Marilson e Antônio denunciam que lotes chegam a valer R$ 5 mil
Marilson Andrade e Antônio Tapajós denunciam que lotes chegam a valer R$ 5 mil
Denúncias de conflitos e vendas de lotes
dentro da ocupação da rodovia Fernando Guilhon, às proximidades do Lago
Juá, vieram à tona, nesta semana em Santarém, oeste do Pará. Além da
venda de lotes que variam entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, os ocupantes
denunciam que o local virou zona de conflito, onde no último domingo,
10, houve briga e tiroteio entre várias pessoas, motivada pela disputa
de poder entre lideranças de dois grupos.
De acordo com o líder da Comissão de
Moradores da Ocupação do Juá, Marilson Andrade, um grupo briga
judicialmente pela posse da área, para que famílias que não tem onde
morar possam ter suas próprias casas. O outro grupo, segundo Marilson,
composto por alguns moradores do início da ocupação, fica repassando e
vendendo os lotes, além de colocar pessoas que não fazem parte dos
movimentos que lutam pela terra.
“A ocupação já está com dois anos e seis
meses. Agora, eles já começaram a cadastrar novas pessoas, prometendo
terras e casas. Eles vão colocando no terreno dos outros sem perguntar
de quem é. Aí fica gerando toda aquela confusão ali dentro”, diz
Marilson.
O líder comunitário reforça que até
briga na ocupação já aconteceu no domingo, onde teve tiroteio e
cacetadas. “Isso quer dizer que alguém tem que fazer alguma coisa pra
parar o movimento que tem um barracão no início da ocupação. São três
pessoas que lideram o grupo. Elas ficam fazendo confusão com as demais
famílias que estão lá em busca de moradia. Já teve até roubo de fios
elétricos lá dentro. São pessoas do outro grupo que estão fazendo esses
roubos e estão gerando muita confusão”, denuncia Marilson.
Segundo ele, na área existem mais de 750
famílias, onde algumas pessoas que não precisam de moradia estão
vendendo lotes até pelas redes sociais. “Existem pessoas que estão
vendendo lotes sim. Inclusive, tem lotes nos classificados da OLX, nas
redes sociais, que ficam dentro da ocupação e, que estão sendo vendidos
no valor de R$ 5 mil”, revela Marilson, reivindicando ao Poder
Judiciário de Santarém que defina a situação das famílias, que estão
dentro da ocupação da Fernando Guilhon.
“Pedimos para as autoridades e os juízes
que definam logo a situação das famílias que estão na ocupação.
Queremos a definição se de fato o terreno deve ficar pra população ou as
famílias devem ser retiradas, antes que aconteça algo pior, como morte
lá dentro. Na verdade, a ocupação já se tornou uma área de conflito”,
complementou.
TRIBUTO MENSAL: O
membro da Comissão de Moradores da Ocupação do Juá, Antônio Tapajós,
denuncia que o outro grupo da ocupação está cobrando tributos mensais a
diversas famílias de diferentes pontos de Santarém, para que possam ter
direito a um lote e, assim construir uma casa, na área do Juá. “O outro
grupo construiu um barracão às margens da Fernando Guilhon , dizendo que
pertence a um movimento, no qual eles ligam para as pessoas cobrando o
valor de R$ 30,00, mensal, para poder adquirir um terreno dentro da
ocupação. As pessoas devem entender que não podem pagar pra esse suposto
movimento, porque todos os lotes lá dentro já estão ocupados. Se esse
movimento está fazendo isso está lesando as pessoas”, afirma Antônio.
Já para as pessoas que são cadastradas
no suposto movimento que luta por moradia, de acordo com Antônio
Tapajós, mesmo depois de terem construído casas dentro da ocupação, está
sendo cobrado o valor mensal de R$ 5,00. “Eu quero deixar bem claro pra
quem estiver pagando essa quantia a esse movimento, que não pague mais,
porque esse movimento não se trata de lutar por moradia, mas pra
articular alguma coisa que até hoje a gente não sabe o que é. Não
sabemos se esse movimento quer realmente ganhar a terra ou se quer
apenas prejudicar as pessoas que já estão morando lá dentro”, comenta
Antônio.
Ele reforça que o movimento que diz que
luta por moradia está prejudicando os outros moradores da ocupação do
Juá. “Se de repente a Justiça souber de tudo o que está acontecendo, as
pessoas que estão morando lá e, que já saíram do aluguel podem ser
prejudicadas, perdendo suas casas e o investimento que já fizeram
nelas”, diz Antonio Tapajós.