
No período de 20 a 24 de setembro,
os holofotes estarão voltados para o caribe brasileiro, a Vila Balneária
de Alter do Chão em Santarém, com a realização da Festa do Çairé e o
Festival dos Botos 2018. A Prefeitura de Santarém, por meio da
Secretaria Municipal de Turismo (Semtur). dará início a uma série sobre o
Çairé 2018 para disseminar informações aos visitantes e turistas, com
curiosidades sobre essa grande manifestação religiosa e cultural do povo
Borari.
Para a esta primeira matéria,
conversamos com o Coordenador Cultural da Festa do Çairé deste ano,
Osmar Vieira, que muito animado nos informou que a motivação do Evento
em 2018 é o resgate de elementos do rito religioso que foram se perdendo
ao longo dos tempos e que serão reincorporados na programação deste
ano. “Este ano, a nossa missão é buscar ainda mais a essência do Çairé e
vamos fazer um resgate de importantes elementos da nossa tradição que
já não eram mais realizados”, destacou.
Dentre os momentos de resgate que serão
incorporados na programação do Çairé 2018 será a “busca nas casas”, que
acontecerá nas primeiras horas da manhã da quinta-feira (20/09), onde o
Juiz, a Juíza, a Sairaipora, o Procurador e a Procuradeira sairão de
casa em casa para chamar as pessoas, para uma procissão, que será
acompanhada com toque de caixa, para o local de abertura do Evento, este
momento foi realizado até meados de 1999.
De acordo com o Coordenador, serão
montadas duas casas ao lado do Barracão do Çairé, uma para o Juiz e
outra para a Juíza, que ficarão durante toda a festa para recepcionar os
visitantes e turistas. “Lá, vai ter o Juiz e a Juíza, onde eles irão
acolher as pessoas. A casa dos Juízes era onde acolhiam os foliões, os
mordomos, o Procurador, a Procuradeira, lá sempre tinha um café para
oferecer aos visitantes. Era um local para saber como está a festa, se
está faltando alguma coisa, se tiver que conversar de algo que está
errado na festa, era lá que iam conversar e esse ano vamos resgatar
esses locais”, informou.
Outro elemento que será resgatado será o
talco na cabeça do Juiz e da Juíza, no dia da “levantação” do mastro e
no dia da “derrubação”. Esse momento será para demonstrar o poder que os
Juízes têm na Festa do Çairé, que estão iluminados pelo Espirito Santo,
destacando a autoridade e que estão prontos para assumir a Festa, rito
que não se sabe a data de realização, mas que foi passado de geração em
geração, mas que acontece na festa da Santíssima Trindade.
Uma das preocupações a partir deste ano
será a de direcionar a pombinha do Espírito Santo para o rio. Essa
simbologia representa a vida, pois para o povo Borari a água é sinal de
vida em abundância e a tradição e o rito pedem que seja assim. Serão
resgatadas, também, as figuras da “Moça do Tamborim” e o “Sargento”,
personagens que faziam parte da Corte. A coordenação pretende resgatar,
ainda, a Coroa do Divino Espírito Santo em ouro ou prata, como manda a
tradição.
A Coordenação está em planejamento para
marcar os locais importantes, para identificar lugares onde já foram
realizados o Çairé, como o Posto Médico, onde já foi construído o
Barracão; na Igreja Nossa Senhora da Saúde, onde se rezavam as
Ladainhas; na Praça 7 de Setembro, onde fora construído o segundo
Barracão, dentre outros.
Antecedendo a Festa, serão realizadas
oficinas de varinhas do Çairé e ornamentação do barracão, ministradas
pelos mordomos, que serão abertas para quem se interessar em participar
do aprendizado. As oficinas acontecerão na casa da comunitária Maria
Benvinda, na rua Pedro Teixeira, por trás do cemitério, com data a ser
definida, mas que acontecerá no final de agosto. Final de agosto também
iniciará os ensaios da Ladainha e da Folia. Durante o evento acontecerão
homenagens às pessoas que não têm mais possibilidade de participar dos
festejos por algum tipo de problema, além de rodas de conversas para
repasse de informações sobre a história do Çairé.
Fonte: RG 15/O Impacto e Agência Santarém