quinta-feira, 23 de junho de 2016

Membro de CPI é acusado de extorquir investigado em plena era da Lava Jato


G1


Quando parece que a política já apodreceu —o Cunha ainda com mandato, o Renan ameaçando o Janot de impeachment, o Campos transferido da cova para um inquérito policial, o Rio quebrado e as empreiteiras revelando que o Cabral também distribuía mordida$— surge na Câmara mais uma evidência de que a putrefação é apenas uma escala rumo ao insolúvel: vice-presidente da CPI do Carf, o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA) acusa um membro da comissão de frequentar os dois lados do guichê, ora fingindo que investiga, ora extorquindo investigados.
Você pensa nas 105 condenações da Lava Jato, cujas penas somam 1.140 anos, 9 meses e 11 dias de cadeia, respira fundo e imagina: “O brasileiro já pode dormir mais tranquilo…” E não pode. Tem que se preocupar com a CPI do Carf. Hildo Rocha contou à repórter Gabriela Valente que um empresário lhe disse “que estava sendo chantageado por um deputado.”
Cadê o empresário? “Eu pedi que ele, junto comigo, fizesse a denúncia, e perguntei se eu poderia mencionar o nome dele e o do deputado. Ele disse que não.” Por que o vice-presidente da CPI não joga o caso no ventilador? “Porque a pessoa que me disse que estava sendo achacada não quis que eu dissesse o nome dela. Se ele permitisse que eu dissesse o nome, eu teria de dizer quem é a pessoa e quem é o deputado. Ela ficou é com medo. Ela está com medo!”
O Carf, você sabe, é o conselho que funciona como tribunal administrativo de recursos contra autuações da Receita Federal. O órgão virou escândalo porque a plutocracia foi pilhada comprando conselheiros para cancelar dívidas fiscais bilionárias. Surgida do nada, em ritmo de truque cinematográfico, a CPI do Carf parecia não ter serventia. Todas as mutretas que os deputados se dispõem a investigar já estão sendo escarafunchadas pela Polícia Federal e pela Procuradoria da República na Operação Zelotes.