
Dejetos oriundos da tubulação de esgoto rompida invadem residências
As controversas e polêmicas em relação à
Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Mapiri voltam à tona. Desta
vez em cenas dramáticas, inclusive, colocando em perigo a vida dos
moradores. Em diversas matérias anteriores, O Impacto alertou as
autoridades sobre a precariedade do funcionamento do equipamento
público. Infelizmente, com a andar da carruagem, os santarenos ainda
terão pela frente muito sofrimento.
Há pelo menos 15 dias, os moradores da
Rua 3 Junho, no bairro do Caranazal, sem amparo da Companhia de
Saneamento do Pará (Cosanpa), estão padecendo com o forte odor
proveniente dos dejetos que tomaram conta da via. Segundo os moradores, a
tubulação coletora do esgoto se rompeu devido à grande quantidade de
dejetos, proveniente no residencial Salvação. Para eles, a ETE Mapiri
não está suportando a demanda, fazendo que o acúmulo de material se
tornem uma verdadeira ‘bomba de fezes’, prejudicando a saúde,
especialmente de crianças e idosos.
Sem solução por parte da Cosanpa, alguns
moradores cansados de esperar pela resolução do problema deram um
jeitinho e fecharam o vazamento, porém, consequentemente aconteceu outro
rompimento, em outro local. Nossa reportagem esteve no local, e
deparou-se com uma verdadeira calamidade pública. Uma das residências,
teve parte do terreno invadida pelos dejetos.
A proprietária da residência, Jussara,
relatou que a situação piora no período da noite, quando as pessoas
voltam do trabalho e começam a utilizar o banheiro e seu aparelhos
sanitários. “É nessa hora que a água que encontramos calma, em
determinada hora da noite começa a borbulhar, é nessa hora que fedentina
toma conta do local”.
Diante do cenário dantesco, os moradores
já não sabem a quem apelar. As crianças são exposta ao perigo constante
de contaminação, e o mais grave, não somente na via de acesso às suas
residências, mas dentro das próprias moradias.
“É horrível. A gente não aguenta mais,
eu tenho um bebezinho, o meu sobrinho acabou de sair do Pronto Socorro
Municipal, não tem nem 24 dias que ele saiu, quando ele chegou aqui ao
invés de receber uma coisa boa ao sair do hospital, ele tem de estar
cheirando essa porcaria aqui na frente de casa. A dificuldade é muito
grande. Não conseguimos comer nem beber água direito com a presença
desse fedor forte. Tem vizinho que chegou aqui há pouco tempo e quer
mandar na rua. Ele mandou fechar o buraco lá e quem saiu prejudicado
fomos nós. Somos obrigados a ficar sentindo esse odor, as crianças não
podem brincar na rua porque se pegar nessa lama ficam cheias de
‘perebas’, não dá para suportar. Aproveito a oportunidade para fazer um
apelo às autoridades para virem dar um jeito aqui nessa rua, porque não
passa carro. Minha filha passou mal uma vez e a ambulância não entrou, a
ambulância teve de buscar ela na esquina. Minha filha estava toda roxa,
correndo risco de morrer, por causa da imundice dessa rua. Quando entra
caminhão estoura cano, no final quem fica prejudicado é nós. Somos
obrigados a beber água com ferrugem, vem com um odor horrível,
provocando dor de barriga, meu filho principalmente, que é sensível, não
pode beber água senão fica com dor de barriga. A pior hora é a partir
das 17 horas, podem vir aqui de noite. Ontem à tarde estava horrível, é
insuportável ficar em frente de casa. No sábado e domingo é pior ainda, a
minha filha ao passar pela rua caiu na lama e ficou podre com o fedor
de fezes. Minha mãe já é uma pessoa de idade e não consegue nem vir aqui
na frente de casa. Pedimos a atenção das autoridades, para pelo menos
vir olhar, porque é só o que eles fazem, quando chega o tempo das
eleições, todo tipo de candidato vem por aqui, mas resolver que é bom,
ninguém resolve, só servem para pedir voto, porque a rua continua a
mesma coisa de sempre. Já vieram vários deputados dizendo que iam
melhorar a rua. Tem um volume de água empossada debaixo do assoalho da
minha casa, por conta das chuvas, quando chove não tem para onde correr,
mas essa água costumava ser transparente, desde que o momento em que
estourou o cano ela ficou dessa cor suja e com esse fedor de esgoto. A
noite existe uma grande dificuldade para se dormir por conta do enorme
fedor”, desabafa a dona de casa Jussara.
