“Encontro das Águas”, patrimônio cultural do Pará, está sendo poluído por esgotos
Cerca de 9 esgotos despejam sujeira diretamente no Rio Tapajós
Em frente à cidade de Santarém, no Oeste
do Pará, os rios Amazonas e Tapajós se encontram sem se misturar. Com
uma paisagem inusitada, a beleza natural é agora patrimônio de natureza imaterial do Estado,
pois as águas azul-esverdeadas do Rio Tapajós e as águas barrentas do
Rio Amazonas formam um fenômeno natural onde os rios correm lado a lado
por uma longa extensão.
Em contrapartida, as margens do Tapajós
estão tomadas pelo lixo, situação que pode ser percebida neste período
em que as águas estão baixando. Além da sujeira, pelo menos nove esgotos
são despejados diretamente no rio, vindos de casas da área central e
bairros adjacentes. Pescadores e banhistas se arriscam tendo contato com
a água contaminada.
Há cerca de dez anos, Santarém possuía
quatro sistemas de acúmulo de esgoto que recebiam águas da chuva e lixos
que vinham da parte mais alta da cidade e caíam direto nos pontos de
reserva. Atualmente os sistemas não estão funcionando.
De acordo com Coordenadoria Municipal de
Saneamento Básico, há dois anos estão sendo realizadas obras de
tratamento de esgoto na cidade com previsão para serem concluídas em
2016. Uma nova estação elevatória está sendo construída na Praça
Tiradentes e no bairro Aldeia. O objetivo é que a água despejada na rede
de esgoto chegue a esta estação e vá para a estação de tratamento de
esgoto da bacia do Irurá, no bairro Mapiri.
RISCOS À SAÚDE: Para o
engenheiro sanitarista José Cláudio Reis, o lixo despejado no rio
causará danos diretamente à saúde da população. “Isso ocasiona a
diminuição do oxigênio dissolvido no rio, levando a morte de peixes,
acúmulo de sedimentos, entre outros fatores, sem contar com a
contaminação que vai causar danos diretamente à saúde da população”,
explica.
O engenheiro ressalta, ainda, a
importância do tratamento de esgoto para a preservação do rio. “O
Tapajós, por ser um dos maiores rios que nossa região apresenta, a
capacidade que ele apresenta de depurar é muito grande, mas isso não
quer dizer que a gente pode lançar esgoto in natura a qualquer momento. O
correto é que, antes que esse esgoto seja descartado em qualquer corpo
d’água, o ideal que ele passe por um processo de tratamento, em uma
estação de tratamento de esgoto”, conclui.
Fonte: RG 15/O Impacto e G1