Denunciante afirma que “tramas” no Ibama foram orquestradas em Brasília

Denunciante,
que não quis se identificar porque tem medo de sofrer represálias,
afirma que “tramas” no Ibama de Santarém foram orquestradas em Brasília
Após a Polícia Federal desencadear a
chamada ‘Operação Lupa II’ que investiga possíveis crimes de corrupção
de servidores do Ibama/Santarém, e do Ministério Público Federal ter
denunciado três servidores à Justiça Federal na semana passada. A
reportagem do Jornal O Impacto, por meio da TV Impacto, gravou
entrevista com denunciante, que fez sérias acusações em relação aos
últimos acontecimentos, que colocam em xeque postura e encaminhamentos
feitos pelos gestores do Instituto, inclusive a nível nacional.
“A corrupção está infiltrada no
Ibama/Santarém. Desde o Ibama/Brasília, na sua Coordenação Geral de
Fiscalização, onde temos informações que o desmatamento no município de
Novo Progresso, na região de Castelo dos Sonhos, que até hoje só
cresceu, com mais de 10 anos de atuação do Ibama naquela região,
gastando fortunas com diárias e deslocamento de servidores, e mesmo
assim, o quadro de desmatamento não se reverte. Isso só seria possível
se houvesse uma ajuda direta de funcionários do Ibama/Santarém para que
os crimes cometidos, inclusive em uma operação de destaque nacional,
‘Operação Castanheira’ pudessem ser cometidos. Para tirar o foco destes
crimes, a gerência de Santarém seria a responsável por atuar naquela
região, mas é deixada de lado, e atua diretamente o Ibama/Brasília, para
assim tirar o foco das verdadeiras falcatruas que acontecem naquela
região. Outra denúncia, é que o Ibama usa do expediente em fazer com que
a máquina pública, seja Ministério Público Federal ou Polícia Federal,
sejam abarrotados de denúncias, muitas das vezes apócrifas, para buscar
incriminar outros servidores do Ibama/Santarém, tirando desta forma o
foco verdadeiro das irregularidades gigantescas, com lucros milionários,
na região de Novo Progresso. Estou aqui, não para pedir que o MPF e a
Polícia Federal passe a mão na cabeça de ninguém, o que queremos é que
façam uma investigação séria, verdadeira e imparcial, dando oportunidade
para os dois lados colocarem seus posicionamentos. Porém, o Ibama não
utiliza deste expediente”, diz o denunciante, que com medo de sofrer
represálias, não quis se identificar.
Ele acredita que existe uma guerra de
dois grupos dentro do órgão, porém, um destes grupos possui aval de
gestores do alto escalão, para perseguir os demais. “A Operação Lupa I
foi desencadeada no Ibama/Santarém, juntamente com uma intervenção feita
pela corregedoria do Ibama/Brasília, onde detinha de prazos para
iniciar e terminar, e apresentar relatórios conclusivos, com o resultado
das investigações das supostas irregularidades, inclusive, de que o
servidor Sérgio Suzuki apresentou relatório à Polícia Federal informando
que em Santarém existia um grande conluio para que processos
administrativos que seriam lavrados em nomes de laranjas, em Novo
Progresso, estavam sumindo, que eles tinham sido roubados do
Ibama/Santarém. Fato que, logo no início da operação, foi desmascarado,
pois foram encontrados na sua maioria todos os processos que o próprio
Ibama, através de Sérgio Suzuki, disse que tinham sumido. Tudo isso
acontecia com o aval do senhor diretor geral de fiscalização, hoje
vice-presidente do Ibama, Luciano Meneses, para que sem mais nem menos,
usando do expediente de Sérgio Suzuki na sua nota técnica, colocasse
nomes de servidores do Ibama/Santarém, sem os mesmos terem participado
das referidas operações em Novo Progresso, e ao menos, terem, no mínimo,
participado de qualquer trâmite processual. Portanto, a Operação Lupa I
está fadada ao insucesso, pois começou com mentiras, enganando
inclusive um Juiz e um Delegado Federal, a cometer erros, autorizando
procedimentos de busca e apreensão na casa de alguns servidores de
Santarém, onde não foi encontrado o que o juiz de direito havia
solicitado, que seriam os processos sumidos, segundo Sérgio Suzuki e
Ibama. O que acontece é que não se apura os fatos de forma correta,
através de PAD, os possíveis delitos ou infrações ocorridas dentro do
Ibama/Santarém, e assim, abarrotando as esferas judiciais e as esferas
de investigações. A vinda da atual gerente não é a toa. Como pode você
ter um cargo hierarquicamente superior, de alto escalão dentro do
Ibama/Santarém nacional, inclusive com várias vantagens pecuniárias, um
DAS muito maior, enfim, todo um status, para vir para Santarém, uma
Gerência dita como problemática, corrupta, você sair da sua zona de
conforto, para vir para Santarém, tomar providências quanto a possíveis
atos de corrupção? É muito estranho, porém, os servidores de Santarém
desde o início de sua chegada (Gerente Maria Luíza), no começo do ano de
2015, já sabiam que vinha a mando de Luciano Evaristo, para tentar
finalizar o que não se conseguiu nas operações anteriores já citadas, e
de forma administrativa, tentar incriminar de uma vez por todas os
servidores de Santarém. O seu plano era municiar o Ministério Público
com várias denúncias, inclusive, todas no âmbito administrativo, dento
de processos administrativos do Ibama para que se mostrassem uma
situação de envolvimento de vários servidores, como se fossem uma
organização criminosa”, expôs o denunciante.
