QUADRILHA PRESA NO RS OSTENTAVA DINHEIRO E DESAFIAVA POLÍCIA NA INTERNET
Criminosos exibiam dinheiro, armas, e objetos roubados nas redes sociais.
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Na internet, criminoso se exibe queimando notas de R$ 50 e R$ 100 (Foto: Reprodução/Polícia Civil) |
Vinte e dois presos e 53 mandados de
busca. Esse foi o saldo da “Operação Ostentação” realizada no início
desta semana em Porto Alegre. A investida da polícia que desarticulou
uma quadrilha apontada como responsável por vários crimes na capital
gaúcha recebeu esse nome por causa da ousadia dos criminosos. Nas redes
sociais, eles exibiam o dinheiro obtido com atividades ilícitas, armas e
até desafiavam as autoridades.
A investigação durou mais de três
meses e envolveu duas delegacias de Porto Alegre. A “Operação
Ostentação” começou quando a polícia percebeu que vários crimes
cometidos na Zona Sul da cidade apontavam para o mesmo grupo de jovens.
“A maioria deles de classe média.
Acabavam entrando no mundo do crime porque dava muito dinheiro, eles
estavam ganhando muito dinheiro com a prática criminosa”, afirma o
delegado Luciano Peringer, responsável pela operação. “É uma quadrilha
muito perigosa. Praticava roubos, assaltos e até tráfico de
entorpecentes. "Acreditamos que sejam em torno de 200 assaltos, do
inicio do ano para cá”, acrescenta outro policial.
O bando era chefiado por Gustavo
Maineri da Silva, de 32 anos. A namorada dele, Raila Saraiva, é policial
militar. Ao invés de proteger as vítimas, ela ajudava os bandidos. Em
uma escuta telefônica obtida pela polícia, ela aparece se oferecendo
para comprar uma arma para o namorado criminoso:
Raila: "Tem uma 765" (arma).
Gustavo: "Quem tem?"
Raila: "Lá...750" (reais).
Gustavo: "Tá, é minha. Compra, fala que é contigo".
Raila: "Já falei, já que amanhã eu deposito o dinheiro".
Gustavo: "Quem tem?"
Raila: "Lá...750" (reais).
Gustavo: "Tá, é minha. Compra, fala que é contigo".
Raila: "Já falei, já que amanhã eu deposito o dinheiro".
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Quadrilha exibia armas, dinheiro e objetos roubados das vítimas na web |
De acordo com a polícia, a
especialidade do bando era roubo de carros. “Cada carro roubado era
vendido pelo valor de R$ 2 a R$ 3 mil. Eles chegaram a roubar em um
final de semana, na verdade em dia, num sábado, 14 veículos”, afirma o
delegado.
Todas as ações aconteciam de forma
rápida e sempre da mesma maneira. Imagens feitas por câmeras de
segurança flagraram um dos roubos. No vídeo, uma família aparece
entrando no carro. Logo em seguida, outros dois carros chegam em alta
velocidade. Os bandidos saltam e ordenam a retirada dos passageiros.
Eles entram e arrancam com o automóvel roubado.
Desta vez ninguém saiu ferido. Mas
um policial militar, que foi rendido pelos bandidos durante um assalto,
levou dois tiros ao tentar reagir. "Eu ouvi que ele falou assim: 'Atira e
mata, que é polícia'. Ele encostou o revólver no pescoço e efetuou o
disparo. E, mesmo assim, eu caído, ele me deu mais um tiro na cabeça”,
ele lembra.
Uma mulher que não quer ser
identificada também teve seu carro levado pela quadrilha. “Eu estava
estacionada na rua com o meu filho dentro do carro, quando eu fui
abordada. Eu desci do carro com meu filho e eles saíram em alta
velocidade. E aí eu encontrei a outra moça que tinha sido roubada. Aí
que eu percebi que tinham sido roubados dois carros naquele momento”,
relata a vítima.
Além de carros, os bandidos também
assaltavam casas, lojas e até um banco, de onde foram levados cerca de
R$ 280 mil. Tudo que conseguiam levar ia parar nas redes sociais. Os
criminosos faziam questão de postar fotos mostrando o fruto dos roubos:
joias, armas, relógios de ouro e muito dinheiro.
Um deles aparece até botando fogo em
várias notas de R$ 100. Nem o gato de um dos bandidos escapou, com um
cordão de ouro e deitado numa cama de notas de dólares. A ousadia era
tanta que um deles aparece vestindo uma camisa da polícia com o
comentário: “Eu sou a lei”.
Mas foi justamente tanta ostentação
que ajudou a polícia a identificar os criminosos. Uma das vítimas
reconheceu os objetos roubados pelas postagens na internet. “este
relógio é meu e aquele monitor também”, diz ela, apontando para a foto.
“Na outra foto o mesmo criminoso estava utilizando o meu antigo relógio.
E comecei a acompanhar o dia a dia deles. é um diário do crime. É muita
ostentação”, acrescenta a vítima.
Na última terça-feira (29), 300
policiais civis conseguiram prender parte da quadrilha. No total, foram
cumpridos 52 mandados de busca e apreensão e 31 mandados de prisão em
Porto Alegre e na Região Metropolitana. Mas nove bandidos que aparecem
nas fotos continuam foragidos.
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Suspeitou posta foto do filho com várias notas, segundo a polícia |
Um deles, de 17 anos e que teve o
pedido de apreensão negado pelo Juizado da Infância – e é considerado o
mais violento do grupo, não se intimidou e desafiou as autoridades nas
redes sociais. Na manhã em que seus comparsas iam presos, ele debochou,
rindo. “Colocam na rede social em tom de deboche, atrevimento. Uma
afronta à sociedade”, diz uma das vítimas.
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Foto de gato com corrente de ouro e deitado sobre notas de dólares |