Margareth Ferreira, presidente do MTLM, denuncia ação do falso corretor
Membros do Movimento dos Trabalhadores
em Luta Pela Moradia (MTLM), que permanecem ocupando um terreno próximo
ao Lago do Juá, nos arredores da grande área do Maracanã, em Santarém,
denunciam um homem, que se intitula empresário do ramo imobiliário, que
está tentando vender às famílias, as casas do programa do Governo
Federal “Minha Casa, Minha Vida”.
Hoje, membros do MTLM reivindicam uma
área de 200 metros, próximo a rodovia Fernando Guilhon, cujo lote também
é questionado pela empresa SISA/Salvação, que se intitula proprietária
da área.
Em relação à oferta dos imóveis do
Residencial Salvação, localizado na Fernando Guilhon, segundo a
coordenadora do MTLM, Margareth Ferreira, um homem que se identificou
apenas como “Marcos”, esteve na área ocupada por dezenas de famílias, no
último final de semana, cobrando entre R$ 10,00 e R$ 20,00 de inscrição
de cada uma delas, o que daria direito a adquirir uma das casas.
“Ele (Marcos) foi no sábado e ofereceu
cestas básicas às famílias, para que se retirassem do local. Já no
domingo, ele tornou a aparecer na área de ocupação, com uma planilha na
mão, oferecendo as inscrições do Minha Casa Minha Vida, para as
famílias”, denuncia Margareth.
Ela revela que “Marcos” também disse que
era filho do dono de uma empresa que vende material de construção. “Ele
falou que era filho dessa empresa e, que estava autorizado a inscrever
as famílias para conseguir uma casa do conjunto habitacional. Logo
suspeitamos que tratava de um charlatão, que quer ganhar dinheiro às
custas das pessoas que procuram moradia”, disparou Margareth.
Outros membros do MTLM também
confirmaram que foram procurados pelo suposto empresário “Marcos”. “Ele
chegou e perguntou pra nós quem nos comandava e se fazíamos parte de
alguma associação. Eu respondi que ninguém nos comanda. Ele disse que
estava fazendo um cadastro e quem quisesse tinha que correr, era dez
reais o cadastro e dez reais pra pagar a casa pra ele”, contou Izane
Maria Lopes.
Ainda, segundo a moradora, o suposto
empresário afirmou que tinha pressa em apresentar a lista das famílias à
Caixa Econômica Federal (CEF), a qual administra os imóveis.
OCUPAÇÃO: Desde
fevereiro deste ano, mais de 200 famílias do Movimento dos Trabalhadores
em Luta pela Moradia ocupam uma área às margens da rodovia Fernando
Guilhon, no bairro Elcione Barbalho, em Santarém. O terreno invadido,
segundo a diretoria da Sisa/Salvação, pertence à referida empresa. Já a
líder do MTLM, Margareth Ferreira, afirma que centenas de famílias
trabalharam mata adentro na rodovia, onde limparam o terreno e fizeram
moradias.
“Nos tiraram daqui em 2010 e nos
prenderam por um crime que não cometemos. Nós só queremos o que é de
direito nosso: a moradia. Eles [ocupantes] estão espalhados num terreno
de 800 metros de fundo por 200 metros de largura. Tiraram a mata,
limparam a área. Quem pôde construir e teve condições, construiu, quem
ainda não pôde vai fazer seu barraco”, informou Margareth Ferreira.
Margareth garante que a ocupação, desta
vez, será definitiva. “Agora nós estamos ocupando e vamos ficar aqui. Já
que o Governo até hoje não deu a resposta que estamos querendo, vamos
ocupar essa área e a terra nos pertence, porque ela é propícia à
moradia”, completou. De acordo com ela, o movimento faz uma ação
conjunta em defesa ao Lago do Juá.
NOTIFICAÇÃO: No início
deste mês, os ocupantes do terreno questionado pela empresa Buriti/Sisa
Salvação Empreendimentos Imobiliários, foram notificados pela Justiça. O
documento ordenou que a área fosse desocupada de imediato. Porém, mesmo
o advogado da Buriti tendo se dirigido ao local com apoio da Polícia
Militar, as famílias não desocuparam os lotes. As famílias que fazem
parte do Movimento de Trabalhadores em Luta por Moradia ocupam a área
desde o início do ano. No dia 29 de julho último, os ocupantes
interditaram a Avenida Fernando Guilhon, em protesto a uma liminar
(decisão provisória) para reintegração de posse da área. Na época, o
advogado da empresa Buriti confirmou que os oficiais de Justiça
estiveram no local para garantir o cumprimento da decisão judicial do
dia 28 de julho e que poderia haver apoio da Polícia, caso a
determinação não fosse cumprida.
De acordo com a líder do MTLM, Margareth
Ferreira, os integrantes do movimento se reuniram para decidir quais
providências deveriam ser tomadas para garantir segurança para as
famílias que ocupam o terreno. “Pedimos um prazo de pelo menos cinco
dias para que as famílias buscassem uma solução, que poderia ser um
terreno cedido pela Prefeitura”, informou.
Segundo Margareth, houve uma reunião na
manhã do dia 30 de julho com o chefe de gabinete da Prefeitura, Jaci
Barros, na qual solicitaram uma audiência com o prefeito Alexandre Von
para tratar sobre a situação, mas este encontro ainda não aconteceu.
O integrante do MTLM, Jeferson Pereira,
explicou que a prioridade da luta é essa área ocupada, mas garante que o
movimento está disposto a negociar uma nova área com a Prefeitura.
Por: Manoel Cardoso