Para ele, tal situação tem como objetivo
tirar o foco de alguns procedimentos, tais como, a atuação de laranja
feita pelo servidor Sérgio Suzuki, que segundo ele, mesmo tendo
conhecimento que a área pertencia a Luiz Lozano, preso na ‘Operação
Castanheira’, lavrou o auto de infração em nome de Diego Malheiros,
laranja de Luiz Lozano. Um fato que chama atenção, é que Suzuki até o
momento não recebeu qualquer punição, pelo contrário, recebeu promoção, e
hoje é assessor especial do gabinete da Gerência de Santarém. Acompanhe
a entrevista completa, inclusive com outras denúncias, acessando
www.oimpacto.com.br/tv-impacto.
VEREADOR PEDE QUE MPF E MINISTRO APUREM DENÚNCIA CONTRA IBAMA: As
recentes denúncias envolvendo a gerência do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Santarém,
bem como o processo de indiciamento – pela Polícia Federal -, do
vice-presidente do órgão, Luciano de Meneses Evaristo, fez com que o
vereador santareno Valdir Matias Júnior, juntamente com o presidente
estadual do Partido Verde (PV), José Carlos Lima da Costa, tomassem a
iniciativa de acompanhar os encaminhamentos sobre o caso, no âmbito do
Ministério do Meio Ambiente.
Para o Vereador, são denúncias muito
sérias, que colocam questionamentos quanto à efetiva atuação do
Instituto na defesa do meio ambiente e recursos naturais do maior
patrimônio brasileiro, a Amazônia.
“O Ibama é ligado ao Partido Verde (PV),
o atual ministro é do PV, Sarney Filho, nós inclusive estamos
acompanhando junto com o nosso presidente estadual, Zé Carlos Lima,
essas denúncias em relação ao Instituto aqui em nossa região. Ficamos
muito surpresos com aquela utilização da estrutura do Ibama, uma
estrutura cara, helicóptero para fazer voos rasantes, para querer
aparecer usando recurso público, uma estrutura que deveria estar
trabalhando para preservar, conservar o nosso meio ambiente, para
proteger nossas florestas, e se utilizando do helicóptero daquela forma.
Inclusive apresentamos à Câmara de Vereadores de Santarém um pedido de
informações ao Ibama, para que ele possa esclarecer essa situação para
os vereadores. Estamos atentos e acompanhando toda essa divulgação de
problemas ligados inclusive em nível nacional, de pessoas que ocupam
cargos importantes na presidência do Ibama, para que possamos esclarecer
à população e assim possamos ter um órgão coerente, que utiliza de
forma eficiente o recurso público e que de fato cumpra o seu papel, no
coração da Amazônia, em Santarém, que tem que ter um órgão ambiental
fiscalizador que cumpra efetivamente seu objetivo”, informou Valdir
Matias Júnior à nossa equipe de reportagem.
Segundo o Vereador, o caso também deve
ser acompanhado pelo Ministério Público Federal (MPF), responsável pela
apuração das denúncias envolvendo a atuação dos servidores públicos do
órgão, sejam quais forem os cargos ocupados. Valdir Matias afirmou que o
Ministro do Meio Ambiente já recebeu as informações pertinentes ao
caso.
“Na semana passada, essas informações
chegaram até o Ministro Sarney Filho. Nós estamos acompanhando o
desdobramento dessas situações. Já há um inquérito na Polícia Federal,
instaurado a pedido do Ministério Público Federal de Brasília. Então,
nós estamos acompanhando os encaminhamentos sobre todas essas questões,
para que de fato possamos limpar o Ibama dessas pessoas, nomeando
servidores sérios e comprometidos, que façam do Instituto um órgão
eficiente, independente e que possa cumprir seu papel na Amazônia e no
Brasil”, expôs Valdir Matias Júnior.
Conforme matéria publicada nas páginas
do Jornal O Impacto, Luciano de Meneses Evaristo, atual vice-presidente
do Ibama – estranhamento, há pelo menos 10 anos mantém-se também no
cargo de Diretor de Proteção Ambiental -, foi indiciado pela PF, acusado
de crime de corrupção passiva, por suspeita de cobrar propina de
produtores rurais.
PORTOS EM SANTARÉM: Outro
tema abordado por Valdir Matias junto à nossa reportagem, foi em
relação à implantação de portos em Santarém. Para o Vereador, – que no
atual governo exerceu o cargo de Secretário Municipal de Planejamento -,
é imprescindível que agenda ambiental trabalhe de forma adequada com a
agenda do desenvolvimento, e assim, a população possa ter a oportunidade
de um crescimento econômico sustentável.
“É uma situação que a gente precisa
discutir com o novo governo. Principalmente esta questão do
desenvolvimento portuário de Santarém. Existe a necessidade de
compatibilizar isso com o desenvolvimento turístico da cidade. Uma parte
da cidade, especificamente das nossas praias, deve ser utilizada para o
turismo, e a outra parte ser utilizada, principalmente aqui no calado
(relacionado com a profundidade do rio) do Rio Amazonas, tem um bom
calado o ano todo, para o desenvolvimento portuário da nossa cidade. Já
existe a Cargill em Santarém, parece que algumas forças não querem que
outras instalações aconteçam na cidade, como uma forma de manter o
monopólio. Então, é preciso que a gente estude bem essa questão, e assim
avalie, para que possamos gerar emprego e renda, novas oportunidades,
respeitando a legislação ambiental, respeitando o nosso meio ambiente, e
assim Santarém cresça, se desenvolva e prospere”, disse Valdir Matias
Júnior.
Por: Edmundo Baía Júnior