terça-feira, 19 de abril de 2016

Injustiçada e indignada

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Na sua primeira fala depois da votação do impeachment, ontem (18) à noite, a presidente Dilma se disse “injustiçada e indignada” com o resultado a ela imposto pela Câmara Federal.
Dilma Rousseff insistiu na retórica de que enfrenta “um golpe de Estado”, e afirmou que tem "ânimo, força e coragem suficiente”, para enfrentar a batalha que será travada no Senado.
A presidente sustentou a inépcia de se tentar impedi-la pelas pedaladas fiscais, opinando que “não cometeu os atos baseados em ilegalidade”, mas logo perde a tramontana ao bater-se, desnecessariamente, com o seu desafeto Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal:
“É muito interessante que contra mim não há acusação de enriquecimento ilícito. Por isso, me sinto injustiçada, porque aqueles que praticaram atos ilícitos e têm contas no exterior presidem a sessão e conduzem sessões importantes como a do impeachment de um presidente da República".
E, no mesmo diapasão, parte para cima do vice-presidente Michel Temer:
“É estarrecedor que um vice-presidente no exercício do seu mandato conspire contra a presidente abertamente. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que fizesse isso seria respeitado porque a sociedade humana não gosta de traidores".
Dilma, apenas em uma escala musical mais baixa, canta a mesma música de antes, portanto, alguém precisa convencê-la a salvar-se de si mesma, prevenindo-a que aleitar o mesmo discurso que já se provou inócuo no domingo é bater em uma tecla sem eco.
É preciso agora trabalhar com mais profissionalismo jurídico e menos amadorismo político, para tentar a quase improvável tarefa de juntar, no Senado, o leite derramado na Câmara Federal.
Começando por substituir imediatamente o seu advogado. José Eduardo Cardozo, destarte se tenha mostrada competente tecnicamente para a empreitada, não reúne condição política para ser ouvido por seus interlocutores e, na maioria das defesas, ou acusações, a postura e a empatia do emissor da mensagem têm peso específico maior que o conteúdo delas. A presidente da República precisa buscar no mercado um advogado respeitado pelos senadores.