sexta-feira, 3 de junho de 2016

Em protesto a Jatene, defensores podem parar

DOL

Em protesto a Jatene, defensores podem parar  (Foto: Div./Antônio Silva/Ag. Pa)
Jeniffer Araújo é casada com Eduardo Araújo, sócio de Beto Jatene, filho do governador. (Foto: Div./Antônio Silva/Ag. Pa)

A Associação dos Defensores Públicos do Estado do Pará (ADPEP) não descarta uma paralisação das atividades da categoria, caso o governador do Estado, Simão Jatene (PSDB), não revogue a nomeação de Jeniffer Rodrigues Araújo. Ela foi a 3ª colocada na eleição da categoria para escolher o Defensor Público Geral do Estado, no último dia 13. Ao nomear Jeniffer, Jatene demonstrou desprezo pela vontade da categoria.

O problema maior, porém, é outro. Jeniffer é casada com Eduardo Simões Araújo, sócio de Beto Jatene, filho do governador. Revoltados, os defensores decidiram se reunir hoje, na sede da ADPEP, no bairro do Comércio, em Belém, a partir das 14h, para definir as medidas a serem tomadas. A convocação para a reunião foi assinada pelo presidente da Associação, Fabio Pires Namekata.

Além de discutir sobre uma possível paralisação, o documento chama os associados para debater um posicionamento neutro da entidade, de forma a possibilitar o diálogo com o Governo. Outra proposta que será discutida é a produção de uma nota, pedindo a revogação da nomeação. Além de ter tido o menor número de votos (71) - o 1º colocado teve 125 e o 2º, 92 -, a defensora escolhida por Jatene tem sua nomeação posta em xeque pela proximidade que tem com a família do governador.

SOCIEDADE

O marido de Jeniffer - Eduardo Araújo - é sócio de Beto Jatene em 3 postos de combustíveis, em Belém, segundo documentos da Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa). Eduardo foi assessor especial I, lotado na Casa Civil em 2014. No Diário Oficial do Estado (DOE) do último dia 25, ele foi nomeado para o mesmo cargo, desta vez lotado na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
“A maioria disse que não a queria no cargo. Mas Jatene, por ter relação pessoal, nomeou-a, mesmo assim”, afirmou o deputado Iran Lima. (Foto: Ricardo Amanajás)

Na Assembleia Legislativa, a nomeação repercutiu de forma negativa. O deputado Carlos Bordalo (PT) discursou sobre a moralidade do ato, ainda que haja amparo legal. “Foi dito que a escolha do governador se baseou nos programas propostos pelos candidatos. Mas não existe nada na lei que diga que ele deve avaliar isso”, disse Bordalo.

Ele classificou a nomeação como um “atentado à segurança política para todos os órgãos do Pará”. Iran Lima, líder do PMDB, lembrou que Jeniffer Araújo obteve menos de 25% dos votos válidos da lista tríplice. “A maioria disse que não a queria no cargo. Mas Jatene, por ter relação pessoal, nomeou-a, mesmo assim”, criticou. “Uns dos princípios constitucionais da administração pública são a moralidade e a impessoalidade”, afirmou.

O DIÁRIO tentou falar com Jeniffer Araújo várias vezes. Na noite de ontem, nossa reportagem conseguiu contato por telefone, mas a defensora desligou.

(Carolina Menezes/Diário do Pará)