Penitenciária 2, a 150 km da capital paulista, é conhecida por receber presos de casos de grande comoção social. STJ decidiu que ele deve cumprir no Brasil pena definida pela justiça italiana por estupro coletivo em boate.
Por g1 Vale do Paraíba e Região
Robson de Souza, o Robinho, foi transferido para a Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de
São Paulo, na madrugada desta sexta-feira (22). O ex-jogador foi detido em Santos (SP), após a
Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir que ele cumpra a pena de 9 anos
pelo crime de estupro coletivo, a partir de condenação da justiça Italiana.
O crime contra uma mulher albanesa aconteceu em uma boate em Milão, em 2013. Nove anos
depois, a justiça do país europeu condenou Robinho em última instância. A decisão do STJ faz
com que o ex-jogador cumpra a pena no Brasil, em regime fechado.
Conhecida como P2 de Tremembé, a Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado costuma receber
presos de casos de grande comoção social para garantir a segurança e a privacidade dos internos
- (leia mais abaixo)
Robinho saiu de do Instituto Médico Legal de Santos por volta das 23h e chegou na P2 de madrugada, por volta da 1h. Um vídeo mostra o momento da chegada do ex-jogador na cadeia em um carro da Polícia Federal. (veja vídeo acima)
Os novos presos passam primeiro por um período de adaptação, em uma cela exclusiva, ficando
em isolamento por até 20 dias e tomando o banho de sol separado dos demais detentos. Após esse
período, Robinho deve ir para uma cela comum.
Robinho foi preso pela Polícia Federal por volta das 19h, nesta quinta-feira (21), no prédio em que
morava no bairro Aparecida, em Santos, no litoral de São Paulo. O pedido de prisão foi expedido
pela Justiça Federal de Santos, após os documentos da sentença serem homologados.
Depois, Robinho foi levado à sede da Polícia Federal. Posteriormente, ele foi submetido a uma audiência de custódia no fórum, passou pelo exame de corpo de delito no IML e foi encaminhado para a penitenciária.
A defesa de Robinho informou que vai entrar com recurso no STF pedindo que o caso seja
encaminhado ao plenário do tribunal ou turma e defendeu a possibilidade de prisão apenas
depois do trânsito em julgado, ou seja, quando não houver mais chances de recursos.
Robinho dentro do prédio da Polícia Federal em Santos (à esquerda) e carro da PF deixando
o prédio do ex-jogador — Foto: Fábio Pires/TV Tribuna e Daniela Rucio/TV Tribuna
P2 de Tremembé
Na P2 de Tremembé, cumprem penas detentos como Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos,
Lindemberg Alves e Gil Rugai. O local já recebeu também Mizael Bispo, que cumpriu pena
por matar Mércia Nakashima, e Edinho, filho de Pelé.
A P2 de Tremembé tem capacidade para 584 presos entre o regime semiaberto e fechado, mas
atualmente abriga 434. O local é dividido em dois pavilhões de regime fechado e um alojamento
para os presos do semiaberto.
Mesmo no regime fechado, os presos podem trabalhar na unidade. Dentro da P2 funcionam fábricas
de carteira e cadeiras escolares, fechaduras e de pastilhas desinfetantes para vaso sanitário,
por exemplo.
Os presos também têm acesso a cursos de teatro e oficinas, como leitura e origami, e uma biblioteca
equipada com mais de 7,5 mil títulos.
Nardoni, Rugai, Cravinhos e Lindemberg cumprem pena na P2 em Tremembé. — Foto: Reprodução
Polícia Federal prende Robinho em Santos
Decisão do STJ
O julgamento do pedido da Justiça Italiana pela Corte Especial do STJ começou por volta das
14h desta quarta-feira (20) e foi realizado remotamente. Os ministros do Superior Tribunal de
Justiça votaram em três quesitos: a condenação, o regime e a aplicação.
Em maioria, decidiram pela condenação a 9 anos por estupro coletivo, em regime fechado e com
homologação da decisão, ou seja, prisão imediata.
Os advogados de Robinho também ingressaram com um habeas corpus ao Supremo Tribunal
Federal (STF), na manhã desta quinta-feira (21), para impedir a prisão até que se encerrem as
possibilidades de recurso.
O ministro Luiz Fux foi sorteado relator do pedido e negou o pedido de liminar. No entanto, a
defesa de Robinho entrou com novo recurso, em que solicita análise pelo plenário ou um
colegiado com mais de um ministro.
Robinho dentro do prédio da Polícia Federal em Santos — Foto: Fábio Pires/TV Tribuna
Crime
O crime de violência sexual em grupo aconteceu em 2013, quando Robinho era um dos principais
jogadores do Milan, clube de Milão, na Itália. Nove anos após o caso, em 19 de janeiro de 2022,
a justiça daquele país o condenou em última instância a cumprir a pena estabelecida.
Robinho foi condenado após ter estuprado, junto com outros cinco homens, uma mulher albanesa
em uma boate em Milão. A vítima, inclusive, estava inconsciente devido ao grande consumo de
álcool. Os condenados alegam que a relação foi consensual.
Robinho deve cumprir pena de 9 anos por estupro. — Foto: PAUL ELLIS / AFP
Robinho é condenado a 9 anos de prisão pelo STJ
Pedido da Justiça italiana
Robinho vive no Brasil e a legislação nacional impede a extradição de brasileiros natos para
cumprimento de penas no exterior. Em novembro, o Ministério Público Federal (MPF) defendeu,
em manifestação ao STJ, que ele cumprisse a pena em solo brasileiro.
Em fevereiro, o governo do país europeu apresentou um pedido de homologação de sentença
estrangeira, que condenou o ex-jogador em novembro de 2017. O pedido foi encaminhado ao
Ministério da Justiça ao Superior Tribunal de Justiça.
No conteúdo do processo, a defesa de Robinho alegou que a homologação da sentença viola a
Constituição, já que a Carta Magna proíbe a extradição de brasileiro nato. Diante disso, para
os advogados de Robinho, ele não deveria cumprir uma pena estabelecida por outro estado.
Robinho foi transferido para a P2 de Tremembé; local é chamado de 'presídio dos famosos'.
— Foto: Foto 1: Reprodução | Foto 2: Laurene Santos/TV Vanguarda