quarta-feira, 8 de junho de 2022

Povos Hexkaryanas participam de capacitação visando a manutenção da “floresta em pé”

As oficinas em comunicação popular e geotecnologias fazem parte de uma série de capacitações financiadas pelo Fundo Lira
Foto: Ascom Coopaflora

Possibilitar o conhecimento técnico visando assegurar a sustentabilidade socioambiental para preservação e conservação das riquezas naturais, este é o objetivo do projeto “Fortalecendo a Governança para Manutenção da Floresta em Pé”, desenvolvido pela Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora) que teve início na última quinta-feira (26) com capacitações em comunicação popular, com técnicas de fotografia, roteiro e produção de vídeos usando o dispositivo móvel e geotecnologia (cartografia básica e GPS) para os povos indígenas Hexkaryana.

Nesta primeira etapa 70 indígenas da Aldeia Kassawá, na Terra Indígena (TI) Nhamundá Mapuera participaram das capacitações. “Essa oficina que a Coopaflora juntamente com o Fundo Lira estão fazendo para nós é muito interessante porque nós somos potenciais produtores de castanha, eu vou completar 39 anos e meus pais, meus avós já trabalhavam com esses produtos, então a realização da oficina ajuda tanto na divulgação dos produtos aqui no nosso país e também lá fora como no mapeamento dos nossos castanhais que ficam muito distantes, tem muitas dificuldades e isso beneficia a nossa comunidade”, frisou o cacique geral dos Povos Hexkaryana, Zaqueu Feya.

Além da TI Nhamundá Mapuera as capacitações serão realizadas na TI Trombetas Mapuera, nas aldeias Mapuera e Kwanamary. Dentro do projeto serão adquiridos materiais e equipamentos para o fortalecimento institucional, apoio no monitoramento territorial e mapeamento dos produtos da sociobiodiversidade. “A gente enquanto cooperativa espera que o projeto possa apoiar no melhoramento da produção, comercialização. Dentro do projeto nós vamos conseguir comprar três computadores, um aparelho celular, cinco GPS e um drone que vão favorecer a proteção territorial evitando o contato com eventuais invasores”, enfatizou a presidente da Coopaflora Maria Daiana Figueiredo da Silva.

O Projeto “Fortalecendo a Governança para Manutenção da Floresta em Pé”, é uma realização da Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora) com financiamento do Projeto LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica, gerido pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas, apoiado por recursos do Fundo Amazônia – BNDES e Fundação Gordon e Betty Moore e tem parceria do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Conselho Geral dos Povos Hexkaryanas (CGPH), Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (IEPÉ) e Prefeitura de Nhamundá.

Sobre a Coopaflora

A Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora) surgiu em 07 de fevereiro de 2019 a partir da necessidade de organizar a comercialização de produtos da sociobiodiversidade não-madeireiros. Atualmente a Coopaflora possui 10 cooperados Hexkaryana do Alto Nhamundá (Amazonas), 09 cooperados Mapuera de Oriximiná (Pará), 01 cooperado na Aldeia Santidade de Oriximiná (Pará), 04 cooperados no PDS Paraíso assentados em Alenquer (Pará) e 22 cooperados quilombolas de Oriximiná (Pará), além dos 46 cooperados a Coopaflora fomenta a geração de renda para mais 800 famílias. Sobre a geração de renda, desde a sua fundação até o ano de 2021 a cooperativa já comercializou em média 5,5 toneladas de castanha e aproximadamente 15 toneladas de cumaru.




Sobre o Projeto LIRA

O Projeto LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica chama atenção para a relevância das Áreas Protegidas na conservação da Amazônia. As áreas protegidas são a base para o presente e garantem o futuro deste bioma, promovendo os ativos naturais do Brasil e a sabedoria ancestral dos povos da floresta. Para isso, a iniciativa idealizada pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, apoia organizações brasileiras locais que possam desenvolver trabalhos para a consolidação dessas áreas. As organizações foram selecionadas via edital e trabalham como uma rede, gerando benefícios para a Amazônia em cerca de 80 milhões de hectares da Amazônia, em 43 Terras Indígenas e 43 Unidades de Conservação de 5 estados – uma área que corresponde a 3 estados de São Paulo.

Com o projeto, é possível que as organizações realizem atividades importantes para a consolidação das Áreas Protegidas da Amazônia: o desenvolvimento de planos de gestão territorial e ambiental (PGTA) ou de manejo; a criação e implementação de mecanismos de governança; o uso sustentado dos recursos naturais; os sistemas de monitoramento e proteção; a integração com desenvolvimento regional; e a sustentabilidade financeira dessas áreas. Com ações complementares, o projeto busca ainda ampliar a geração de emprego nas localidades, melhorar a qualidade de vida da população e promover o desenvolvimento territorial aliado à conservação do meio ambiente. A iniciativa conta também com ações de capacitação (cursos, visitas técnicas e intercâmbios), de integração e de difusão de conhecimento e elaboração de um plano de promoção socioambiental para as regiões atendidas.


O LIRA é apoiado por recursos do Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, que são distribuídos pelo projeto às Organizações da Sociedade Civil. O projeto conta com metas, gestão e prestação de contas monitorados pelos financiadores e auditorias externas, garantindo a transparência do processo.
lira,ipe.org,br

Sobre o IPÊ

O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas é uma organização brasileira sem fins lucrativos que trabalha pela conservação da biodiversidade do país, por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis. Fundado em 1992, tem sede em Nazaré Paulista/SP, onde também fica o seu centro de educação, a ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade.

Presente nos biomas Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal e Cerrado, o Instituto realiza cerca de 30 projetos ao ano, aplicando o Modelo IPÊ de Conservação, que envolve pesquisa científica, educação ambiental, conservação de habitats, envolvimento comunitário, conservação da paisagem e apoio à construção de políticas públicas. Além de projetos locais, o Instituto também desenvolve trabalhos em diversas regiões, seguindo os temas Áreas Protegidas, Áreas Urbanas e Pesquisa & Desenvolvimento (Capital Natural e Biodiversidade).

Para o desenvolvimento dos projetos socioambientais, o IPÊ conta com parceiros de todos os setores e trabalha como articulador em frentes que promovem o engajamento e o fortalecimento mútuo entre organizações socioambientais, iniciativa privada e instituições governamentais.
www.ipe.org.br

Sobre o Fundo Amazônia

Gerido pelo BNDES, em coordenação com o Ministério do Meio Ambiente, o Fundo Amazônia é considerado o principal mecanismo internacional de pagamentos por resultados de REDD+ (redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal).

Até o final de 2019, o Fundo havia desembolsado R$ 1,17 bilhão, em mais de uma centena de projetos com órgãos públicos estaduais e federais, universidades, corpos de bombeiros florestais militares, e instituições da sociedade civil, contribuindo para a melhoria de vida da população da Amazônia e para conservação de seus recursos naturais.
fundoamazonia.gov.br

Sobre a Fundação Gordon e Betty Moore

A Fundação Gordon e Betty Moore é uma fundação sem fins lucrativos que busca criar resultados positivos para as gerações futuras. Em busca dessa visão, a fundação promove descobertas científicas inovadoras e conservação ambiental, incluindo um bioma amazônico funcional para a natureza e a sociedade.

Colaborou: jornalista Martha Costa
Divulgação Regional - BLOG DO COLARES