segunda-feira, 10 de novembro de 2025

COP30 começa nesta segunda; saiba o que está em jogo e o que esperar da conferência sobre a crise do clima

Entenda os pontos-chave da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontece pela primeira vez na Amazônia, em Belém (PA).
Por Roberto Peixoto, g1

A 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30) começa nesta segunda-feira (10) em Belém (PA), a primeira realizada na Amazônia. Serão duas semanas decisivas para a ação global contra as mudanças climáticas.
Cerca de 50 mil pessoas — entre diplomatas, líderes, ativistas, cientistas e empresários — participam do encontro. A Cúpula de Líderes, que terminou na sexta (7), já indicou o tom político das negociações:
acelerar a transição energética,  ampliar o financiamento climático e proteger as florestas tropicais (entenda a cúpula em 10 pontos).

Agora, as atenções se voltam para as mesas de negociação, onde esses compromissos terão de sair do discurso e se transformar em planos concretos, com metas, prazos e recursos definidos. Mas o que é de fato a COP, qual a sua importância e o que será realmente discutido neste ano?

1) O que é a COP30?

A COP30 é 30ª conferência do clima da ONU, um evento que reúne governos do mundo inteiro, diplomatas, cientistas, membros da sociedade civil e diversas entidades privadas com o objetivo de debater e buscar soluções para a crise climática causada pelo homem.

A conferência vem sendo realizada anualmente desde 1995 (exceto em 2020, por causa da pandemia) e o termo COP é uma sigla em inglês que quer dizer "Conferência das Partes", uma referência às 197 nações que concordaram com um pacto ambiental da ONU no início da década de 1990.

O tratado, chamado de Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC), tem como principal objetivo estabilizar a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e, assim, combater a ameaça humana ao sistema climático da Terra, cada vez mais evidente nos últimos meses.

Nos últimos anos, por exemplo, o número de tornados registrados no Brasil vem aumentando.

Aliado a isso, segundo o observatório europeu Copernicus, outubro de 2025 foi o terceiro outubro mais quente já registrado no planeta, com uma temperatura média global de 15,14 °C — 0,7 °C acima da média de 1991 a 2020 e 1,55 °C acima do período pré-industrial.

Por causa desse recorde e de meses anteriores, 2025 deve encerrar entre os três anos mais quentes da história.



Pessoas posam para fotos em frente ao local da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), neste sábado (8), em Belém (PA). — Foto: AP Photo/Fernando Llano
2) O que deve ser discutido na COP30?

As discussões em Belém se concentram em três grandes eixos:
transição energética, adaptação climática e financiamento.
Na frente da transição energética, o Brasil pretende liderar a construção do chamado “mapa do caminho”, uma expressão usada para definir o roteiro político e técnico que vai estabelecer etapas, prazos e responsabilidades de cada país na substituição do petróleo, gás e carvão por fontes renováveis e eficiência energética.
ENTENDA: A transição energética é um dos grandes temas da COP30. Ela sintetiza um dos maiores desafios das próximas décadas: transformar a forma como o mundo produz e consome energia, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e ampliando o uso de fontes renováveis.
A meta é garantir que a transição seja justa, ordenada e equitativa, levando em conta as diferentes capacidades e responsabilidades das nações.
Essa será uma das principais frentes de trabalho da presidência brasileira, que quer transformar o acordo firmado em Dubai na COP28 em um plano com metas e mecanismos verificáveis, e não apenas um compromisso político.
“Estamos à beira de pontos de inflexão climáticos e da potencial perda da Amazônia, então, esta COP precisa, simplesmente, promover a mudança urgente necessária. Não há segunda chance e tudo começa com os líderes, que devem dar à COP30 um mandato claro para fechar a lacuna da ambição de 1,5°C", avalia Carolina Pasquali, diretora executiva do Greenpeace Brasil.
Outra discussão central é o Objetivo Global de Adaptação (GGA), um instrumento que pretende medir o quanto os países estão se preparando para os impactos do clima.
A proposta faz parte do Marco UAE–Belém para Resiliência Climática Global e é vista como essencial para avaliar quem está conseguindo se adaptar e quem ainda está ficando para trás.
O desafio, no entanto, é garantir recursos estáveis e previsíveis para que o sistema não se torne apenas um ritual simbólico.
"É fundamental que a ambição não se limite às ações de mitigação — ela também deve envolver a entrega efetiva de recursos", avalia Vaibhav Chaturvedi, pesquisador sênior do Council On Energy, Environment and Water (CEEW).
No campo das finanças, os países em desenvolvimento chegam a Belém com uma reivindicação clara: a crise climática não pode continuar sendo tratada como algo separado da economia global.
O desafio da conferência será dar conteúdo ao Roteiro de Baku a Belém, plano que busca mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, com juros baixos, mais doações e menos endividamento.

Esse ponto será decisivo para definir o sucesso da COP, já que sem financiamento em escala, metas de descarbonização e adaptação se tornam inviáveis.

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