Deputado do PT cumpriu pena por roubo a mão armada, usava drogas, fugiu da cadeia e reabilitou-se
Veja documentos da Justiça sobre a vida pregressa de Luiz Moura, da Assembleia Legislativa de São Paulo
por Fernando Gallo e Fausto Macedo
O deputado estadual em São Paulo Luiz Moura (PT), ligado ao secretário
municipal de Transportes, Jilmar Tatto, viveu um conturbado período de
sua vida nos idos de 1990. Então “vendedor autônomo”, como se declarava,
ele foi preso no interior do Paraná e também em Santa Catarina por
assalto a mão armada.
Pegou 12 anos de condenação, confessou uso de drogas. Ficou pouco mais de um ano e meio na prisão e evadiu-se.
Em 2005, a Justiça concedeu-lhe a reabilitação, tendo em vista “o bom
comportamento, tanto público como privado” – tecnicamente, a Justiça
limpou sua ficha criminal abrindo-lhe a porta inclusive para a aventura
no mundo da política. Elegeu-se parlamentar pelo PT em 2010.
Nesta quinta feira, 22, ele afirmou que que “graças a deus nunca teve ligação com nenhuma facção criminosa”.
Moura disse que “nunca ouviu falar, nunca teve contato” com o ladrão de
bancos Carlinhos Alfaiate, que foi preso pela Polícia Civil de São Paulo
no dia 17 de março durante reunião na garagem da Cooperativa
Transcooper.
O parlamentar estava presente a essa reunião.
O parlamentar estava presente a essa reunião.
Em entrevista exclusiva ao Programa do Datena, na TV Bandeirantes, Moura
declarou que sua “bandeira é o transporte público” e que foi convidado
para a reunião na rua Flores do Piauí, em Itaquera, extremo Leste da
Capital, endereço da cooperativa.
A Polícia conduziu 42 pessoas que estavam no local para a sede do
Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC). O parlamentar
não foi levado para o DEIC.
A Polícia suspeita que o grupo estava reunido para planejar crimes. Um
inquérito está em curso para investigar a facção PCC por ataques a
ônibus na periferia de São Paulo.
O deputado diz que foi convidado para discutir campanha salarial e reajuste dos cooperados.
“Participei de diversas reuniões, fui convidado por diretores da garagem
para poder fazer a interlocução entre a Prefeitura da cidade de São
Paulo, o secretário (dos Transportes, Jilmar Tatto), o prefeito Fernando
Haddad e as permissionárias e concessionárias prestadoras de serviço
público”, afirma o deputado petista.
Segundo ele, o encontro “era justamente com relação à greve, para não
ter essa greve na cidade de São Paulo que deixou mais de 2 milhões de
trabalhadores a pé pela falta de ônibus.”
“Eu estava prestando um serviço para a população da cidade de São Paulo,
fazendo com que não houvesse greve, dialogando com a categoria. E não
teve greve na zona Leste”, argumenta o petista.
Moura diz que o “colocaram num imbróglio por uma questão política”.
“Realmente chegou a Polícia. Mas não existiu nenhum ilícito criminoso
dentro dessa cooperativa As pessoas foram (para o DEIC) na condição de
averiguados. Não fui até a delegacia e os policiais nem me convidaram
para ir até essa delegacia. Graças a deus nunca tive ligação com nenhuma
facção criminosa. Isso posso falar com a maior tranquilidade do mundo.”