Carteira de motorista à venda por R$ 3 mil

Ação da Polícia Civil
também realizou apreensões em sedes dos Ciretrans, nas casas dos
acusados e em autoescolas (Foto: Divulgação)
A operação “Galezia”,
realizada pela Polícia Civil, desarticulou um esquema de expedição
fraudulenta de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no sul e sudeste
do Pará. A investigação resultou em 10 prisões realizadas na manhã de
ontem, das quais sete foram de servidores de Circunscrições Regionais de
Trânsito (Ciretrans), do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Na fraude, a Carteira de Habilitação
custava cerca de R$ 3 mil. “As habilitações apreendidas serão suspensas.
Com esse material, vamos ter condições de ampliar a investigação”,
destacou o delegado-geral do Pará, Rilmar Firmino. Também foram
cumpridos 42 mandados de busca e apreensão em sedes de Ciretrans, nas
casas de funcionários do órgão e em autoescolas. A operação contou com o
apoio do Detran e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado, do Ministério Público do Estado.
Em oito meses de investigação - que
iniciou após levantamento feito pela Corregedoria do Detran -, foi
constatada a alta incidência de pedidos de mudança de domicílio para que
fosse possível a retirada da carteira em municípios do sul e sudeste do
Pará, a partir de 2010, o que levantou a suspeita de que algo estava
errado.
Foi constatado ainda que 28 mil
pedidos de transferência eram de outros estados. O esquema tinha início
com uma psicóloga, proprietária de uma clínica no município de Pedro
Afonso, em Tocantins, considerada o núcleo do esquema no Estado. Ela
autorizava os exames psicotécnicos e dava os pareceres favoráveis para
que o candidato pudesse requisitar a Carteira de Habilitação no Pará.
Em seguida, Centros de Formação de Condutores paraenses expediam os certificados de conclusão do curso das aulas teórica e prática de direção veicular como se os candidatos tivessem realizado todos trâmites para obter a carteira.
Em seguida, Centros de Formação de Condutores paraenses expediam os certificados de conclusão do curso das aulas teórica e prática de direção veicular como se os candidatos tivessem realizado todos trâmites para obter a carteira.
R$ 180 mil são apreendidos na casa de funcionário do Detran
A fraude se completava quando documentos eram encaminhados para os Ciretrans, onde servidores aprovavam os candidatos sem que eles estivessem presentes nas provas prática e teórica.
Segundo o Ministério Público, foram apreendidos R$ 180 mil na casa de um servidor do Detran em Redenção. Somente em abril deste ano, a investigação detectou que foram feitos cerca de 500 processos de transferência domiciliar para cidades do Pará.
Segundo o Ministério Público, foram apreendidos R$ 180 mil na casa de um servidor do Detran em Redenção. Somente em abril deste ano, a investigação detectou que foram feitos cerca de 500 processos de transferência domiciliar para cidades do Pará.
Também foram alvo das
investigações os Ciretrans de Conceição do Araguaia, Santana do
Araguaia, Xinguara, Tucumã, Ourilândia do Norte, São Félix do Xingu e
Paragominas. “Caso seja comprovado, partiremos de acordo com a lei para a
cassação das habilitações e da licença de funcionamento dos centros (de
formação de condutores)”, afirmou Nilton Atayde, diretor geral do
Detran. Segundo ele, os servidores efetivos serão alvo de um processo
administrativo disciplinar. Os acusados vão responder pelos crimes de
corrupção, estelionato e associação criminosa.
PRESOS
Os servidores do Detran
presos em Redenção foram: Valdimar Barbosa (diretor do Ciretran); Cícero
Sander Prudente (examinador e vistoriador); Alvaro da Silva (examinador
e agente de fiscalização) e Celeste Nazaré Costa (examinadora e agente
administrativa).
Em Paragominas, foi preso o
servidor Antônio Barros, chefe de grupo. Já em Ourilândia do Norte,
foram os servidores Ivan Ribeiro ( auxiliar administrativo) e José
Bonfim Araújo de Soua (atendente). Donos de dois Centros de Formação de
Condutores também foram presos: Douviran Lopes Correa (Redenção) e
Cícero Camelo (Tucumã). A psicóloga Lana Lanucy Bezerra também
foi presa.
foi presa.
CONTRADIÇÕES DO ESQUEMA
Somente do município
de Pedro Afonso, no Tocantins, foram feitos 12 mil pedidos de
transferência domiciliar, para que fosse solicitada a Carteira de
Habilitação no Pará. Porém, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), Pedro Afonso tem cerca de 11 mil moradores, mil a
menos do que os pedidos de transferência.
Foi encontrado ainda um endereço, no município de Xinguara, que apresentava 150 pedidos de transferência para o mesmo domicílio.
Foi encontrado ainda um endereço, no município de Xinguara, que apresentava 150 pedidos de transferência para o mesmo domicílio.
(Thamyres Nicolau/Diário do Pará)