Com declínio da política eleitoral, baseada em lutas de classes e na
dicotomia entre ditaduras versus democracias e com a necessidade de
decisões sensatas na complexidade da vida moderna, levam os eleitores a
buscarem representantes e governantes baseados na credibilidade e
confiança. Assim diz o antropólogo e cientista político americano John
Thompson (2000).
A credibilidade e a confiança dos homens públicos são valores
norteadores da atual cultura política, porque são garantias da
efetivação das promessas de campanha e razões de escolhas dos eleitores
numa democracia representativa. Valores sociais tão importantes que têm
alimentado, inclusive, o volume dos escândalos políticos relacionados à
falta de ética, com reprovação social.
No Brasil, além da crise econômica, da crise institucional e do
sistema político, o País passa também por uma crise de falta de
credibilidade e de confiança da classe dirigente. Caciques políticos
foram atingidos por escândalos de corrupção, deixando o eleitor sem
parâmetros morais e de ética para escolha de seus governantes e
representantes, chegando a criar uma repulsa social da política e um
forte descrédito nas instituições do Estado.
Diagnósticos corretos ou não e com propostas lançadas para superar a
crise econômica existem no governo Michel Temer. No entanto, a falta de
credibilidade e de confiança da sociedade, e até entre os próprios
políticos, dificultam a saída da enorme crise ética que envolve o
presidente Michel Temer. Até para conseguir um substituto.
No Amazonas, não é diferente. O ex-governador José Melo foi cassado
por comprar votos nas eleições. Ele comandava um governo atacado pela
incompetência e por escândalos de corrupção. Quando propôs resolver os
problemas do Estado, faltou-lhe amparo popular e apoio dos aliados das
últimas eleições. Credibilidade e confiança, o governador Melo já não
contava. Agora, uma nova eleição foi marcada.
Os problemas do Amazonas são de conhecimento público: a Região
Metropolitana de Manaus tem a maior taxa de desemprego do País,
resultado da crise econômica e também da falta de alternativa econômica
sustentável ao Polo Industrial de Manaus, deixando o interior sem
desenvolvimento e ainda mais pobre; faltam ou têm precárias
infraestruturas como portos, aeroportos, energias, estradas, internet;
sem transparência nos gastos dos governos, sem participação popular no
planejamento e na efetivação das políticas; máquinas públicas
ineficientes e sem integração, dificultando melhoria dos serviços nas
mais sensíveis áreas: segurança, saúde, mobilidade e educação.
Vários políticos já lançaram candidaturas ao cargo de governador,
novos e velhos nomes da política do Amazonas. Os problemas do Estado já
são conhecidos. As promessas e propostas não faltam, e nem faltarão. Mas
falta credibilidade e também confiança na classe política e nos
partidos que governam ou já governaram e que deixaram ou ajudaram a
deixar o Amazonas com dívidas sociais e econômicos enormes.
É tempo de credibilidade e de confiança. Promessas, propostas e candidatos não faltarão.