
A polêmica sobre o vídeo postado nas
redes sociais, onde o empresário Olavo das Neves, presidente da
Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (CODEC), faz um desabafo
sobre as dificuldades de empreendimentos empresariais se instalarem em
Santarém, nesta semana ganhou mais um capítulo.
Na segunda-feira (5), na Câmara
Municipal, aconteceu uma reunião para debater sobre o desenvolvimento de
Santarém. O evento foi convocado pelo vereador Henderson Pinto, que em
entrevista exclusiva à TV IMPACTO falou que Olavo, de certa forma
dificultou a vinda de investidores para o Município, com seu desabafo
nas redes sociais.
Neste contexto, a reunião contou com a
participação do presidente da CODEC, classe empresarial e autoridades do
Município. Em seu discurso, Olavo reafirmou todas as questões que
argumentou no vídeo, dizendo que o Município está fechado para
investimentos.
Porém, um momento da fala de Neves,
chamou atenção do vereador Dayan Serique. Preste a finalizar seu
discurso, o presidente da CODEC disse que mandou o Secretário Estadual
de Meio Ambiente, Luiz Fernandes, segurar o processo de licenciamento do
Porto da Embraps. Pois para ele, faz-se necessário que a Câmara,
Prefeitura e a sociedade assinem documentos dizendo que são a favor do
desenvolvimento de Santarém.
“Falei para Embraps, em uma reunião no
Sindicato Rural. O Adnan chegou comigo, meu irmão, agora vai! Estão
resolvendo a situação da Embraps na Justiça, parece que está sendo
resolvido, e nós estamos aqui para avançar na SEMAS, boa notícia. E como
é que está lá? Eu virei para o Adnan e disse: ‘- Adnan, para tudo!’
Espera aí Olavo, ele retrucou. Como assim para tudo? Fala para o
Fernandes pelo amor de Deus, não avançar um passo na Embraps, nenhum! E
ele disse, peraí Olavo, agora não estou te entendendo. Tu defendes
Santarém, e agora tu estás pedindo pra gente do Estado não avançar na
Embraps? Gente, de público eu digo: ‘- Sim! Presidente da Companhia de
Desenvolvimento Econômico, sim! É para avançar? Não!’. Sabe por que não é
para avançar? Porque na hora que soltar uma licença ou alguma outra
coisa, sabe o que irá acontecer, vai vir uns ‘trocentos’ contra, e na
hora vão dizer o quê? Que isso é coisa do governo do Estado, que liberou
esse trem. Porque na hora não vai ter um cristão que vai levantar e
dizer, olha nós queremos isso para o desenvolvimento de Santarém. Aí,
sabe o que vai acontecer Adnan? É, eu e tu que vamos pagar o pato.
Enquanto a sociedade e esta casa não se posicionar, ‘nós queremos
isso!’, eu já disse para o Adnan, trava! Agora eu que estou dizendo
trava. Não dá. Fazer o que gente? Me falem. Liberar aqui para amanhã a
gente estar no jornal, dizendo que nós, do Governo do Estado, liberamos e
somos o patinho feio da história. Eu quero uma carta desta casa,
dizendo que nós somos sim a favor do desenvolvimento. Da instalação dos
portos, a exemplo de Embraps”, disse Olavo das Neves.
Indignado, Dayan Serique afirmou à nossa
equipe de reportagem, que esta situação apresentada por Olavo das Neves
representa que ele, que se diz amigo de Santarém, travou sim o
desenvolvimento.
“É, eu acho que ninguém precisa de um
papel para me dizer qual é a minha obrigação. Eu sei a minha obrigação, o
Governo do Estado sabe da sua obrigação, então, não adianta dizer que a
Câmara precisa dar um papel, ou dar uma declaração para poder o Estado
fazer o seu papel. O Estado deve cumprir a sua responsabilidade, se tem
de liberar a pesquisa, licença, a instalação para Embraps, que faça
isso. Agora não precisa que ninguém chegue travando, como ele colocou
que “eu mandei segurar”. Muito pelo contrário, nós queremos que
aconteça, então, se alguém está segurando, que libere, pois Santarém
precisa de estudo e precisa de desenvolvimento. Não somos nós que vamos
travar, nós estamos abertos para o debate, para que possamos aperfeiçoar
a ideia. Agora, jamais travar. Nós queremos que as coisas aconteçam, e
repito, quem está travando, por favor libere para que possamos avançar, e
que Santarém seja beneficiada com isso”, argumentou o parlamentar.
Para Dayan Serique, é importante
reafirmar para todos; para sociedade em geral, e para os investidores,
que o Município não está e nunca esteve fechado para empreendimentos,
que trarão empregos e renda. No entanto, são necessários que sejam
observados todos os procedimentos exigidos pela legislação.
“Olha, Santarém nunca esteve fechada, e
sempre exigiu respeito, e não somos nós santarenos que vamos reforçar
esse discurso. O que muito me preocupa é que alguém que ocupa um cargo
de estratégia possa estar repetindo esse discurso. Muito pelo contrário,
todas às vezes que estive viajando defendendo Santarém, inclusive
estivemos lá em Sinop, onde defendemos que a concessão da BR chegue até
Santarém, defendendo a questão dos portos, todas às vezes que estivemos
lá, sempre esclarecemos que Santarém é uma cidade aberta, desde que se
respeite o seu povo. Então, é esse nosso compromisso, que venha o
desenvolvimento em Santarém, estaremos sempre de portas abertas desde
que respeite o nosso meio ambiente, a lei e o seu povo”, explicou
Serique.
DIÁLOGO SEMPRE: O parlamentar observou que o evento, apesar dos debates acalorados do início, terminou de forma favorável para Santarém.
“O evento foi de grande importância.
Onde vários segmentos tiveram a oportunidade de falar sobre o tema,
sobre a questão dos portos, sobre tudo aquilo que trava o
desenvolvimento de Santarém, com isso podemos mostrar que todos temos
interesse no desenvolvimento da cidade. A cidade precisa crescer e se
desenvolver. A questão é, de que forma vai acontecer. Nós ponderamos que
existe uma minoria que precisa ser ouvida e ser respeitada, não são
invisíveis. E Santarém não é uma cidade nova e precisa ser respeitada,
ela possui toda uma tradição, tem sua cultura forte, são 355 anos de
resistência, então, nós colocamos o nosso ponto de vista que todo
desenvolvimento é bem vindo, mas que cumpra suas leis, e respeite nossa
cultura e nosso povo, então, nós podemos avaliar como positiva. A outra
parte que quer o desenvolvimento também precisa abrir os olhos, pois
existe gargalo que precisa ser superado, e esse gargalo é justamente
ouvir, e todos querem desenvolvimento e devem ser ouvidos para que sim
possamos resolver tudo com desenvolvimento sustentável. É disso que
Santarém precisa de forma racional e sustentável, para que todos possam
ser beneficiados com o desenvolvimento, não somente a classe
empresarial, mas o povo, esse sim precisa ser beneficiado diretamente
com emprego e renda, possibilitando sustento a suas famílias. O desabafo
do Olavo criou esse momento de discussão, ele foi infeliz em algumas
colocações, mas também foi feliz quando provocou esse debate, pois
muitas coisas que ele falou são verdadeiras, mas acho que faltou um
pouco mais de tato, quando expôs uma ideia divergente, não somos donos
da verdade, a verdade é uma via de mão dupla, então, nem sempre eu estou
contando a verdade, temos que ouvir a outra parte, é a discussão que
vai fazer com que possamos construir uma verdade coletiva que o
principal beneficiado será o povo”, conclui Dayan.