PETROBRAS: JADER BARBALHO É CITADO NA OPERAÇÃO LAVA JATO
E-mail liga senador do PMDB a “maracutaias” e “acordos” feitos na Petrobras
Matéria
publicada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo cita o senador Jader
Barbalho (PMDB-PA) como um dos políticos de influência direta no cartel
instalado dentro da Petrobras. O peemedebista aparece como um dos nomes
por trás das indicações sobre a divisão das obras da estatal ao grupo
fechado de empreiteiras. A reportagem apresentou um e-mail que circulou
pela empresa em dezembro de 2008, antecipando a maioria das acusações
contra a Petrobras que surgiram agora na Operação Lava Jato.
A mensagem, de um funcionário
anônimo, que se autointitula O Vigilante, menciona o nome de Jader ao
lado do político que indicou Paulo Roberto Costa para a diretoria de
Abastecimento, José Janene (PP-PR), morto em 2010 por problemas
cardíacos. “Pobres diretores, tornaram-se escravos do Janene, do Jader
Barbalho”, diz. A reportagem afirma ainda que não conseguiu localizar
nenhum assessor do senador paraense para comentar essa acusação.
O e-mail foi enviado como alerta a
quatro diretores e 16 executivos da petroleira. “Continua a ser
praticada livremente toda a sorte de maracutaias e ‘acertos’ nas cúpulas
da nossa Petrobras. Isso precisa acabar”, defende O Vigilante, que
escolheu o nome fictício para enviar o e-mail, Norberto Andrade Camargo -
uma junção do nome de três empreiteiras que estão sob investigação na
Lava Jato (Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa).
A reportagem explica que a mensagem
anônima é considerada por especialistas como um dos instrumentos mais
eficazes de combate à corrupção porque o denunciante pode falar o que
quiser sem sofrer retaliações. Como destinatários desta mensagem,
aparecem Paulo Roberto Costa, Renato Duque, ex-diretor de Serviços, e
Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional, todos réus da Lava
Jato sob acusação de terem recebido suborno, assim como Sérgio Machado,
presidente da Transpetro - que se licenciou do cargo depois que Costa
disse ter recebido R$ 500 mil de propina dele por conta de contratos
superfaturados.
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Arte: J. Bosco |
O e-mail também foi enviado a Venina
Velosa da Fonseca, ex-gerente da estatal que diz ter alertado Graça
Foster, em 2007, dos desvios na diretoria de Abastecimento. À época,
Graça, a atual presidente da Petrobras, era diretora de Óleo e Gás da
empresa.
A maneira como o funcionário
descreve o funcionamento do suposto cartel é similar à narrativa feita
por dois delatores da Lava Jato: Julio Camargo e Augusto Miranda, da
Setal. Segundo eles, havia um “clube” que loteava obras pagando propina a
diretores. O denunciante diz que o fato de a Petrobras não aplicar a
Lei das Licitações estimulou “falcatruas e desmandos”: “Vence quem
combinou vencer e ninguém se queixa, porque todos ganham (...). E ganha o
diretor, ganha o lobista e ganha o político”.
A mensagem cita também o nome de
Fernando Soares, chamado de Baianinho, como um dos lobistas que agia na
estatal. Soares foi acusado por delatores de ter recebido US$ 40 milhões
(R$ 106 milhões) de propina em 2009 e 2010 ao intermediar a venda de
dois navios para a diretoria internacional, ocupada à época por Nestor
Cerveró. Soares está preso na Polícia Federal de Curitiba desde 18 de
novembro sob acusação de intermediar propina. O advogado de Fernando
Soares, Mario de Oliveira Filho, diz que seu cliente só fez negócios
lícitos na Petrobras.
Procurada, a estatal petroleira não quis comentar o e-mail de O Vigilante.