FEDOR: Desde que a ETE
Mapiri começou a funcionar, os moradores do bairro Mapiri, denunciam o
forte odor proveniente do equipamento público. O que deveria ser uma
solução para a cidade, virou dor de cabeça para os moradores vizinhos da
estação. O fedor proveniente da ETE é tão grande, que chega a causar
náuseas nas pessoas. Os moradores denunciam que o mau cheiro aumenta no
período da noite.
“A gente já não aguenta mais essa
situação, o governo tem de fazer alguma coisa. Quando estamos em casa,
para tentar amenizar a situação, temos de fechar todas as portas e
janelas. Além dessa fedentina, é muito comum sair uma espuma lá de
dentro onde fica o esgoto, e o vento traz para nossas casas. Nós ficamos
preocupados, pois se essa espuma é de esgoto, com certeza deve fazer
mal para saúde. As crianças estão correndo perigo, pois quando estão
brincando elas gostam de pegar na espuma”, denuncia Gabriele Santos.
Os moradores pedem uma solução urgente,
pois para eles trata-se de um caso de saúde pública. Outros questionam
se realmente a estação está tratando devidamente o esgoto que recebe,
antes de ser despejado nas águas do Rio Tapajós. A operação do sistema é
de responsabilidade da Cosanpa, porém, os moradores relatam dificuldade
em contar com a empresa. “Sinceramente estamos em maus lençóis. Todos
sabemos que a Cosanpa não dá conta nem do fornecimento de água, imagina
sobre a questão do esgoto”, diz um morador.
Os moradores acreditam que a situação
deverá piorar. Para eles, a ETE não está dando conta do esgoto
proveniente do Residencial Salvação, imagina com a conclusão das novas
ligações que estão sendo realizadas nas residências da área central. O
serviço começou em março,
PROPOSTA DE AMPLIAÇÃO: No
mês de maio, o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura
(Seminfra), Daniel Simões esteve em Belém, representando a Prefeitura de
Santarém em uma reunião que contou a participação do presidente da
Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), Cláudio Conde; do engenheiro
civil da Caixa Econômica Federal, Marcelo Santos e da equipe técnica da
concessionária. O encontro tratou sobre a ampliação da Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE) do Mapiri.
Na ocasião, Simões apresentou os
benefícios para a população das obras do Programa de Aceleração de
Crescimento II (PAC). “Serão 25 mil pessoas beneficiadas com as ligações
de rede de esgotamento sanitário, que fazem parte do Programa
Saneamento Integrado. Serão 4.398 ligações domiciliares nos bairros
Aldeia, Centro, Santa Clara, Aparecida e Santíssimo. A empresa
responsável já executou cerca de 10% das ligações. Essa obra é de grande
importância para a cidade. Significa um grande salto para o
desenvolvimento da infraestrutura local, além de proteger o meio
ambiente e proporcionar a melhoria na qualidade de vida da população.
Vamos ter um sistema de tratamento de esgoto e com isso uma cidade mais
limpa”, enfatizou.
Durante a reunião foram apresentados os
objetivos das obras, além do cronograma de execução. A previsão é que no
mês de dezembro a empresa Carmona Cabrera – responsável pela obra –
finalize as ligações e a construção da Estação Elevatória de Esgoto, que
está localizada na Assis de Vasconcelos.
O presidente da Cosanpa aprovou o projeto de ampliação da ETE e em breve a empresa vai iniciar os serviços na obra no Município.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto