segunda-feira, 16 de setembro de 2019

MP investiga possível participação do maior desmatador da Amazônia junto a grupos de incendiários do “Dia do Fogo”

De acordo com o Procurador da República Paulo de Tarso Moreira Oliveira, o dia do fogo faz parte de uma tática de grileiros para ganharem mais terras, de forma ilegal e predatória, que trabalham de forma sistemática e organizada.
“O trabalho deles é feito por vários grupos de criminosos. Têm gente encarregada de desmatar, outros de vender a madeira de lei, os incendiários, que se encarregam de queimar o que restou e semear o pasto. E depois entra outro grupo, encarregado de encontrar laranjas que emprestam seus CPFs para assumir esses crimes. Esses laranjas são transformados em (posseiros), eles alugam seus nomes para a produção de documentação falsa, e até para assumir as multas do IBAMA. Dentro da quadrilha tem também o setor imobiliário, que se encarrega de oferecer essas áreas a preços irrisórios principalmente no sul do país. O (modus operandi) é basicamente este – invasão de terras públicas, apostando que em algum momento o estado brasileiro vai ceder a pressão do grupo e terminar liberando essas áreas. Com a liberação, isso acaba valendo uma fortuna”, afirma Paulo de Tarso.
De acordo com o procurador, o “dia do fogo” teve como organizadores uma quadrilha que atua na Floresta Nacional do Jamanxim, atuando na região por muitos anos. Segundo ele, a quadrilha chegou a ser presa em 2014, durante uma operação conjunta Polícia Federal, Ibama, Receita Federal e MPF. No entanto, todos conseguiram sair da cadeia e continuam desmatando e ameaçando fiscais e quem denuncia o esquema.
Possível maior desmatador livre
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), um dos presos em 2014 foi empresário Ezequiel Antônio Castanha, intitulado pelo Jornal Nacional como o “Maior Desmatador da Amazônia”.  Os crimes pelo qual ele é acusado podem somar até 54 anos de cadeia e multa de cerca de R$ 30 milhões, mas acabou ficando preso por apenas cerca de seis meses. Após isso, ele voltou a ser processado pelo MPF por três vezes após a denúncia relativa à Operação Castanheira.
Mais de um mês após o “Dia do Fogo”, nenhuma pessoa foi denunciada
O dia 10 de agosto de 2019 ficou marcado como o “dia do fogo”, quando um grupo formado por grileiros, garimpeiros, comerciantes e fazendeiros, convocado via rede social, teria provocado várias queimadas pelas florestas de Novo Progresso e Altamira. As queimadas ganharam repercussão nacional e internacional, mas até o momento ninguém foi denunciado pelas autoridades por tal crime.
No dia 10 de agosto, Novo Progresso teve 124 registros de focos de incêndio ativos, enquanto Altamira, entre os dias 9 a 11 de agosto, registrou 431 pontos de fogo na cidade. São Félix do Xingu, outra cidade próxima, teve 288 focos de incêndio nestes mesmos três dias.
Até o momento, os únicos presos neste período foram Silvanira Teixeira de Paula, Francisco das Neves Ferreira e Antônio dos Santos, que foram presos no Distrito de Castelo dos Sonhos, na margem da BR-163, acusados de invadir a Floresta Nacional do Jamanxin.


RG 15 / O Impacto