros diversos profissionais. Então, o povão, contribuinte
não tem o retorno em serviços adequados pelo pagamento dos seus
impostos.
Aí me lembrei do ano em que o Comandante
do 3º BPM à época, disse que esta não poderia garantir o “arrastão do
Sairé”, depois de muito disse me disse, o arrastão aconteceu.
Recentemente, nesta semana, pela mesma
razão, falta de policiamento, a Federação Paraense de Futebol ia
alterar o início do campeonato paraense de futebol, mas o Papão da
Curuzu, bateu o pé, por causa do seu calendário de treinamento, fora da
Capital. E vai ter o jogo no dia marcado na tabela inicial, ou seja, no
domingo.
Então, depois de acabarem com diversas
tradições culturais, como as nossas festas de São João, fogueiras e
terreiros, tem igreja que não pode fazer suas quermesses, nos seus
bairros. Os colégios, já estão alugando clubes e quadras para fazerem
suas atividades extra classe. E agora, a pedra da vez, a maior festa
popular do povo brasileiro. O carnaval.
Comentando a entrevista e a
justificativa do secretário municipal de cultura, meu colega de
magistério que trabalhamos juntos no Colégio Dom Amando, o excelente
cantor Nato Aguiar, no encontro popular da Garapeira Ipiranga, no
Mercadão dois mil, quando no início de sua gestão, marcou o carnaval de
ritmos diversificados e agora, só o desfile. Aí surgiu ali o “bizu” que,
já está na “boca do povo” de que alguns membros dos órgãos de segurança
pública, lotados neste Município, têm uma empresa de segurança e de que
alguns servidores públicos estaduais militares, sãoos próprios
seguranças e prestam serviços em supermercados, clubes, piscinas e,
demais eventos. Então, não poderiam ir para as ruas prestar o serviço
público para os contribuintes foliões. Ah, ah, ah! Assim, entendo. Como
dizia o macaco da TV, na década de oitenta. “Não precisa explicar. Eu
só queria entender”!
Aceito a permanência do local do desfile
na orla, porque ninguém quis, mais uma vez, ouvir os carnavalescos,
sobre um melhor local para o desfile dos Blocos de Enredo e de
Empolgação, depois, de um dos melhores carnavais feitos em Santarém, nos
últimos anos, quando foi na Silva Jardim (ainda não aceito porque
passou a chamar-se Sérgio Henn), quando o Dr. Roberto Vinholte foi
secretário de Cultura. Ele Tinha outra visão. E a Igreja católica se
antecipou e marcou o Cristoval 2014 para lá. Que bom. Um não pode
atrapalhar o outro. Parabéns!
Agora, eu que vi, participei de diversas
batalhas de confetes, desde a minha infância, nas praças,
primeiramente, na da Matriz, depois São Sebastião, Liberdade,
Tiradentes, DER, Santíssimo, e ultimamente, foram incluídos Cohab, Nova
república e Parque da Cidade. E com uma palavra do atual secretário,
acaba com uma tradição de mais de meio centenário. Pelo que sei e vi
até o atual prefeito de Santarém participava de batalhas de confetes,
acompanhando a bateria de blocos (o que hoje chamam de arrastão). Por
sinal, bastante animado e flexível. Espero que ele encontre uma
alternativa para não acabar de vez com mais uma tradição do povo
santareno. O carnaval de rua e suas batalhas de confetes, sem falar dos
blocos de sujo, e não parar o som dos tamborins, agogôs, repiques,
ganzés e ganzás.
Por: Eduardo Fonseca – (edutupaiu@bol.com.br)