sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Luís Pixica: “Carnaval é para o povo e não para blocos”

Secretário Municipal de Cultura diz que blocos têm que ser autossustentáveis
Pelo segundo ano consecutivo a Associação Santarena das Agremiações Carnavalescas (ASAC), não participará do carnaval oficial promovido pela Prefeitura Municipal de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (SEMC). De acordo com a ASAC, a falta de estrutura para o local de desfile foi crucial para a decisão.
O argumento é contestado veementemente pelo titular da SEMC, Luís Alberto Pixica, ao expor que a verdadeira motivação seria a falta de repasse de verbas públicas para os blocos.
“No ano passado as agremiações que fazem parte da ASAC não participaram do carnaval oficial e este ano também não participarão. A ASAC é uma instituição carnavalesca pioneira nessa cidade, é uma instituição que eu tenho um grande respeito, mas desde que o prefeito Nélio Aguiar assumiu a prefeitura de Santarém, a ASAC, não quer participar. Na verdade, a gente lamenta a ausência da ASAC, uma vez que compõe os blocos de enredo e esses blocos podem sim participar. A alegação maior do porquê não participaram ano passado e também este ano, é de que a estrutura oferecida pela prefeitura, ou seja, o local onde poderiam se apresentar não é adequada. Eu acho que é um ledo engano. A praça de eventos é um espeço muito bom. O que acontece é que não podemos mais admitir e inclusive a lei proíbe, os subsídios para os blocos que havia em Santarém anteriormente. Esse dinheiro público dado para os blocos, não pode mais acontecer, até por que eu acho que nós temos condições de fazer carnaval desde março. Os blocos têm que se organizarem já a partir de março, fazendo suas promoções para que possam ser autossustentáveis. A prefeitura não pode ser a vaca leiteira que todo mundo quer tirar uma casquinha, portanto, eu não concordo com essa prática e não vou admitir enquanto for secretário de cultura, essa prática irregular, ilegal que era justamente o financiamento de blocos nessa cidade. É um argumento que não tem base. Acredito que se os blocos de enredo, tivessem preparados realmente, tivessem trabalhado durante o ano para que se apresentassem, logicamente nós teríamos dado todo apoio com arquibancada e tudo mais que eles precisassem. O que não pode ser talvez até por uma questão de não trabalharem esse evento, e chegam agora dizendo que a prefeitura não deu a estrutura devida, assim é muito fácil, na verdade eles não se organizaram e inclusive eu desafio qualquer bloco da ASAC, eles vão desfilar nos bairros, mas será ao estilo dos blocos de empolgação com trio elétrico, isso não é bloco de enredo. Fazer carnaval como estamos fazendo, eles poderiam participar também. Enquanto eu for secretário de cultura vou zelar e assumir sempre a responsabilidade com o dinheiro público e não vou admitir certas situações que são impostas”, disse Pixica ao jornalista Osvaldo de Andrade, em entrevista à TV Impacto (www.oimpacto.com.br).
Neste aspecto, os representantes da ASAC, afirmam que a ausência dos blocos de enredo não é motivada pela falta desse apoio financeiro e asseguram com todas as letras que a ajuda que antigamente era dada aos blocos e para o carnaval era insignificante e que não representam aquilo que os blocos gastam para colocar as suas alegorias e seus blocos no carnaval. Ressaltam que só não participam pelo fato de não ter arquibancadas. Ressaltam que acreditam que no carnaval de enredo, o público gosta de assistir, ou seja, para aquele povo que não brinca o carnaval, e sim gosta de ver o carnaval.
Tal situação também é contestada por Luís Alberto Pixica, que explica o seu ponto de vista: “Posso afirmar com toda certeza que não temos público em Santarém para o carnaval de enredo e de empolgação. O povo que vai ao carnaval em Santarém vai para se divertir, ou seja, vai para brincar o carnaval como foi visto ano passado, mais de 25 mil pessoas estiveram na Praça de Eventos brincando o carnaval, no sábado e na terça-feira e isso, diga-se de passagem, com os blocos da Libes, sem a presença da ASAC como vai acontecer esse ano novamente. Portanto, eu tenho a dizer é que o carnaval é para o povo e não para blocos”, disse o secretário municipal de cultura.
Outra situação comentada pelo titular da SEMC, foi em relação ao carnaval em Alter do Chão, no que se refere ao mela-mela, onde os brincantes utilizam amido de milho ou trigo.
“Em Alter do Chão também houve uma polêmica muito grande, a partir de comentários como: – vai acabar o carnaval com o fim do mela-mela e do amido. Mas parece que houve um recuo. Está prática de jogar trigo nos outros, é uma prática que se deu de um tempo para cá, não é cultura de Alter do Chão, não é cultural essa prática. Portanto, eu pessoa física, sou contra essa situação, tanto que ano passado eu já tentei evitar esse estrago de trigo, de alimento e está agressão que algumas pessoas sofrem em Alter do Chão, por conta de outras que nem conhecem e são atingidos. Eu acho no mínimo uma incoerência, nós estarmos em fevereiro se jogando trigo uns nos outros lá em Alter do Chão, e quando chega o mês de março, que é o aniversário da Vila, estamos pedindo trigo para fazer o bolo, então não consigo entender. Essa decisão foi determinada após uma enquete feita que deu 52% de pessoas que participaram da enquete dizendo que não queriam amido de milho, contra 48% diziam que queriam. Portanto a decisão de um gestor público, no caso eu Luís Alberto Pixica, que decidiu que nós precisamos agradar a maioria da população. Se houve de fato um empate técnico na enquete, decidimos em ter as duas opções, e aí conversamos com o prefeito municipal que foi sensível, baixou um decreto onde só será possível utilizar maisena, amido de milho ou spray, na Praça do Çairé, em outro local de Santarém, não será possível, só será admitido neste espaço. Portanto vai ter o carnaval cara-limpa ali na orla de Alter do Chão, na Praça 7 de Setembro e vai ter o carnaval com amido, maisena e spray lá na praça do Çairé, para atender o gosto de pessoas que gostam de brincar dessa forma. O que nós pedimos a Deus e à população, é que façamos um carnaval alegre, onde as famílias possam participar com segurança e acima de tudo, vamos fazer o que aconteceu ano passado, onde brincamos o carnaval sem nenhum incidente”, destacou Pixica.
O carnaval 2018 começou com tudo. No domingo (4) teve o primeiro grito de carnaval em Santarém através de uma levada do Trio Paulada que aconteceu da Praça Tiradentes até a Praça do Pescador. A concentração dos foliões aconteceu por volta de 17h.
No sábado (10), a programação acontecerá na Praça de Eventos, com o carnaval do povão, o carnaval da Libes. “Iniciaremos às 17h com o Curumim Folia que é um bloco do SESC, depois via ter o bloco da SEMTRAS e os blocos da Libes que vão percorrer aquele circuito acompanhado do trio Paulada e teremos a apresentação de várias bandas, dentre elas: Gui Estouradão e Banda 5ª Dimensão. Assim temos a certeza de que a população poderá se divertir, portanto nós iremos fazer um outro carnaval, igual o ano passado, que foi um sucesso, apesar da chuva, mas a população prestigiou e foi um carnaval com segurança e saudável”, finalizou o Secretário Municipal de Cultura.
Por: Alan Patrick
Fonte: RG 15/O Impacto