PMDB tira apoio irrestrito a Dilma no Senado
Renan Calheiros considera “muito difícil” aprovação na Casa de projetos do governo Dilma
Partido do vice-presidente da República,
Michel Temer, o PMDB deve continuar a dar dor de cabeça à presidente
Dilma Rousseff no Congresso em 2015. Reportagem do jornal O Estado de
São Paulo diz que a insatisfação dos peemedebistas e membros de demais
partidos da base se dá por causa da nova composição da Esplanada dos
Ministérios. Eles prometem continuar a defender as propostas
encaminhadas pelo governo em prol do reequilíbrio das contas públicas,
mas dizem que a partir de agora os projetos serão discutidos caso a caso
e já sinalizam que que vão rejeitar projetos que aumentem impostos.
A estratégia, segundo O Estado, foi
definida em reunião convocada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB), na quinta-feira (1º), dia da posse de Dilma, quando
integrantes da bancada do PMDB (a maior da Casa, com 19 dos 81
assentos) passaram a discutir a adoção de uma postura de maior
independência em relação ao governo. Avaliação é que a fidelidade
exercida pelo partido no primeiro mandato não foi bem recompensada na
reforma ministerial.
Incomodou ainda o fato de partidos com
baixa representatividade no Senado, como PSD (que elegeu três
senadores) e o PROS (que não elegeu nenhum), terem ficado com pastas
relevantes na reforma. Cidades e Educação, respectivamente. Ainda de
acordo com a publicação, ‘um proeminente peemedebista do Senado disse
que o partido saiu “humilhado” da reforma, uma vez que foi repassada ao
público a imagem de que o governo cedeu ao apetite fisiológico do PMDB’.
Renan Calheiros teria dito ao Estado que
considera “muito difícil” a aprovação no Senado de projetos que
aumentem impostos, caso a nova gestão de Dilma pense nessa ideia. Para
ele, “sempre é mais fácil” cortar gastos públicos. “Cabe ao Senado
exatamente exercer uma espécie de controle do andamento da política
fiscal e temos consciência disso”.
Senadores de outras siglas da base
aliada também indicaram à reportagem que vão dar a partir de 2015 um
apoio mais “crítico” ao Executivo. Isto é, não vão chancelar qualquer
iniciativa encaminhada pelo Palácio do Planalto.
Nos próximos quatro anos, Dilma terá uma
base de apoio no Senado menor do que no início do seu governo, em 2011.
Ainda assim, será uma situação mais confortável do que a verificada na
Câmara dos Deputados.
Além de medidas de ajuste fiscal da nova
equipe econômica que precisam passar pelo crivo do Congresso, a
presidente terá uma extensa lista de propostas que precisam,
obrigatoriamente, ser apreciadas pelos senadores: votação do Orçamento
de 2015; a aprovação das duas medidas provisórias que mudam regras para
concessão de benefícios previdenciários e trabalhistas; a prorrogação
para além do final de 2015 da Desvinculação das Receitas da União (DRU)
que permite ao governo utilizar livremente 20% dos recursos vinculados a
áreas obrigatórias pela Constituição ; a nova política de salário
mínimo a partir de 2016; a Lei Geral das Antenas; o novo Marco da
Mineração e a reforma do ICMS.
Fonte: O Globo