Genival Silva mostra documento e pede ação do Poder Público
Como se não bastasse a grande crise
econômica que assola nosso País, fato que tem levado muitas empresas a
fecharem suas portas e o aumento do desemprego que sobe
assustadoramente, as contas de luz estão causando transtornos para quem
mora no Residencial Salvação, em Santarém, no oeste do Pará. Parte das
casas não tem recebido os talões desde que o lugar foi ocupado e os que
chegaram estão vindo com um valor cobrado muito acima do consumo. Muitos
estão com medo de receber os boletos de uma só vez e comprometer o
orçamento familiar.
Devido à cobrança, que eles chamam de
abusiva por parte da Celpa, os moradores sempre procuram economizar no
consumo de energia ligando o ventilador somente pela parte da noite.
Mesmo com tantos cuidados, estão recebendo um alto valor em suas contas
de energia elétrica. Em algumas residências o controle é rigoroso com
relação ao consumo de energia. “As crianças só assistem televisão
durante uma hora por dia. Já nem ligo mais nada. Como passo o dia fora,
só ligo alguma coisa pela parte da noite. Um ventilador para as crianças
dormirem e TV para assistir um jornal. Depois desligamos tudo”, disse
uma moradora.
Genival Silva, representante dos
moradores do Residencial Salvação, acompanhado do advogado Sérgio
Sant’Anna, recebeu nossa reportagem para falar sobre a grave situação
por qual passam os moradores. Na ocasião, ele falou que muita gente já
está pensando em desistir das casas por não ter condições de pagar a
energia elétrica. Genival disse que uma comissão de moradores do
Residencial até à Câmara Municipal de Santarém, onde reivindicaram que
fosse instalado um posto de atendimento da Celpa no Residencial, para
atender as pessoas de baixa renda. Na ocasião, o representante da Celpa
ficou de montar um posto de atendimento no Residencial, mas não
justificou o porquê dos aumentos, e ninguém foi checar.
“Depois do dia 16 de agosto foi aberta
uma sessão especial de trabalho, onde compareceram 384 moradores que
firmaram um abaixo assinado. Se fizeram presentes os vereadores Ivete
Bastos, Henderson Pinto e Ronan Liberal Jr.; também estava o
representante da CELPA, Gilliard Vaz, que se comprometeu de fazer o
cadastro de baixa renda para todos. Temos os documentos protocolados
pela Câmara Municipal de Santarém. Queremos esclarecimentos do Poder
Público, pois muita gente aqui sobrevive somente com o Bolsa-família,
que vai de R$ 120,00 a R$ 214,00; não há possibilidade de um pai de
família que vive de bico pagar um talão de energia de R$ 700,00. Após a
sessão especial do dia 16 e agosto na Câmara, o posto de atendimento da
Celpa veio ao Residencial para fazer o cadastro e recadastro de baixa
renda a todos os moradores, mas até agora o valor de baixa renda ainda
não veio para nenhum dos moradores. A instalação do posto não resultou
em benefício nenhum. Esperamos há quase 3 meses um parecer do Poder
Público”, disse Genival Silva.
Keila Simone Calazans Santos, moradora
da Rua Quero-Quero, no Residencial Salvação, teve sua energia cortada
pela Celpa. “Estamos reivindicando questões com a Celpa, pois os talões
estão vindos com valores muito altos, nós possuímos baixa renda e não
podemos pagar esse valor de energia. No meu caso cortaram a minha luz. O
valor anterior que a gente pagava era mais em conta, dava para
conciliarmos com outras despesas, agora os talões estão vindo com
valores tão absurdos que não estamos podendo pagar. Estão cobrando por
coisa que não estamos consumindo. Na minha casa tenho somente um
televisão, uma geladeira e dois ventiladores, o mesmo que usava na casa
anterior, e lá eu gastava no máximo R$ 100, e agora está vindo uns
R$300,00. Isso é um absurdo”, disse Keila Santos.
Fredson Ferreira de Souza, que antes
morava no bairro Jardim Santarém, também teve sua energia cortada.
“Quando eu cheguei aqui paguei a taxa de R$ 16,00. Quando veio ao
segundo talão o valor passou para R$ 87,00. O terceiro também veio de R$
86,00. Agora chegou a esse absurdo de R$ 212,00. Não tive como pagar e
hoje (31/10) vieram cortar minha luz. O pior é que eu não estava em
casa”, desabafou Fredson de Souza.
Outra moradora que não concorda com a
ação abusiva da Celpa é a aposentada Mariselma Sousa Sena, que por não
ter condições de pagar a conta da Celpa, teve sua energia cortada. “Eu
pago atualmente R$ 466.97, moro aqui há 5 meses. Na minha residência
anterior eu pagava em média R$ 45,00. Esse valor não é compatível com a
minha renda. Na minha casa é só eu e meu marido; agora que meu filho
veio morar conosco, mas temos apenas 1 geladeira e 1 ventilador. Não dá
para pagar esse valor. Alguém tem que fazer alguma coisa, pois os homens
da Celpa chegam aqui e vão cortando a energia das residências e quando
questionamos, eles só fazem dizer para procurarmos a agência”, declarou
Mariselma.
Durante a visita de nossa reportagem ao
Residencial Salvação pudemos presenciar o desespero de muita gente. São
3.081 casas no Residencial, com uma população de aproximadamente 15 mil
pessoas. Todas mostraram revolta com essa ação da Celpa. “Meu primeiro
talão aqui no Residencial veio R$ 273,00. O segundo veio R$ 233,00 e
agora veio um talão de R$ 485,00. Ainda não paguei nem esse, nem o do
mês passado porque não tenho dinheiro. No meu antigo endereço eu pagava
entre R$ 90 e R$ 110,00”, disse outra moradora. “Aqui tem vindo talão de
R$ 700, R$300 e R$ 200. Onde a gente morava no bairro São José Operário
pagávamos em média R$ 70 e R$ 80. Aqui, o mais barato que veio foi a
taxa de R$16,00, depois só esse com valores elevados”, disse a moradora
Tatiana Sousa de Souza.
O advogado Sérgio Sant’Anna falou que já
está tomando as medidas cabíveis. Além de questionar a empresa Celpa
sobre essa cobrança absurda com as pessoas de baixa renda, já entrou com
uma representação no Ministério Público para que apure as denúncias dos
moradores do Residencial Salvação, que já pensam em desistir de suas
casas, por não terem condições de pagar a conta de energia.
Por: Rafael Duarte