segunda-feira, 29 de abril de 2019

Ivaldo Fonseca, o mais completo narrador esportivo de Santarém

Segundo o profissional, sua trajetória começou como locutor de serviço de propaganda volante
Narrador está há 28 anos à frente do programa “Rolando a Bola”, da Rádio Rural
O narrador esportivo Ivaldo Fonseca esteve no estúdio do Jornal O Impacto, ocasião em que contou um pouco de sua história no rádio, onde tem uma carreira brilhante e está atuando nessa área desde os 20 anos de idade.
“Desde os 15/16 anos eu escutava a Rádio Rural. Escutava Osvaldo de Andrade, Oti Santos e outros, mirando sempre que um dia eu iria trabalhar na Rádio Rural como narrador de futebol, pois era um sonho antigo ser narrador de futebol, pois desde criança, aos 8/9 anos de idade, eu escutava as rádios de fora, comecei a ouvir a Rádio Globo, Rádio Tupi do Rio de Janeiro, Rádio Nacional, que tiveram uma grande penetração nesse tempo e é por isso que tem muitos torcedores dos clubes do Rio de Janeiro aqui nessa região. Eu comecei com 20 anos, estavam precisando de um locutor no serviço de propaganda do Geraldo Bandeira, ali no Mercado Municipal, e entre 20 concorrentes eu fui contemplado; era só uma vaga e eu consegui, trabalhei um mês de carteira assinada. Quando o Geraldo viu que não tinha mais condições de pagar, me falou: ´Tu tens potencial para ir para o rádio em Santarém e eu vou mandar uma carta de recomendação, uma carta te indicando para alguns amigos meus`. Ele mandou para o Armando Fonseca na Rádio Clube, para o Jota Parente na Rádio Tropical e para Sinval Ferreira na Rádio Rural. O único que me atendeu foi o Sinval. Eu fui lá com o Armando Fonseca e ele disse que o serviço de propaganda era muito diferente de rádio, eu nem cheguei a fazer teste. O Jota Parente, na época a Rádio Tropical estava aparecendo e ele tinha muita gente fazendo teste, e disse: ´Olha, infelizmente não vai dar`. Ele preferiu na época o Chico Souza, Marco Luiz e outros. Depois ele falou que foi um dos grandes vacilos dele no rádio, de não ter me colocado para fazer um teste. Depois ele disse: ´Agora, eu quero comentar um jogo com você, porque você virou um grande narrador e eu quero um dia comentar`. Nós estivemos juntos aqui na Rádio Rural, trabalhou um tempo e comentou jogos ao meu lado. Então, eu fui com o Sinval Ferreira, o único que me atendeu, pois naquela época a Rádio Rural  estava perdendo seus grandes nomes, Osvaldo de Andrade estava saindo, o Bena Santana estava de saída, o Ednaldo Mota, o próprio Natalino Souza. O Osvaldo fez teste comigo, só que o Manoel Dutra quando ouviu a minha voz queria me colocar no jornalismo. Eu disse o meu sonho era trabalhar no esporte, aí o Sinval pediu para eu fazer teste, aprovou e mandou eu estagiar com o Luiz Carlos Botelho, que na época era o nosso coordenador de esporte. O Luiz Carlos Botelho virou um grande amigo meu, é um grande comentarista o “Tio Lá-Lá”. Fizemos uma grande dupla lá, ele era o coordenador de esporte e eu estagiei cerca de 1 mês com ele, ou seja, comecei em junho e no dia primeiro de agosto de 85 o Eduardo dos Anjos, que era gerente da Rádio, assinou minha carteira e foi o primeiro e único emprego até agora. Vou fazer 34 anos de Rádio Rural”, disse Ivaldo Fonseca.
COMEÇO COMO NARRADOR DE FUTEBOL DE SALÃO: Ivaldo Fonseca falou que depois que trabalhou no serviço de propaganda com o saudoso Geraldo Bandeira, passou a exercer a carreira como narrador esportivo, como ponta de gol.
“Todo narrador parece que começa como ponta de gol. Eu comecei a fazer ponta de gol em jogos no antigo estádio Elinaldo Barbosa, depois virei repórter do São Francisco pelo período de 20 anos fazendo cobertura até dos treinamentos, mas. Nessa época, já com dois anos de Rádio Rural, eu virei narrador de um jogo de futebol de salão. Foi assim, para eu virar narrador da rádio, tinha um jogo de futebol de salão que teve um problema e não deu para nenhum narrador na época comparecer e perguntaram: ´Ivaldo, tu garante fazer o futebol de salão lá no Atlético Cearense?`. Eu disse: ´Posso tentar`. Mas, eu sabia que eu ia dar conta, porque eu treinava muito em casa, transmissão de esporte, meu sonho era virar narrador e toda noite eu ficava fazendo aquelas narrações e, na hora eu dei conta de fazer o futebol de salão. Aí eles disseram: ´Você narrava jogo e não disse nada`. Eu estava com 1 ano e meio fazendo reportagem, e foi aí que eu comecei a narrar futebol de salão no Atlético Cearense”, informou.
