Na
sua primeira fala depois da votação do impeachment, ontem (18) à noite,
a presidente Dilma se disse “injustiçada e indignada” com o resultado a
ela imposto pela Câmara Federal.
Dilma Rousseff
insistiu na retórica de que enfrenta “um golpe de Estado”, e afirmou
que tem "ânimo, força e coragem suficiente”, para enfrentar a batalha
que será travada no Senado.
A presidente
sustentou a inépcia de se tentar impedi-la pelas pedaladas fiscais,
opinando que “não cometeu os atos baseados em ilegalidade”, mas logo
perde a tramontana ao bater-se, desnecessariamente, com o seu desafeto
Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal:
“É muito interessante que contra mim não há acusação de enriquecimento ilícito. Por isso, me sinto injustiçada, porque aqueles que praticaram atos ilícitos e têm contas no exterior presidem a sessão e conduzem sessões importantes como a do impeachment de um presidente da República".
E, no mesmo diapasão, parte para cima do vice-presidente Michel Temer:
“É estarrecedor que um vice-presidente no exercício do seu mandato conspire contra a presidente abertamente. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que fizesse isso seria respeitado porque a sociedade humana não gosta de traidores".
Dilma,
apenas em uma escala musical mais baixa, canta a mesma música de antes,
portanto, alguém precisa convencê-la a salvar-se de si mesma,
prevenindo-a que aleitar o mesmo discurso que já se provou inócuo no
domingo é bater em uma tecla sem eco.
É preciso agora trabalhar com mais profissionalismo
jurídico e menos amadorismo político, para tentar a quase improvável
tarefa de juntar, no Senado, o leite derramado na Câmara Federal.
Começando
por substituir imediatamente o seu advogado. José Eduardo Cardozo,
destarte se tenha mostrada competente tecnicamente para a empreitada,
não reúne condição política para ser ouvido por seus interlocutores e,
na maioria das defesas, ou acusações, a postura e a empatia do emissor
da mensagem têm peso específico maior que o conteúdo delas. A presidente
da República precisa buscar no mercado um advogado respeitado pelos
senadores.