quinta-feira, 18 de junho de 2015

OS LOBOS NÃO DORMEM

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A três anos da eleição presidencial, o tucanato nacional está em alvoroço desde que a sua alta plumagem abriu uma guerra intestina, por conta da indicação do PSDB à sucessão de Dilma Rousseff em 2018.
Leia-se como “alta plumagem” o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o senador por São Paulo, José Serra e o senador por Minas Gerais, Aécio Neves, que já percebeu que não é o candidato natural do PSDB à presidência da República, mas já avisou que não entregará os tentos candidamente.
A recente eleição do diretório regional do PSDB de São Paulo abriu a brecha para se enxergar a disputa publicamente: o palco lançou, sem meias ou interpostas palavras, Geraldo Alckmin para presidente.
Serra e Aécio não estão para prosas e uivam que não descartam, inclusive, a saída do PSDB. Tudo sem pressa, obviamente, afinal ainda rolarão três anos de águas por debaixo da ponte e se a enxurrada for grande até a ponte afoga-se rio abaixo.
O próprio Geraldo Alckmin tem o seu plano B: poderia ir para o PSB e o namoro com a sigla já tem um soslaio que asseguraria aos socialistas o apoio do governo de São Paulo para eleger Márcio França governador do Estado.
Aécio Neves trabalha na moita, pois, acostumado às conquistas fáceis das noites cariocas, não é chegado às articulações longas, que demandem muito amor platônico antes da consumação do ato.
José Serra troca olhares com o PMDB, o que tem posto octanagem nas faíscas estomacais da maior federação partidária do Brasil.
É que os alfas do PMDB, encabeçados pelo vice-presidente Michel Temer, não descartam receber Serra na sigla e lançá-lo candidato a presidente, mas eis que surgiu mais um alfa que quer formar a sua própria matilha: o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (RJ), que quer almoçar Temer para que esse não o jante ao anoitecer.
Depois de se fazer presidente da Câmara, mais por seu próprio muque que pelo PMDB, Cunha elegeu o líder do partido na Casa, derrotando o grupo de Michel Temer, cuja hegemonia parlamentar reside no Senado.
O objetivo de Cunha é tomar o comando do PMDB, tendo como aliado o grupo do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que tem como sonho de uma noite de verão ser o candidato do partido à presidência em 2018.
O Palácio do Planalto tenta colocar algodão entre os cristais, em uma incomoda e inglória posição, pois o mero olhar para agradar um lado é visto pelo outro como preterimento.
Político que dorme, em qualquer lugar do mundo, mas especialmente em Brasília, acorda morto.