FOI ENTREVISTADO PELA REDE GLOBO: Já são 34 anos trabalhando diretamente nessa profissão, inclusive Ivaldo já é formado em jornalismo, e continua seguindo nesse rumo e acreditando que vai chegar mais longe: “O rádio é uma paixão. Eu fiz agora o curso de Jornalismo e vejo que essa turma nova só quer saber de televisão. Lá na faculdade mesmo aproveitava alguns momentos que me chamavam para eu contar a minha experiência no rádio para os colegas e eu procurava incentivar, dizendo que eles tinham de ir primeiro para o rádio, porque a pessoa fazendo rádio pode fazer qualquer coisa na comunicação. Graças a Deus que tenho um respeito muito grande da torcida do São Raimundo, pois eu fiquei na Rádio Rural durante 28 anos fazendo o programa “Rolando a Bola”, pela parte da manhã. É claro que alguns torcedores ficavam dizendo: ´Você só fala do Flamengo e do São Francisco em seu programa`. Mas todo mundo escutava e eu procurava sempre trazer as informações de maneira isenta, procurando separar as coisas e principalmente quando eu transmitia um clássico Ray x Fran por exemplo, eu procurava gritar os mesmos minutos dos gols do São Francisco e do São Raimundo, era a mesma vibração; a própria torcida do São Raimundo diz sempre: ´Poxa, eu sei que você é São Francisco, mas você narra muito bem o gol quando você está trabalhando. Eu sei que você é um profissional e narra direitinho`. Fiquei marcado também, porque eu narrei o gol do título do São Raimundo e eles sempre colocam: ´Você realmente mostrou seu profissionalismo, narrou com vibração`. Isso aí valeu até uma entrevista minha, em 2009, para o Sport TV, que fez uma reportagem aqui da região falando sobre a conquista do São Raimundo, foram lá me entrevistar, como narrador da Rádio Rural, pegaram a minha narração e colocaram na entrevista do Sport TV. Um negócio bem legal e foi o São Raimundo que me proporcionou isso, meu nome sendo destacado no Sport TV e eu tenho um respeito muito grande pela torcida e pelo clube do São Raimundo, mas nunca escondi que eu sou torcedor do São Francisco e também nunca escondi que sou flamenguista. Esse ano foi muito ruim para o São Francisco e o São Raimundo, os dois sendo rebaixados, principalmente o São Francisco que tinha voltado da segunda divisão e agora voltou novamente para disputar em 2020 a segunda divisão. Eu fiquei sabendo da situação dos jogadores que ainda não receberam porque o clube não teve renda; aqui ninguém foi para o estádio mais, o São Francisco foi o nono em arrecadação nesse campeonato; o São Raimundo chegou em quinto. Nos primeiros jogos ainda dava 3 mil torcedores, depois foi caindo, foi muito ruim para os dois times”, disse o narrador esportivo.
NATURAL DE CACHOEIRA DO ARUÃ: O profissional do esporte falou de sua origem, de sua família, de origem interiorana, lá do Arapiuns: “Minha família é de Cachoeira do Aruã. Hoje tem uma pousada lá. Quando meu pai faleceu, minha irmã foi pra lá e tomou conta do lugar, fez uma pousada que todo final de semana recebe turistas que vão pela estrada e de barco. É um pouco longe, de barco são 9 horas de viagem e de lancha 5 horas para chegar na Cachoeira do Aruã, mas, é um lugar muito bonito. O Rio Arapinus realmente é um lugar muito bonito. Os narradores esportivos aqui de Santarém são praticamente todos vindos do interior. Quando comecei, eu gostava muito do José Carlos Araújo, também escutei Jorge Cury, Valdir Amaral; peguei alguma coisa do Cláudio Guimarães, que para mim é melhor narrador de Belém, da Rádio Clube e, aqui em Santarém, o Osvaldo de Andrade e Oti Santos, que eram dois que eu gostava mais de escutar quando era mais novo. A gente sempre está abrindo as portas aqui, caso apareça algum talento que gosta de futebol. É assim, você tem de gostar do rádio. Falo sempre do programa “Rolando a Bola” que eu fazia de manhã, mesmo com chuva forte eu  tinha de chegar de qualquer jeito para às 6:30 horas da manhã trazer as informações, pois eu sabia que o pessoal estava escutando. Não é como você trabalhar no comércio, quando chove você liga para alguém: ´Olha, abre a loja, faz a cobertura para mim aí, que eu chego mais tarde`. No rádio não, você tem de ir, você tem de chegar lá para fazer o programa, pois o ouvinte está me esperando. Eu tenho muito respeito pelo ouvinte da Rádio Rural, que gosta muito de futebol. A Rádio Rural, apesar de todas as dificuldades, está mantendo a nossa equipe, que sempre é a mais ouvida da cidade, porque tem várias pessoas experientes. Nossa equipe ainda tem várias pessoas conhecidas e que continuam um trabalho muito bom no esporte. A Rádio Rural já começou a se programar para fazer a transmissão do Campeonato Brasileiro da Série D, porque o São Raimundo foi o primeiro campão da Série D, em 2009. Vamos ver se esse ano o time faz mais uma grande apresentação, com um bom plantel, que não seja só decepção como foi no Campeonato Paraense”, finalizou Ivaldo Fonseca.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto