Edilberto Sena diz que governo do Estado está perdendo a batalha para a criminalidade
O aumento da violência nas diferentes
áreas do Estado do Pará e também na Região Metropolitana de Belém (RMB)
gera críticas da população e de entidades sociais. Nos últimos dias,
vários homicídios foram registrados tanto na capital paraense quanto no
interior do Estado.
Para o líder da Frente em Defesa da
Amazônia (FDA), padre Edilberto Sena, o governo do Estado está perdendo a
‘batalha’ para a criminalidade. Ele acrescenta que o governo federal
também deve ser responsabilizado pela falta de segurança pública, no
estado mais populoso da região norte do Brasil.
De acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), hoje, o Estado do Pará conta com uma
população de cerca de 7.321.493 milhões de habitantes.
“Até quando esse massacre das populações
da Amazônia e do Brasil vai continuar? Até quando os marginalizados
brasileiros vão ficar acomodados, só murmurando pelas esquinas? Calar é
consentir e ser humilhado torna-se indignidade de tantos brasileiros
pois estamos pagando o alto preço”, declara padre Edilberto.
Ele clama à população do Pará e da
Amazônia para reagir contra a impunidade e cobrar ações dos políticos da
região e do governo federal. “Não dá mais, é hora de todos levantarmos o
grito por justiça, irmos às ruas, fazermos greves, exigindo que os
políticos sintam a força dos pobres e trabalhadores, exigindo respeito a
seus direitos. Está passando da hora, estudantes, sindicalistas,
professores, cristãos de todas as igrejas que respeitam o mestre Jesus,
mostrarmos aos que estão levando nosso país à falência, que temos
direitos e exigimos respeito. Não dá mais, povos da Amazônia, povos do
Brasil!”, exclamou padre Edilberto.
Entre os crimes, um casal foi
assassinado na zona rural de Itupiranga, no sudeste paraense. Manoel
Índio Arruda e Maria da Luz Fernandes da Silva foram encontrados mortos
dentro da casa em que moravam, no lote 119 do assentamento Uxi, na
quarta-feira, 26 de julho. A Polícia Civil informou, que um vizinho das
vítimas relatou que, durante a noite, contou nove disparos de arma de
fogo.
Na madrugada do dia 23 de julho, um
grupo de pistoleiros invadiu e depredou imóveis e equipamentos da
fazenda Mutamba, na zona rural de Marabá, também no sudeste paraense. Um
vigilante da fazenda chegou a ser baleado na mão e levado para o
Hospital Municipal de Marabá. A fazenda é marcada por uma série de
conflitos e invasões nos últimos anos.
Segundo o juiz da Vara Agrária de
Marabá, Amarildo José Mazutti, existem aproximadamente 40 processos de
desocupação de terra para a região sudeste do Pará, sendo 10 já
desocupadas às proximidades da cidade. Já a Comissão Pastoral da Terra
(CPT) revela que em praticamente todos os municípios do Estado existem
um ou dois casos de conflitos por terra. Outras situações gravíssimas
ocorrem no município de São Félix do Xingu, no complexo Divino Pai
Eterno e Complexo Santa Terezinha.
CRIMES CONTRA PREFEITOS:
Na tarde de terça-feira, 25 de julho, o prefeito de Tucuruí, Jones
William (PMDB), foi morto com dois tiros à queima-roupa. Segundo
testemunhas, ele estava na estrada que liga a cidade ao aeroporto,
vistoriando uma operação tapa-buraco, quando dois homens em uma moto o
abordaram e atiraram várias vezes. Ele era investigado pelo Ministério
Público Estadual, que havia pedido seu afastamento por improbidade
administrativa. Até o momento, a Polícia Civil do Pará ainda não prendeu
os autores do crime.
