Secretário Municipal de Cultura diz que blocos têm que ser autossustentáveis
Pelo segundo ano consecutivo a
Associação Santarena das Agremiações Carnavalescas (ASAC), não
participará do carnaval oficial promovido pela Prefeitura Municipal de
Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (SEMC). De acordo
com a ASAC, a falta de estrutura para o local de desfile foi crucial
para a decisão.
O argumento é contestado veementemente
pelo titular da SEMC, Luís Alberto Pixica, ao expor que a verdadeira
motivação seria a falta de repasse de verbas públicas para os blocos.
“No ano passado as agremiações que fazem
parte da ASAC não participaram do carnaval oficial e este ano também
não participarão. A ASAC é uma instituição carnavalesca pioneira nessa
cidade, é uma instituição que eu tenho um grande respeito, mas desde que
o prefeito Nélio Aguiar assumiu a prefeitura de Santarém, a ASAC, não
quer participar. Na verdade, a gente lamenta a ausência da ASAC, uma vez
que compõe os blocos de enredo e esses blocos podem sim participar. A
alegação maior do porquê não participaram ano passado e também este ano,
é de que a estrutura oferecida pela prefeitura, ou seja, o local onde
poderiam se apresentar não é adequada. Eu acho que é um ledo engano. A
praça de eventos é um espeço muito bom. O que acontece é que não podemos
mais admitir e inclusive a lei proíbe, os subsídios para os blocos que
havia em Santarém anteriormente. Esse dinheiro público dado para os
blocos, não pode mais acontecer, até por que eu acho que nós temos
condições de fazer carnaval desde março. Os blocos têm que se
organizarem já a partir de março, fazendo suas promoções para que possam
ser autossustentáveis. A prefeitura não pode ser a vaca leiteira que
todo mundo quer tirar uma casquinha, portanto, eu não concordo com essa
prática e não vou admitir enquanto for secretário de cultura, essa
prática irregular, ilegal que era justamente o financiamento de blocos
nessa cidade. É um argumento que não tem base. Acredito que se os blocos
de enredo, tivessem preparados realmente, tivessem trabalhado durante o
ano para que se apresentassem, logicamente nós teríamos dado todo apoio
com arquibancada e tudo mais que eles precisassem. O que não pode ser
talvez até por uma questão de não trabalharem esse evento, e chegam
agora dizendo que a prefeitura não deu a estrutura devida, assim é muito
fácil, na verdade eles não se organizaram e inclusive eu desafio
qualquer bloco da ASAC, eles vão desfilar nos bairros, mas será ao
estilo dos blocos de empolgação com trio elétrico, isso não é bloco de
enredo. Fazer carnaval como estamos fazendo, eles poderiam participar
também. Enquanto eu for secretário de cultura vou zelar e assumir sempre
a responsabilidade com o dinheiro público e não vou admitir certas
situações que são impostas”, disse Pixica ao jornalista Osvaldo de
Andrade, em entrevista à TV Impacto (www.oimpacto.com.br).
Neste aspecto, os representantes da
ASAC, afirmam que a ausência dos blocos de enredo não é motivada pela
falta desse apoio financeiro e asseguram com todas as letras que a ajuda
que antigamente era dada aos blocos e para o carnaval era
insignificante e que não representam aquilo que os blocos gastam para
colocar as suas alegorias e seus blocos no carnaval. Ressaltam que só
não participam pelo fato de não ter arquibancadas. Ressaltam que
acreditam que no carnaval de enredo, o público gosta de assistir, ou
seja, para aquele povo que não brinca o carnaval, e sim gosta de ver o
carnaval.
Tal situação também é contestada por
Luís Alberto Pixica, que explica o seu ponto de vista: “Posso afirmar
com toda certeza que não temos público em Santarém para o carnaval de
enredo e de empolgação. O povo que vai ao carnaval em Santarém vai para
se divertir, ou seja, vai para brincar o carnaval como foi visto ano
passado, mais de 25 mil pessoas estiveram na Praça de Eventos brincando o
carnaval, no sábado e na terça-feira e isso, diga-se de passagem, com
os blocos da Libes, sem a presença da ASAC como vai acontecer esse ano
novamente. Portanto, eu tenho a dizer é que o carnaval é para o povo e
não para blocos”, disse o secretário municipal de cultura.
Outra situação comentada pelo titular da
SEMC, foi em relação ao carnaval em Alter do Chão, no que se refere ao
mela-mela, onde os brincantes utilizam amido de milho ou trigo.
“Em Alter do Chão também houve uma
polêmica muito grande, a partir de comentários como: – vai acabar o
carnaval com o fim do mela-mela e do amido. Mas parece que houve um
recuo. Está prática de jogar trigo nos outros, é uma prática que se deu
de um tempo para cá, não é cultura de Alter do Chão, não é cultural essa
prática. Portanto, eu pessoa física, sou contra essa situação, tanto
que ano passado eu já tentei evitar esse estrago de trigo, de alimento e
está agressão que algumas pessoas sofrem em Alter do Chão, por conta de
outras que nem conhecem e são atingidos. Eu acho no mínimo uma
incoerência, nós estarmos em fevereiro se jogando trigo uns nos outros
lá em Alter do Chão, e quando chega o mês de março, que é o aniversário
da Vila, estamos pedindo trigo para fazer o bolo, então não consigo
entender. Essa decisão foi determinada após uma enquete feita que deu
52% de pessoas que participaram da enquete dizendo que não queriam amido
de milho, contra 48% diziam que queriam. Portanto a decisão de um
gestor público, no caso eu Luís Alberto Pixica, que decidiu que nós
precisamos agradar a maioria da população. Se houve de fato um empate
técnico na enquete, decidimos em ter as duas opções, e aí conversamos
com o prefeito municipal que foi sensível, baixou um decreto onde só
será possível utilizar maisena, amido de milho ou spray, na Praça do
Çairé, em outro local de Santarém, não será possível, só será admitido
neste espaço. Portanto vai ter o carnaval cara-limpa ali na orla de
Alter do Chão, na Praça 7 de Setembro e vai ter o carnaval com amido,
maisena e spray lá na praça do Çairé, para atender o gosto de pessoas
que gostam de brincar dessa forma. O que nós pedimos a Deus e à
população, é que façamos um carnaval alegre, onde as famílias possam
participar com segurança e acima de tudo, vamos fazer o que aconteceu
ano passado, onde brincamos o carnaval sem nenhum incidente”, destacou
Pixica.
O carnaval 2018 começou com tudo. No
domingo (4) teve o primeiro grito de carnaval em Santarém através de uma
levada do Trio Paulada que aconteceu da Praça Tiradentes até a Praça do
Pescador. A concentração dos foliões aconteceu por volta de 17h.
No sábado (10), a programação acontecerá
na Praça de Eventos, com o carnaval do povão, o carnaval da Libes.
“Iniciaremos às 17h com o Curumim Folia que é um bloco do SESC, depois
via ter o bloco da SEMTRAS e os blocos da Libes que vão percorrer aquele
circuito acompanhado do trio Paulada e teremos a apresentação de várias
bandas, dentre elas: Gui Estouradão e Banda 5ª Dimensão. Assim temos a
certeza de que a população poderá se divertir, portanto nós iremos fazer
um outro carnaval, igual o ano passado, que foi um sucesso, apesar da
chuva, mas a população prestigiou e foi um carnaval com segurança e
saudável”, finalizou o Secretário Municipal de Cultura.
Por: Alan Patrick
Fonte: RG 15/O Impacto