
De acordo com artigo publicado na Nature Communications, temperaturas altas e radiação solar na estação seca elevam a emissão do composto que favorece a formação de Ozônio e partículas de aerossol secundário.
Entender a complexidade da floresta
amazônica e a influência dela no clima do planeta é o foco de várias
pesquisas realizadas em cooperação internacional na região. Em um desses
estudos, com resultados publicados na Nature Communications,
uma rede de pesquisadores, entre eles, o professor Júlio Tota, do curso
de ciências atmosféricas da Ufopa, ficou demonstrado um aumento de
emissões de isopreno na floresta, provocado pela alta da temperatura de
vegetação e a radiação solar na estação seca.
O isopreno, presente nos compostos
orgânicos voláteis, é um composto químico produzido pela vegetação de um
modo geral. A taxa de emissão dele varia por planta. No artigo
intitulado “Airborne observations reveal elevational gradiente in
tropical forest isoprene emissions”, os pesquisadores destacam o desafio
que é caracterizar esta quimiodiversidade biológica para estimar a
emissão de isopreno, que influencia na dinâmica das chuvas em diversos
ecossistemas brasileiros, mas também pode provocar o aumento do efeito
estufa, pois favorece a formação de ozônio e condução de partículas de
aerossol para a atmosfera.
“O fato de que registros da climatologia
e cenários de previsões demonstrem um aumento de temperatura para a
Amazônia nos leva a esperar um incremento e perspectiva de aumento
destas emissões de VOCS. Dessa forma, espera-se uma mudança nos padrões
de chuvas produzidas por estes compostos”, destaca o professor da Ufopa.
Coleta nas estações do ano
De acordo com os pesquisadores, ainda
não está claro como várias espécies de plantas podem emitir quantidades
substanciais de isopreno. Por este motivo, para eles, investigar como
estes emissores de isopreno estão distribuídos na bacia amazônica e qual
é a magnitude da emissão e como ela varia sazonalmente são algumas das
questões investigadas durante sobrevoos nas proximidades da cidade de
Manaus.
Para verificar a emissão e a
sazonalidade do isopreno e de outros gases poluentes, como o monóxido de
carbono (CO) e óxidos de nitrogênio (Nox), foram realizados quatro voos
em ambas as estações chuvosa e seca.
Na Floresta Nacional do Tapajós, estudo
similar sobre compostos orgânicos voláteis e propriedades de aerossóis é
realizado na altura do km 67 da rodovia BR-163, onde está localizada a
torre de observação do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera
na Amazônia (LBA), gerenciado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI) e coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa).
“As medidas dos compostos orgânicos
voláteis na Flona Tapajós, assim como medidas de nanopartículas
formadoras de núcleos de condensação produtores de chuva, têm sido
fundamentais para entender e compreender os mecanismos formadores de
chuva da região”, conclui o professor Júlio Tota.
Fonte: RG 15/O Impacto e Talita Baena/Ufopa