Este foi o segundo caso de Prefeito
assassinado na região sudeste do Pará em dois meses. No dia 16 de maio, o
prefeito de Breu Branco, Diego Kolling, 34 anos, filiado ao PSD, foi
morto no momento em que andava de bicicleta na companhia de amigos. O
crime aconteceu em um trecho da rodovia PA-263, que liga Tucuruí a
Goianésia do Pará. Os envolvidos nesse crime foram presos na semana
passada, pela Polícia Civil, tendo à frente o delegado-geral Rilmar
Firmino.
Em janeiro de 2016 o prefeito de
Goianésia do Pará, João Gomes da Silva (PR), o “Russo”, foi morto a
tiros, no momento em que acompanhava um velório, no centro da cidade,
que fica a 98 km de Tucuruí. Ele tinha 62 anos e ocupava o cargo desde
2013.
CHACINA DE PAU D’ARCO –
No dia 24 de maio, durante uma operação policial que cumpria 14
mandados de prisão contra suspeitos de envolvimento na morte de um
segurança da Fazenda santa Lúcia, dez trabalhadores foram assassinados a
tiros, em Pau D’Arco, no sudeste do Pará. De acordo com a perícia do
Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPC), nove vítimas
receberam tiros no peito, mas nenhum à queima-roupa. A única mulher foi
baleada na cabeça.
Onze policiais militares e dois civis
foram presos no dia 10 de julho, por suposto envolvimento na chacina
ocorrida na Fazenda Santa Lúcia, no dia 24 de maio, no município
paraense de Pau D’Arco.
NOTA DA SEGUP: Na
quarta-feira, 26 de julho, o titular da Secretaria de Estado de
Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Jeannot Jansen, o comandante
da Polícia Militar, coronel Hilton Benigno e o delegado geral da Polícia
Civil, Rilmar Firmino, chegaram em Tucuruí para acompanhar os trabalhos
iniciais de investigação do assassinato do prefeito Jones William da
Silva Galvão (PMDB), de 42 anos, ocorrido no dia 25 de julho.
No 13º Batalhão de Polícia Militar,
localizado no bairro Santa Mônica, o general Jansen reuniu com a classe
política de Tucuruí e da região Sudeste, além dos deputados Iran Lima
(PMDB), Soldado Tércio (PROS), Lélio Costa (PC do B) e Dirceu Ten Caten
(PT). Na ocasião, o titular da Segup adiantou a prefeitos de cidades
próximas como Pacajá, Novo Repartimento, Goianésia do Pará e Breu
Branco, além de representantes da administração municipal, todo o
esforço empreendido pelo sistema de segurança para desvendar a autoria
do homicídio do prefeito de Tucuruí.
Uma nova reunião, entre representantes
da Segup e das prefeituras foi realizada na quarta-feira, 2 de agosto. A
Segup garante que também está investigando os demais crimes que
ocorreram na região sudeste do Pará.
GOVERNADOR NÃO ACEITA FORÇA NACIONAL
– O ministro da Integração Nacional Helder Barbalho recebeu, em junho
último, um ofício de apoio do ministro da Justiça, Torquato Jardim,
reconhecendo a importância da solicitação feita por ele, para que a
Força Nacional de Segurança Pública fosse para o Pará e ajudasse a
conter a onda de violência no Estado. Torquato Jardim destacou a
“situação emergencial” pela qual passa o Estado, mas, ao mesmo tempo,
“verificou a impossibilidade de atendimento ao pleito”.
Isso porque, em nota técnica enviada ao
ministro Torquato Jardim, o coordenador geral de operações da FNSP,
Júlio Cesar Dias Vieira, ressaltou que, “embora a atuação da FNSP seja
necessária à preservação da ordem pública e à incolumidade das pessoas
no estado do Pará, seu emprego somente seria possível mediante
solicitação expressa do governador do Estado do Pará”. Ou seja, de nada
adiantou a atuação dos dois importantes ministérios em favor da
Segurança Pública do Pará porque, mais uma vez, o governador Jatene
ignorou a situação de calamidade da segurança do Estado, ao se manter
omisso em relação ao apoio federal.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto