Movimentação estranha, barulho de máquinas e motosserras no igapó do Jacundá, localizado no distrito de Alter do Chão, em Santarém, logo na primeira semana deste ano, chamaram a atenção dos moradores locais. Um deles foi verificar o que estava acontecendo, no dia 7. Chegou ao local sozinho e recebeu ameaças. Pediu ajuda no grupo de Whatsapp do bairro e um membro da Associação AMOJAC foi ao local. Explicou ao trabalhador que ali era Área de Preservação Permanente, mas também foi ameaçado.

No sábado, 9, o homem contratado para desmatar a APP chegou ao local acompanhado de capanga e começaram os barulhos das máquinas. Alegaram estar a mando de pessoa influente, com ligações na política local e na emissora afiliada da Rede Globo de Santarém (conforme a Associação de Moradores, o terreno já foi embargado no passado, gerou processo e entrega de outro terreno como recompensa). Os moradores se mobilizaram, alertaram a administração distrital, o Conselho Comunitário e o agente da Secretaria de Meio Ambiente em Alter do Chão, que se limitaram ao tradicional "jogo de empurra de responsabilidade". O agente da SEMMA disse que não trabalha no fim de semana e que está com Covid-19. Moradores fizeram pressão via redes sociais, até que a Polícia Ambiental foi lá e constatou o crime.
A associação de bairro AMOJAC representou contra o desmatamento na área do lago, e os próprios moradores estão indo cedo fiscalizar, além das rondas da polícia ambiental. Está sendo investigado o mandante do crime ambiental. Eis um belo exemplo do quanto a comunidade pode fazer, em qualquer situação de ameaça aos seus direitos.
Postado por Franssinete Florenzano