
O presidente do Conselho Regional de
Farmácia do Pará, Daniel Jackson Pinheiro Costa, afirma que é
desnecessária para a população a polêmica criada em volta da
regulamentação de as farmácias oferecerem serviços de vacinação no País.
Atualmente, além da rede pública de saúde, somente as clínicas de
vacinação particulares podem oferecer o serviço. Contudo, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está elaborando regulamentação
que trata sobre os requisitos mínimos para as farmácias aplicarem a
vacina. A norma já passou por consulta pública. Segundo Daniel Costa,
com a entrada das farmácias na rede de imunização, o brasileiro vai
dispor de mais unidades de serviços de vacinação e por menor preço.
Daniel Costa assegura que a
regulamentação da Anvisa para as farmácias só trará ganhos à sociedade
em geral. “A vacina é um medicamento e ninguém entende mais de
medicamentos do que o farmacêutico, então, nós não vemos o porquê dessa
polêmica. Ela é desnecessária. As farmácias estão preparadas do ponto de
vista técnico, legal e agora só falta a questão sanitária para que a
gente tenha essa regulamentação’’.
‘’Eu falo em nome do Conselho Regional
de Farmácia que isso até está demorando até demais, pois é um clamor da
sociedade no sentido de se ter um campo maior de serviço. Existem cerca
de 70 mil a 75 mil farmácias no Brasil e são somente 750 clínicas de
imunização, se 10% das farmácias brasileiras oferecem o serviço, nós já
vamos ampliar em mais de 10 vezes a possibilidade de acesso à população
aos programas de imunização’’, argumenta o titular do CRF Pará.
Daniel não aceita o argumento de que as
farmácias não estão preparadas para oferecer o serviço de imunização. As
farmácias são estabelecimentos de saúde, regulamentados e fiscalizados
em todo o Brasil e existem regras para a aplicação de injetáveis, diz
Daniel, adiantando que haverá também regras para as vacinas e as
farmácias estão preparadas para cumpri-las com rigor.
Sobre a necessidade de uma avaliação
imunológica e alergológica do paciente, antes da vacinação em si, o que
segundo alguns médicos é uma competência exclusiva de um profissional
médico, Daniel Costa afirmou que o farmacêutico tem um papel específico
no processo de vacinação. “Eu garanto a presença de farmacêuticos nas
farmácias, e tenho dados inclusive da fiscalização oficial sobre isso.
Eu gostaria de ter esses dados por parte dos órgãos de medicina.
Farmacêutico não faz diagnóstico, ele tem de fazer a anamnésia (ato de
relembrar os antecedentes do paciente) do ponto de vista da aplicação
dentro de um protocolo, que aí, sim, os governos municipal, estadual e
federal farão as adequações porque isso é inevitável. Esse protocolo
para a adesão dos pacientes aos processo vacinal sem dúvida alguma será
instalado. Então essa questão de dizer que é preciso fazer uma análise, é
tentar colocar barreiras onde elas não existem, porque se nós fizermos
uma inspeção agora em dez clínicas de imunização, será que nós vamos
encontrar médicos em todas? E nos postos de saúde?’’, questiona.
PREÇOS
Além disso, ele alega que se as
farmácias dispuserem do serviço de vacinação, os preços da imunização
vai cair no Brasil. Daniel disse que o Conselho tem dados que revelam
que o valor médio de uma vacina encontrado nas clínicas de imunização é
300% acima do que está sendo aplicado pela própria agência reguladora.
“A gente entende que a democratização, a amplitude do serviço e a
concorrência vai permitir um preço mais acessível à população. Eu até já
vi alguns comentários de que as farmácias terão de ter uma câmara fria,
isso não é problema algum. O custo de um câmara fria é muito baixo,
perto do que a farmácia pode investir para ter mais clientes’’,
argumentou o presidente.
Para o médico Newton Bellesi, a medida,
no entanto, precisa ser vista com cautela. “O paciente deve estar no
foco principal, não o estabelecimento. Vacinação é muito segura, mas não
completamente desprovida de riscos. Existem certos riscos, e alguns são
fatais, caso não tenha médico no momento para atender o paciente. O
atendimento, em casos de reações adversas, é atribuição do médico. No
caso, teria que modificar as leis para que o farmacêutico pudesse
atender. O farmacêutico, geralmente, não é preparado para atender este
tipo de coisa. Ele é preparado para atender o receituário, para preparar
remédios, organizar a farmácia, não para este tipo de atividade”,
explica.
Fonte: O Liberal