Ronaldo Fenômeno ensaia um retorno aos
campos. Confirmou a intenção em entrevista concedida à Maradona, outro
useiro e vezeiro em idas e vindas. Como tantos outros jogadores que
saíram de cena e cederam à comichão de voltar a correr atrás da pelota, o
melhor atacante do mundo na virada do século parece mesmo disposto a
reaparecer nos gramados pelo time do qual é sócio na Liga
Norte-Americana.
Para os padrões do futebol nos EUA a
pretensão de Ronaldo não chega a ser absurda. O nível técnico do
campeonato é fraco e permite que veteranos se apresentem sem grandes
atropelos. É, por assim dizer, o paraíso da enganação. Kaká já está por
lá, Léo Moura está indo.
Mas Ronaldo se engana ao julgar que
reaparecer nos States não arranhará sua imagem. Há quatro anos, quando
se despediu no Corinthians, seu ritmo já era capenga, situação agravada
pelo mau condicionamento atlético. Os aplausos que ganhou no final têm
mais a ver com a boa vontade geral pelo muito que fez ao longo da
carreira.
Se naquela época já era constrangedor
vê-lo em ação contra jogadores mais rápidos, embora menos talentosos,
imagine o desconforto que ele causará envergando a camisa da equipe
ianque como um peladeiro de fim de semana.
Os fãs que eternizaram na memória suas
grandes jogadas pela Seleção Brasileira, Barcelona, Internazionale e
Real Madri não merecem tamanha desfeita. Deveria haver um meio de
proteger os grandes ídolos do esporte da tentação de estragar o próprio
passado.